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Os sambas de 2009 - Acesso A
Os sambas de 2009 - Acesso A



A GRAVAÇÃO DO CD
– Na primeira vez em que ouvi os sambas neste estilo de gravação, na hora pensei: enfim um disco de samba para sambistas. Em contrapartida à frieza do álbum do Grupo Especial, o CD do Acesso prima pela valorização da emoção, do calor da comunidade ao abraçar um samba-enredo. E, principalmente, por uma bateria de verdade aparecer no registro fonográfico. Nada de baterias sintetizadas, nada de artificialidade... Ivo Meirelles, ao assumir esse desafio, procurou realizar algo diferenciado com relação às últimas gravações de sambas-enredo. Há um quê de inspiração também no antológico disco do Especial de 1985, em que o coro se sobressai com relação à voz do intérprete. Por isso, Ivo resolveu dispensar um coral de profissionais e conclamou aos integrantes da bateria que cantassem o samba, dando mais ritmo de avenida no CD. Achei excelente a idéia, levando em consideração que nem sempre um coral experiente fornece a um samba-enredo a emoção que este pode proporcionar. Algo que o próprio pessoal das comunidades pode trazer ao bamba, com facilidade. Ainda que ocorra uma desafinação aqui, outra ali... mas a força que as obras ganharam com este coral fortíssimo e apaixonado compensa tudo. Até o ato (na minha opinião) falho dos integrantes da bateria entoarem pela primeira vez o refrão principal - o que dá uma impressão estranha - fica para trás. O coral ganha ainda mais valorização por cantar sozinho a meia passada da obra que encerra cada faixa (depois das duas completas), enquanto o intérprete faz apenas cacos, formalizando outra inovação no disco. E as baterias no CD dispensam comentários, evidenciando a força de cada samba, mostrando as características de cada escola e, principalmente, acrescentando muito mais qualidade em obras consideradas medianas para fracas. O único grande pecado do álbum é a exclusão de alguns gritos de guerra dos intérpretes, como o de Leonardo Bessa (o "tá bom a Bessa" aparece escondidinho no fim da faixa). Sobre a safra do Acesso, é bem mediana, com obras funcionais se sobressaindo por todo o álbum. O samba da Renascer de Jacarepaguá é o destaque absoluto do ano, ao lado da reedição da Império da Tijuca. Também faço menção honrosa às obras de Inocentes de Belford Roxo e Paraíso do Tuiuti. Em termos fonográficos, a novata LESGA começa com o pé direito. NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,5 (Marco Maciel).

Muito boa a gravação. Não é tudo isso que tão dizendo, mas é muito boa. Alguns instrumentos estão quase inaudíveis, principalmente os de corda, e a voz dos intérpretes deveria ser mais valorizada. A idéia de começar o refrão cantado apenas pelo coral não foi muito boa, já que em algumas faixas (principalmente a Rocinha) está muito tosco. A intenção de deixar os sambas os mais reais possíveis foi muito boa, porém às vezes ela não é bem realizada. Em relação à safra, é inferior aos últimos anos e também é inferior ao do Grupo Especial (pasmem!). Os melhores sambas são do Império, São Clemente e Tuiuti. São Clemente, Império da Tijuca, Rocinha e Renascer melhoraram seus sambas. Tuiuti e Santa Cruz estão no mesmo nível. No caso da Santa Cruz, se o samba estivesse igual à versão dos compositores, estaria bem melhor que o do ano passado. Estácio, Inocentes, União da Ilha e Caprichosos pioraram seus sambas. Pelo menos, nesse começo de trajetória, a LESGA está fazendo muito bem ao Grupo A.
NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,6 (Vitor Pedrassi).

Sem dúvida alguma foi uma grande e bem vinda ousadia do produtor Ivo Meirelles. O clima que a gravação consegue passar é claramente da efervescencia do carnaval, do coro desencontrado da avenida, da emoção em cantar o hino da sua escola. As baterias estão muito audíveis e é fácil perceber as características de cada uma bem como seus instrumentos. Apenas algumas mudanças poderiam ser feitas. A minha maior sugestão é abrir com o hino da escola, como faz a gravação da União da Ilha sem o início com o coro gritando o nome da escola, já que é completamente desnecessário. No geral, uma ótima safra com uma ousada e inteligente gravação, resultando no melhor CD do Acesso em anos... 
NOTA DA GRAVAÇÃO: 9,6 (Gustavo Pereira).

1 - SÃO CLEMENTE
- "Meu beijo moleque não é brincadeira". É um samba totalmente animado, pra cima, mas que possui bela melodia, sendo esta também bastante valente e inspirada em alguns trechos. Os dois refrões são fortes, e as duas partes são similares em termos de qualidade, com boas variações. Em termos de poesia, o trecho "Tira a máscara e revela/Veja que é preta e amarela/as cores de um grande amor" acabou sendo prejudicado pela desnecessária troca de "as cores" por "são cores" na letra, atrapalhando a concordância da frase. No mais, é um samba de características funcionais que irá fluir mais um desfile candidato ao acesso ao Especial. 
NOTA DO SAMBA: 8,7 (Marco Maciel).

Na minha opinião, o segundo melhor samba inédito do Grupo A do ano. Quando lançada a versão dos compositores, não havia gostado do samba. Depois que foi escolhido, fui me acostumando e depois adorei... A versão oficial perdeu um pouco de qualidade à versão dos compositores. A melodia é muito boa e flui bem, apenas com alguns senões. A letra é boa também, mas apresenta algumas falhas, como no final do samba. O refrão principal é muito bom, bem construído, boa melodia... A primeira parte é funcional e faz seu papel muito bem. O refrão central é bom, mas poderia ser um pouco superior, na minha opinião, se o verso “tem sim senhor!” fosse um pouco adiantado. Mas hoje, com mais audições já me acostumei. A segunda parte começa bem, mas desanda muito em termo de letra... “'Beija-a-mim', circo teatro que 'com-graça' / Apoteose te abraça, tira a máscara e revela / Veja que é preta e amarela, são cores de um grande amor”, o que isso quer dizer??? O final da faixa é bem trash com seu “São ClementÊ”... Bom samba, um dos melhores da escola no século e um dos destaques da péssima safra desse ano do Acesso.
NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Pedrassi).

Desde a divulgação da sinopse do enredo, ficava claro que o samba da São Clemente teria um tom mais despojado, sem perder a emoção. E os compositores conseguiram exatamente esse feito. Apesar da gravação estar um pouco desencontrada, o samba da escola é bem acima da média. A melodia é graciosa e desenha a letra de forma muito convincente. O trecho "Segue a caravana pela história/Viu a liberdade de uma raça ser prisão/A monarquia caiu/O Marechal coroou/A obra do palhaço trovador" é de uma riqueza melódica impressionante. É samba pra abrir quente o sábado de carnaval. 
NOTA DO SAMBA: 9,7 (Gustavo Pereira). 
Clique aqui para ver a letra do samba

2 - ESTÁCIO
- "Sou a Chita Bacana a brilhar". A estrutura da obra estaciana lembra o samba de 1997 da escola, em que o enredo é contado em primeira pessoa na letra. No desfile de 97, o samba dizia, por exemplo, "sou oriundo do vegetal e também do animal", "em Roma ganhei meu apogeu", "Noé no Ararat me usou", etc. Já para 2009, dessa vez a chita acaba se materializando e contando sua história, de forma bastante descritiva e citando todos os setores do enredo, bem como há 12 anos atrás. Tal estrutura é arriscada por tornar a letra um pouco repetitiva pelo excesso de verbos conjugados no passado (nasci, atravessei, cruzei, cheguei, decorei, desembarquei, pintei, cultivei, colori, vesti, dancei, representei, buzinei, fui). Sobre a melodia, também é pra cima (com a interpretação de Serginho do Porto valorizando a animação), embora seja dolente em alguns momentos e valente em outros, como no bom refrão principal. NOTA DO SAMBA: 8,5 (Marco Maciel).

Bom samba. A derrota do samba de Diego Nicolau e cia. e a de Alexandre D'Mendes e cia. até hoje não foi engolida por muita gente, pois os dois sambas eram bem superiores a este, e isso ocasionou uma certa antipatia a este samba. A melodia é o ponto forte do samba, muito bonita em todas as partes, porém tenho a sensação de ter ouvida em outros. A letra é competente e conta todo o enredo da escola. O refrão principal é de grande qualidade, apesar de ter uma fórmula já bem batida. A primeira parte me agrada bastante, com uma melodia bem valente. O refrão central me agrada um pouco, mas essa fórmula já está muito batida também, mas não deixa de ser um bom refrão. A segunda parte é a que mais agrada no samba inteiro, com uma melodia mais dolente (essa característica era mais perceptível na versão dos compositores). Bom samba. Em comparação aos últimos da Estácio, considero do mesmo nível (tirando as reedições).
NOTA DO SAMBA: 9,3 (Vitor Pedrassi).

E quem diria que chita dá samba? A Estácio vem com um dos sambas mais melodicamente belos do ano. Apesar da letra ser um pouco leve demais, provavelmente para facilitar o canto, a escola de São Carlos vai precisar de uma bateria bem afiada para impedir que o samba acelere demais. O trecho de destaque começa na construção melódica de "Deserto atravessei/cruzei as ondas do mar/na epopéia uma viagem fascinante/na Europa delirante então cheguei". O refrão central é lindíssimo tanto em letra como em melodia. No CD, a gravação está acelerada demais. 
NOTA DO SAMBA: 9,4 (Gustavo Pereira). Clique aqui para ver a letra do samba

3 - INOCENTES DE BELFORD ROXO
"Brizola, a voz do povo brasileiro". Gravado numa cadência deliciosa e com uma interpretação magistral de um mestre chamado Dominguinhos do Estácio, o samba cresceu de forma impressionante no CD, sendo uma das melhores faixas do álbum. Embora o andamento mais lento, para muitos, tenha deixado o samba-enredo arrastado, ele serviu para valorizar de vez a riqueza da obra da Inocentes, além de se adequar ao estilo de Dominguinhos. A agremiação de Belford Roxo se encontra em pleno crescimento, tanto que vem investindo pesado para, quem sabe, almejar a tão sonhada vaga ao Grupo Especial em 2010. Daí a contratação do experiente Dominguinhos, por exemplo. No samba, destaque para o refrão principal e o lirismo de sua segunda parte. A letra em homenagem ao último dos caudilhos Leonel Brizola possui boa qualidade, procurando evitar ao máximo clichês e pieguices. E a bateria poderá vir arrojada para o desfile, já que mostrou como cartão-de-visitas no álbum uma corajosa paradinha na segunda passada. NOTA DO SAMBA: 9,2 (Marco Maciel).

Considero um samba médio, não gostava dele na versão das eliminatórias. Mas agora com a gravação oficial, ele subiu um pouco no meu conceito. O samba feito pela parceria de Cláudio Russo era bem superior a este, muito estranho não ter ganhado. A melodia é bem qualificada, apesar de ser, na minha opinião, um pouco chata e muito parada (isso graças ao andamento do samba na gravação). A letra é competente, conta bem a história de Brizola, mas sem grandes arroubos de criatividade. O refrão principal considero bem chatinho, talvez pela gravação lenta. A primeira parte é muito boa, principalmente seus versos iniciais. O refrão central talvez seja a melhor parte do samba, mas acredito que ele seja muito grande, e assim acaba cansando um pouco. A segunda parte é de grande agrado, os dois últimos versos que preparam o refrão são muito bons. Em comparação aos sambas da escola é superior, já que há poucos sambas bons na história da Inocentes, mas é inferior ao de 2008.
NOTA DO SAMBA: 9,2 (Vitor Pedrassi).

Confesso que esse samba não está entre os meus preferidos. E não é porque ele seja ruim. É porque ele é um samba tocante, emocional a até mesmo triste. É uma singela homenagem à Leonel Brizola. A letra algumas vezes é pesada demais e a melodia parece carregada. Mas o refrão principal (apesar de não ser de explosão) é ótimo, assim como o encerramento "E nasce o palco dessa festa triunfal... pra presentear o carnaval". 
NOTA DO SAMBA: 9 (Gustavo Pereira). Clique aqui para ver a letra do samba

4 - PARAÍSO DO TUIUTI"O dado rolou e o jogo mostrou". O samba da Tuiuti prima pela leveza de sua melodia, contagiante do primeiro ao último verso. Começa com um refrão forte, que conclama o público a dar a volta por cima na Sapucaí, fazendo aparecer a resignação que costuma marcar presença nas escolas dos Grupos de Acesso, já que a agremiação volta ao Grupo A depois de três anos no B. A primeira parte é boa, servindo de gancho para a explosão do excelente refrão central. O fecho de ouro aparece com a belíssima segunda parte, cujo destaque absoluto vai para os três últimos versos "Um Paraíso no Tuiuti/eterno destino de glória/desenhando nova trajetória", que também virou alusivo do samba, proporcionando inclusive um dos momentos mais trashs de todos os tempos num disco de samba-enredo. Precisava daquele "aahhh", "uuuhhh" entre os versos entoados pelo Ciganerey no início da faixa? NOTA DO SAMBA: 9,4 (Marco Maciel).

Maravilhoso samba, o melhor inédito do ano no Grupo A. Não acompanhei os sambas da Tuiuti, mas tenho certeza que a escola escolheu o melhor da disputa. A letra é pequena e conta bem o enredo, sem se aprofundar muito. A melodia é leve, simples e muito bonita, principalmente no refrão central. A pérola das gravações do ano está presente no início da faixa, o “úh”, ah”... muito trash, sem esquecer que o Ciganerey (que é um dos melhores intérpretes da atualidade) dá algumas desafinadas no alusivo. O refrão principal é de grande qualidade e chama o componente pra cantar. A primeira parte é simples e de intenso agrado, a parte “Chegou o dia, roda roleta, minha escola gira” é muito bonita. O refrão central é, na minha opinião, a melhor parte do samba. A segunda parte é de intenso agrado, a parte que diz “O tempo passa, a luz se apaga...” é muito bonita. Lindo samba, um dos melhores da Tuiuti e um dos melhores do ano em todos os grupos. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Vitor Pedrassi).

O samba que mais cresceu das eliminatórias até o CD. Mais uma vez a escola tem tudo para levantar a Sapucaí com um samba muito acima da média. Toda a sua construção melodica é original e muito bem trabalhada. Se juntarmos com a letra inteligente e nada óbvia, teremos o segundo melhor samba inédito do ano no Acesso. O refrão central é simplesmente perfeito.
 
NOTA DO SAMBA: 9,8 (Gustavo Pereira). Clique aqui para ver a letra do samba

5 - IMPÉRIO DA TIJUCA"Olha boneco de barro, quem quer comprar?". Única reedição do grupo, o Império da Tijuca trará Mestre Vitalino para o carnaval 32 anos depois de sua aparição original. O samba-enredo de 1977 é bem característico da época, impulsionado pela força de seus três refrões. O lirismo do samba no bolachão de 77 dá lugar à animação no CD de 2009, já que, ironicamente, é a faixa com andamento mais acelerado do álbum, com o samba se adequando bem ao estilo atual e ganhando uma bela interpretação do excelente Pixulé. Mais uma prova de que qualquer samba das antigas pode funcionar muito bem hoje em dia na Marquês de Sapucaí. NOTA DO SAMBA: 9,6 (Marco Maciel).

Praticamente perfeito. O samba da escola da Tijuca é muito bem construído, alegre... uma aula de como se fazer samba-enredo. Pixulé tem uma atuação segura, apesar de se atropelar no canto de algumas palavras, às vezes, ao invés de “louça”, ele canta “loiça”, mas isso é o de menos. O Império tem outros belos sambas também que poderiam ser reeditados, mas a escolha desse foi muito boa. A melodia é alegre e empolga bastante. A letra não conta o enredo da escola em detalhes, mas no que conta sobre o enredo é de grande qualidade. Os refrões são de intenso agrado, principalmente o refrão central, mas acho meio estranho “as crianças se alegrar” com alguma coisa, mas daí se erro, eu não sei. As outras partes são maravilhosas também. Em comparação aos últimos da escola, é até covardia e também é covardia compará-los com os desse ano. Das reedições do ano, é a melhor, na minha opinião.
NOTA DO SAMBA: 10 (Vitor Pedrassi).

O que dizer desse samba memorável da escola do Morro da Formiga? Sem dúvidas é um dos mais inteligentes sambas que eu já ouvi. A construção é tradicional, mas muito funcional, como pode ser bem observada no refrão "Olha o boneco de barro quem quer comprar/leva o boneco freguesa pras crianças alegrar". A melodia é linda, empolgante e a letra é sublime e descritiva. Tem tudo para levantar a Sapucaí. 
NOTA DO SAMBA: 10 (Gustavo Pereira). Clique aqui para ver a letra do samba

6 - UNIÃO DA ILHA"É nessa que eu vou embarcar". Com mais um samba-enredo funcional, as obras da União da Ilha nesta década estão cada vez mais parecidas em termos de estilo (à exceção do belíssimo samba de 2005). A escola, que sempre se caracterizou por trazer sambas que misturavam lirismo com animação, deixou a primeira característica pra trás de vez. Confesso até me confundir hoje em dia ao tentar me lembrar das melodias dos últimos sambas insulanos, como o de 2004 (o das chanchadas), o de 2006 (São João Del Rey) e o de 2007 (Ripa na Tulipa), cujas estruturas são idênticas. E esta obra, toda pra cima e com refrões animados, não foge à regra. Creio que esteja na hora da Ilha tentar mudar um pouco o estilo de seus sambas, trazendo aquele lirismo marcante de volta às obras. Por exemplo, em 2005, no desfile do Corcovado, o lindo samba foi uma das marcas de um desfile que quase subiu de grupo, obtendo o vice-campeonato na ocasião. Coincidência ou não, a qualidade dos sambas decaiu e os desfiles também (até a reedição de "O Amanhã" em 2008, com um quê a mais de animação, não rendeu o esperado). Fica a minha dica para esta tão querida escola se reciclar em termos de samba, pois este é mais um que passará despercebido depois do carnaval, o que é uma pena! Na faixa, senti falta de uma homenagem mais marcante a Aroldo Melodia, o lendário intérprete insulano morto este ano. Só o "segura a marimba" no grito de guerra no filho Ito não basta. NOTA DO SAMBA: 8,1 (Marco Maciel).

Bom samba, muito parecido com os últimos da agremiação, bem alegres. Os sambas concorrentes da escola não eram muito bons, sendo a maioria muito parecidos com o vencedor, então considero que a escolha foi boa. A letra é boa, mas acho que não conta o enredo num todo. A melodia é bem qualificada, sobretudo no final da primeira parte e do meio pro final da segunda. O refrão principal é de intenso agrado, mas acredito que, nele, as mudanças na letra não foram boas. A primeira parte é boa, principalmente a partir de “Sou essa máquina engrenada na folia”. O refrão central é bom, mas também já é bem batido. A segunda parte é a melhor do samba, a mais dolente. A parte sobre o Corcovado e sobre o Rio é maravilhosa. Em comparação aos ultimos da agremiação, é um pouco superior, menos do de 2008 (mas não conta, já que é reedição).
NOTA DO SAMBA: 9,4 (Vitor Pedrassi).

A melhor gravação do ano. E um dos melhores sambas também. A obra é a cara da Ilha com uma melodia arrebatadora e uma letra muito fácil. O samba é descritivo, tem ótimas passagens melódicas e um trecho final simplesmente fantástico. É samba pra levantar a Sapucaí e colocar sim a Ilha na briga pelo título. NOTA DO SAMBA: 9,8 (Gustavo Pereira).
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7 - ROCINHA"Mas esse ano não vai ser igual aquele que passou". A gravação ganhou um pouco mais de cadência para um samba que também possui características mais funcionais, que podem ser observadas principalmente nos refrões. A primeira parte possui melodia genérica e a segunda prima pela animação, sendo até marcheada. Sem dúvida, a parte que chama mais atenção são os versos finais, a partir do emblemático "Mas esse ano não vai ser igual aquele que passou", que também reflete um momento de resignação de uma escola de samba, deixando claro que a Rocinha não pensa em outra coisa a não ser o acesso ao Especial em 2010. Até porque, no dito ano que deve ser esquecido pela escola segundo seus próprios versos, a Rocinha foi vice, ficando apenas sete décimos atrás do campeão Império Serrano. Vamos ver se conseguirá comprovar tal força na avenida! E é claro, sem esquecer de trazer mais baianas pra sua tão comentada ala... Vale ressaltar a excelente interpretação de Anderson Paz na faixa. NOTA DO SAMBA: 8,3 (Marco Maciel).

Gosto bastante desse samba, que, aliás, é muito criticado injustamente. A Rocinha não tinha grandes sambas na sua eliminatória e acabou escolhendo o melhor. A melodia deste samba é boa, tem a primeira parte funcional e a segunda mais rápida (que me agrada mais). A letra dele é boa, mas não é grande coisa. O começo da faixa é bem legal, o alusivo é um dos mais bonitos que eu já ouvi. A idéia de começar a cantar o refrão principal só pelo coro não foi boa, nesta faixa começa de forma muito tosca, mas o refrão principal também não é grandes coisas, não. A primeira parte é a mais funcional do samba, sem grandes nuances melódicos e sem arroubos de criatividade. O refrão central é um pouco superior ao refrão principal, mas também não é a 8ª maravilha do mundo. A segunda parte é a que mais me agrada, um pouco marcheada (quem disse que marcha-enredo é ruim?) e um pouco mais dolente no final com o “Mas esse ano, não vai ser igual aquele que passou”. Simplesmente maravilhoso. Superior aos últimos da escola. 
NOTA DO SAMBA: 9,5 (Vitor Pedrassi).

Gostava bem mais desse samba na gravação não-oficial. O samba da Rocinha não é ruim: é apenas diferente. Falta uma unidade e a sensação é que a letra é um pouco repetitiva. O grande problema é o uso nos dois refrões de palavras francesas que acabam tornando um pouco cansativo. A gravação está meio lenta e faltou ao puxador uma animação maior. Na avenida pode funcionar bem. 
NOTA DO SAMBA: 9,3 (Gustavo Pereira). Clique aqui para ver a letra do samba

8 - RENASCER DE JACAREPAGUÁ"Passo a passo caminhei". A grande porrada do CD. Ao contrário do Grupo Especial, cujo nivelamento da qualidade das obras impede de apontarmos com precisão o melhor samba, no Acesso A, Renascer sobra com relação às outras (apenas a reedição imperiana e Tuiuti se aproximam um pouco). É daqueles sambas que permitem ao intérprete uma atuação espetacular, que fazem despontar um arrepio na pele a cada centímetro... tanto que a produção fez com que o coral começasse a se sobressair com relação à voz de Rogerinho já a partir da segunda parte, valorizando de vez a emoção deste sambaço. Quem diria que o primeiro enredo do ano sobre transporte iria gerar um samba-enredo tão bonito, com inúmeros trechos em tom menor, melodia valente, pra baixo em sua maior parte, e com mágicos momentos de explosão principalmente na segunda do samba. O conjunto melódico a partir do verso "Velas ao vento" até o fim do refrão central é algo acima do louvável. Talvez sejam os sete minutos mais fantásticos da década em termos de registro fonográfico de um samba-enredo. A gravação torna, por enquanto, este samba um dos melhores do primeiro milênio sem qualquer exagero. Vamos ver na Sapucaí! NOTA DO SAMBA: 9,8 (Marco Maciel).

Ótimo samba, não acho que é tudo isso que estão propagando por aí, mas me agrada bastante. Quando foi escolhido esse samba, eu ainda não gostava, mas ele foi me conquistando aos poucos. A escola tinha outros ótimos concorrentes pra escolher, escolheu um dos melhores... quem sabe o melhor. A melodia do samba é ótima, mas as grandes sacadas estão na letra, como “Viajar de alegoria”. O refrão principal é muito bom, mas não apresenta nada de novo, apenar a boa sacada de “renascer a esperança”. A primeira parte é excelente, tanto em melodia, quanto em letra, apenas acho que os últimos versos não preparam muito bem para o refrão central. O segundo refrão é maravilhoso, sem grande explosão, mas é muito bom em melodia e letra. A segunda parte é boa, mas inferior ao resto da obra, na minha opinião. Enfim, é um ótimo samba, superior aos últimos da agremiação. NOTA DO SAMBA: 9,4 (Vitor Pedrassi).

Simplesmente o samba do ano. O trabalho dos compositores foi realizado de forma perfeita. Em raras ocasiões eu lembro de ter escutado um samba que me emocionou tanto. A melodia é uma das mais lindas que eu já ouvi: pra cima, emotiva, acalorada... A letra desenha o enredo com poesia e lirismo que impressiona. O trecho: "Levei na bagagem a coragem pra vencer/andanças que a fé confortou.../distancias que a roda encurtou.../e o mundo se movimentou.../E no mar: Velas ao vento!/são novos tempos, mistérios no olhar.../ao longe o horizonte e o prazer em desbravar.../lá vou eu pro infinito desvendar.../do mar vi o céu do céu vi o mar/no futuro o que será?" é de uma riqueza ímpar tanto referente ao conteúdo como referente ao resgate histórico. É uma aula de como fazer um samba-enredo de qualidade. Se render tudo o que pode na avenida, a Renascer está com um pé no Especial. 
NOTA DO SAMBA: 10 (Gustavo Pereira). Clique aqui para ver a letra do samba

9 - SANTA CRUZ"Vai meu samba, vai". Pela segunda vez seguida, a Santa Cruz apela para o excesso de "vai" em seu refrão principal. No mais, o enredo bastante genérico sobre preservação da natureza gerou mais um samba-enredo funcional, com vários clichês na letra pelo menos no estribilho do "vai". Felizmente, a letra, nas demais partes, até possui alguma qualidade, não apelando para estes famigerados chavões, sendo bastante poética principalmente na segunda, cuja lírica melodia também tem competentes variações. Meu destaque maior vai para seu belo refrão central. Celino Dias, em sua estréia na Santa Cruz, tem interpretação correta nesta faixa que ganha um requinte de valentia com a aceleração de seu andamento no disco. Não sei se realmente foi esta a sua intenção mas, como presidente da Ala de Compositores do Salgueiro, Celino até faz uma homenagem indireta à escola ao citar, no fim da faixa, um caco famoso de Quinho: "Feliz aquele que tem a Santa Cruz no coração". NOTA DO SAMBA: 8,8 (Marco Maciel).

O que fizeram com o samba da Santa Cruz??? Essa é a pergunta que não quer calar! Era um ótimo samba, hoje é apenas um samba médio. A segunda parte parte era densa, maravilhosa... Hoje é apenas mais uma parte de um samba-enredo médio. Bom, vamos parar de esculachar... É um samba médio. A melodia era muito boa, hoje já perdeu um pouco da qualidade por causa das mudanças e do intérprete que não é grandes coisas. A letra é qualificada e é um pouco diferente das dos sambas com esse mesmo tema. O refrão principal é bem chatinho, os “vai” são um pouco apelativos. A primeira parte é pequena e muito bonita. O segundo refrão é a melhor parte do samba (atualmente! antes não era), com uma melodia muito bonita, batida, mas bonita. A segunda parte era muito boa. Hoje já não tem tanto brilho, mas os últimos versos são ótimos, preparam muito bem para o refrão principal. É um samba do mesmo nível dos da Santa Cruz dos últimos anos.
NOTA DO SAMBA: 9,3 (Vitor Pedrassi).

Gosto bastante desse samba. Apesar do enredo batido, os compositores foram muito felizes ao fugirem de expressões comuns e brincar com as palavras como em "que a água mande ondas... de consciência". A parte conclamatória final também é ótima e pode empolgar a Sapucaí. 
NOTA DO SAMBA: 9,6 (Gustavo Pereira). Clique aqui para ver a letra do samba

10 - CAPRICHOSOS"Do chifrudo, chope duplo e gostosão". A Caprichosos fecha o álbum com um samba animado, embora sua melodia não deixe de lembrar obras anteriores da escola. No segundo enredo sobre transporte que será apresentado na Sapucaí no Sábado de Carnaval, a Caprichosos enfatiza o tema numa forma mais popular, ao citar os apelidos que os ônibus levavam nos primeiros tempos, como Cara Dura, Chifrudo, Chope Duplo e Gostosão. Da primeira parte do samba até o refrão central, a estrutura chega a lembrar a velha Caprichosos dos anos 80 em virtude de sua grande animação. A partir do começo da segunda parte, o samba já ganha mais trechos em tom menor, ficando um pouco mais pra baixo, a fim de proporcionar a explosão no final através de versos mais estendidos, com o intuito de aproveitar os vibratos do competente intérprete Zé Paulo Sierra. Inclusive, o final do samba lembra um pouco o encerramento da obra de 2008 (a partir do verso "No Pólo Petroquímico vai reluzir"). O longo refrão principal, trocado no meio da disputa em Pilares, é interessante. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Marco Maciel).

Samba bem chatinho, disparado o pior do ano na minha opinião. Como foram devolvidos os sambas às parcerias, não cheguei a ouvir os outros concorrentes, mas pelo que dizem a diretoria da Caprichosos fez bobagem. A única coisa que salva este samba é a maravilhosa interpretação do Zé Paulo Sierra, como sempre. A melodia é cheio de altos e baixos. A letra é boa, mas é um pouco confusa. O refrão principal é bem chatinho, como todo o samba. A primeira parte é mais solta, mais irreverente. O refrão central também é irreverente, mas a letra é um pouco confusa, estava melhor antes das mudanças feitas pela diretoria. A segunda parte é mais pra baixo, mas é a melhor da obra. Em comparação aos últimos da agremiação é inferior (e olha que a Caprichosos não vem com um ótimo samba desde 2001). NOTA DO SAMBA: 9 (Vitor Pedrassi).

Tem quem goste desse samba. Particularmente considero o pior do grupo de Acesso esse ano. Ele começa muito bem, mas se torna um pouco sem nexo, principalmente se compararmos com a obra da Renascer (com um enredo muito parecido). O refrão principal é interessante, mas longo demais. O intermedário é bom, mas falta um "algo mais". O trecho final "Hoje, minha alegria transportei/Na fantasia, bordei a sinalização/Na velocidade permitida/Chegou Pilares, minha Estação" é bem ruim, tanto em melodia como em letra (rivalizando com o samba da Mocidade em 2004). 
NOTA DO SAMBA: 8 (Gustavo Pereira). Clique aqui para ver a letra do samba