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Os sambas de 1984 - Acesso A

Os sambas de 1984 - Acesso A

GRAVAÇÃO DO DISCO - A safra do Grupo 1-B de 1984 é mediana. Possui apenas dois grandes sambas, de Acadêmicos de Santa Cruz e Em Cima da Hora, algumas faixas agradáveis e os inevitáveis bois com abóbora. A produção segue a linha do disco do Grupo 1-A. 

A capa do LP do Acesso A (1B) 1984 é de cor vermelha com imagens de enfeites de carnaval da "velha" Sapucaí. O formato de gravação segue o padrão do Grupo Especial (1A) do mesmo ano. Tamborins, cuícas, pratos e atabaques dão um swing maravilhoso às faixas. Com relação aos sambas, a safra é bem diversificada com sambões antológicos, boi-com-abobora, pula-faixa, marchinha-enredo... tem pra todo gosto. Os melhores sambas são da Em Cima da Hora e da Acadêmicos de Santa Cruz. NOTA DA GRAVAÇÃO: 10 (Luiz Carlos Rosa).

1A - ARRASTÃO DE CASCADURA – Bela obra de Jacy Inspiração, que tem um ‘quê’ de samba antigo, mais ou menos do final dos anos 60. Narra bem o enredo, mas falta um refrão marcante e variações melódicas mais ousadas. NOTA DO SAMBA: 8,9 (João Marcos).

A verde e branco de Cascadura levou para a Passarela do Samba "O conto lendário de Marabá". Nota-se a diferença de tamanho da primeira parte do samba (mais curta) com a segunda (mais longa). Apesar do auto-elogio nos versos "pisa nesta passarela/nossa escola suntuosa", a letra é bem fiel ao enredo. A melodia é bem envolvente mesclando lirismo com animação. Destaco o criativo refrão final "ôô/ôôô/ o conto terminou..." terminando a lenda e conseqüentemente o samba. Faixa agradável e que abriu muito bem o "bolachão". NOTA DO SAMBA: 9 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

2A - UNIDOS DE LUCAS – Samba animado, de letra curta e refrões marcantes. Dificilmente, o Galo da Leopoldina trazia um samba tão leve na época. A faixa tem boas passagens, mas a queda de qualidade em relação aos anos anteriores é perceptível. NOTA DO SAMBA: 8,6 (João Marcos).

É de impressionar a quantidade de belos sambas do Galo de Ouro da Leopoldina. "Dança Brasil" possui linguagem simples e curta agregada a uma melodia bárbara, que nada mais é, o supra-sumo do samba. O "gigante" refrão central é um espetáculo, melodicamente falando. Salienta-se a ótima interpretação de Jorginho Machado, que com seus cacos ajudou a preencher os espaços vazios deste sambão. Certamente, um dos melhores sambas da escola. NOTA DO SAMBA: 9,5 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

3A - ENGENHO DA RAINHA – A escola voltava ao grupo de acesso e mostrava de cara que vinha para disputar uma colocação entre as primeiras, quase subindo ao Grupo 1-A. O samba é muito bom, a letra conta o enredo com precisão, mas não está no nível das excelentes obras que a escola apresentou no Grupo 1-A ao longo da década de 80. NOTA DO SAMBA: 9 (João Marcos).

A campeã do Acesso B (2A) 1983 quase conseguiu alcançar em 1984 o objetivo de estar na elite do carnaval carioca, pois acabou ficando na quinta colocação das quatro vagas para o Grupo Especial de 1985. "Ô Tucá Juê" possui boa letra e melodia valente até o pescoço. Os refrões são em palavreados afros, o que deve ter dificultado o canto dos componentes. NOTA DO SAMBA: 9,1 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

4A - SÃO CLEMENTE – Foi em 1984 que a São Clemente começou a ganhar a cara que nós conhecemos hoje, de escola das críticas sociais, dos enredos criativos e inteligentes. O samba não é fantástico, longe disso, mas passa bem a mensagem. NOTA DO SAMBA: 8,8 (João Marcos).

Começa a partir de 1984 a era São Clemente de fabricar sambas de critica social, mesclando sátira e seriedade em seus temas. O enredo fala sobre a violência no trânsito. E como exemplo, a escola criou um personagem para o seu samba: Zeca Passista, que, atropelado (por quem???) perde a memória. Em sonho, um anjo transforma o asfalto de uma avenida em Sambódromo, a placa de trânsito vira alegoria (pode?!?!), som de motor em tambor... enfim, um sonho bizarro, tosco, mas que foi criativo e lhe rendeu a volta para o grupo especial depois de 17 anos. Só costumo ouvir o samba quando as pastoras entoam na segunda passada, pois o intérprete Geraldão tem uma vozinha chata!!!! NOTA DO SAMBA: 8,9 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

5A - IMPÉRIO DO MARANGÁ – O primeiro desfile da Era Sambódromo foi ao som deste samba. O Império do Marangá apresentou, em 1984, um dos melhores sambas-enredo de sua história – o que não quer dizer muita coisa. A letra tenta ser poética, mas não passa de uma sucessão de clichês. Pelo menos, não irrita. NOTA DO SAMBA: 8,5 (João Marcos).

2 de março de 1984. Data que entrou definitivamente para a história da extinta Império do Marangá. Não por ter conquistado uma das quatro vagas para o Grupo Especial de 1985, e sim, por que foi a PRIMEIRA agremiação a pisar e desfilar na "nova Sapucaí", denominada posteriormente como PASSARELA DO SAMBA. Os componentes devem ter ficado com aquele frio na barriga. Talvez por empolgação, medo ou pressão. O desfile tecnicamente foi pro saco e o resultado final: ultimo colocado. Rebaixada para o Acesso B (2A) a azul e branco da Taquara nunca mais voltou ao Grupo de Acesso A (1B). E, a partir daí, a escola amargava rebaixamento atrás de rebaixamento permanecendo no Grupo C até 1995, quando caiu para o Grupo D e finalmente em 1998 o fundo do poço: acesso E. Em 1999, com o enredo "Ceará, Terra do Sol", foi desclassificada em seu último desfile dos seus 33 anos de história. Talvez por falta de grana, de ânimo para voltar a subir novamente ou da concorrência de escolas vizinhas (União de Jacarepaguá, Parque Curicica, Tradição, Mocidade Unida, Renascer e Unidos do Anil), a Império do Marangá foi obrigada a enrolar a bandeira em 2000. Com relação ao samba, "Aguas Lendárias" é um dos melhores da escola, senão o melhor. Tem letra bem elaborada, descritiva, apesar da primeira parte recheada de rimas terminadas em "ão"(emoção/coração/ilusão/empolgação) e o tradicional clichê "eu vou, eu vou". A melodia é bem envolvente com variações relevantes. Destaco o inusitado refrão central "se a filha é moça/cuidado com ela/olha que o boto/tá de olho nela" . Esse refrão é pra rir ou pra chorar?????? NOTA DO SAMBA: 9,4 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

6A - LINS IMPERIAL – O samba tem uma letra meio amarga e mal humorada, apesar de, provavelmente, a escola ter pretendido o efeito oposto. Estruturalmente, apela para clichês, inclusive utilizando um “ôôô” para tentar resolver uma parte da letra que não ia para lugar algum. NOTA DO SAMBA: 7,5 (João Marcos).

"Só Vale Quem Tem Dinheiro" com toda certeza está bem longe dos grandes sambas da agremiação verde e rosa do Lins de Vasconcelos. Mas, não é um samba ruim. Observe os versos iniciais do samba: "Dinheiro/oh, dinheiro/a mola do mundo, engrenagem de ambições/fabricantes de verdades/causador de ilusões..." . Esses versos da primeira parte contam com clareza o mau que o dinheiro pode fazer em nosso cotidiano. Já na segunda parte, os versos se contradizem com os da primeira: "Vou procurar/um meio do dinheiro conquistar/quero sair da pobreza/e na riqueza viver sem reclamar". Ou seja, a letra é de qualidade notável apesar do forçado "ôôô" e a última estrofe contar com clichês descritíveis. A melodia é apenas razoavel. A bem da verdade, um samba mediano. NOTA DO SAMBA: 8,6 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

1B - EM CIMA DA HORA - O vencedor do Estandarte de Ouro de melhor samba do Grupo 1-B de 1984, com inteira justiça, narra, com precisão e riqueza líricas insuperáveis, as dificuldades da viagem diária que a massa de trabalhadores tem de enfrentar diariamente nos trens do Rio de Janeiro. O samba é tão bom que a Em Cima da Hora voltou ao Grupo 1-A praticamente no canto de seus componentes. NOTA DO SAMBA: 10 (João Marcos).

Sensacional!!! Maravilhoso!!! Simplesmente magnífico!!! A agremiação do bairro de Cavalcante mostrou por que tem uma das melhores alas de compositores do nosso carnaval. Depois de Baianinho e Edeor de Paula é a vez dos compositores Guará e Jorginho das Rosas ajudarem a Em Cima da Hora a conquistar o terceiro Estandarte de Ouro de melhor samba. "33 - Destino D. Pedro II" é uma obra perfeita em todos os aspectos. Cada verso revela todo o cotidiano dos trabalhadores e suas adversidades para pegarem o trem logo de manhã cedo, "pra chegar lá em D.Pedro/a tempo de bater cartão". E quando os suburbanos chegam atrasados em seus locais de trabalho??? "O patrão mal-humorado/diz que mora logo ali". Pobre do trabalhador... imagine aqueles que são "lá de Japeri". Mesmo tendo que viajar no trem lotado o trabalhador-suburbano aproveita pra "olhar a menina de laço de fita/batucando na marmita/pra não ver o tempo passar". Pra se distrair durante a viagem, "tem jogo de ronda/de dama e de reis". O que não falta nesse "33" são os artistas dos trilhos... "vendedores, cartomantes e repentistas". Infelizmente no tempo da CBTU (hoje Supervia), "o trombadinha" quase sempre se dava bem. Por isso que não era "tão mole andar de pingente no trem". Este é um resumo básico da incomensurável letra desta obra-prima. A melodia como a letra tambem é impecável com variações maravilhosas. Para todo sempre, um dos melhores sambas da nossa história. NOTA DO SAMBA: 10 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

2B - SANTA CRUZ – Outro belo samba do Grupo 1-B de 1984 e um dos melhores da história da escola. Possui refrões fantásticos e uma riqueza melódica notável. Impressionante como as partes do samba preparam a entrada dos refrões. Excelente! NOTA DO SAMBA: 9,8 (João Marcos).

"Pisa forte, Santa Cruz!!!" É amigo, é de ficar com galos na cabeça com mais uma pedrada!!! "Acima da Coroa de um Rei só um Deus" simplesmente é o melhor samba da Academia verde e branca. Como diz o colega Gabriel Carin: " é um samba pra ouvir de joelhos". O sambão começa com um refrão de cabeça afro arrebatador: "Ko si obá/kan ofi/Olorum". Mais adiante na primeira parte, a escola dá sinais de que veio preparada para triunfar, como na estrofe: "Hoje o meu terreiro é na avenida/no asfalto vou armar o meu gongá/com danças, feitiços e magias/que o meu povo contagia/e lindos cantos aos orixás". Na segunda parte após o refrão do meio, a letra exalta os orixás até chegar a melhor parte da obra que é exatamente o refrão final: "Yemanjá/Yemanjá/no meu jubileu de prata/trago oferendas para a rainha do mar". Este refrão entoado pelo coral de pastoras é de chorar. Ele tambem menciona os 25 anos de fundação da escola. Como presente, a verde e branco acabou ficando com o vice-campeonato do Acesso A (1B) de 1984 (consequentemente voltou para o grupo de elite). De quebra participou do Supercampeonato juntamente com a campeã Cabuçu e com as seis melhores escolas do Grupo Especial, entre elas, a supercampeã Mangueira. Voltando a falar do sambão... já estava esquecendo de comentar a melodia!!! E que melodia!!! Riquíssima e com variações maravilhosamente surpreendentes. Destaque tambem para os interpretes/compositores do samba Enoque e Netinho que se entrosaram muito bem no canto desta obra. O sambão da Santa Cruz disputa com "Oferendas" da Unidos da Ponte entre o mais carregado do ano. NOTA DO SAMBA: 10 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

3B -  JACAREZINHO – Samba em tom menor, tem uma melodia interessante, mas fica devendo por causa da letra fraquíssima, provavelmente culpa do enredo confuso. É de se criticar também a utilização de rimas fáceis (alegria/fantasia – emoção/imaginação). Faltou inspiração. NOTA DO SAMBA: 7,3 (João Marcos).

Após duas pedradas, um autêntico sambinha pula-faixa. A rosa e branco do Jacaré, apresentou um enredo confuso e que acabou gerando um sambinha bem abaixo da média. A letra é fraca, não trata o tema com clareza. Além disso, apela para um falso ar poético. As rimas são de uma obviedade sem graça. Já a melodia oscila muito. Na gravação, o sambinha dá uma pequena melhorada quando as pastoras assumem o canto na segunda passada, pois o intérprete Batista é bem limitado. Logicamente, um sambinha que passa despercebido no bom LP do acesso A 1984. NOTA DO SAMBA: 7 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

4B - UNIDOS DO CABUÇU – A escola iniciou aqui a série de homenagens a personalidades vivas e se deu bem, conquistando o campeonato. O samba, em si, não chega nem perto da obra-prima do ano anterior. Tem uma melodia bem genérica, mas não comprometeu o belo desfile da Cabuçu, a primeira campeã do Sambódromo. NOTA DO SAMBA: 9,1 (João Marcos).

A azul e branco do Lins de Vasconcelos tambem entrou para a história do carnaval carioca ao conquistar o Acesso A (1B) 1984. Como desfilou no sábado de carnaval, consequentemente ganhou o título de "A PRIMEIRA CAMPEÃ DA PASSARELA DO SAMBA". Junto com a Santa Cruz desfilou no Supercampeonato na semana seguinte pós-carnaval e acabou ficando na penúltima colocação. Mas felizmente a vaga para o Grupo Especial de 1985 já estava garantida. Graças a presidente Therezinha Monte, a Cabuçu atraiu a simpatia dos sambistas ao exaltar personalidades vivas (Roberto Carlos em 1987, Os Trapalhões em 88, Milton Nascimento em 89, Adolpho Bloch em 91, Xuxa em 92 e Mauricio de Souza em 93) em seus sambas. O tema em 1984 exaltava a sambista Beth Carvalho, a "Enamorada do Samba". A bela homenagem rendeu um samba bom de boca cheia, de letra competente e melodia agradável, mas sem originalidade em suas variações. E mais uma vez, os interpretes J.Leão e Di Miguel (chamo-os de Kleiton e Kledir do samba por lembrar demais as vozes) não comprometeram no canto. NOTA DO SAMBA: 8,8 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

5B - UNIDOS DE BANGU – Marchinha agradável, bem levada por Sobrinho. O último bom momento da escola. A partir do carnaval seguinte, a escola iniciou sua decadência, vindo a enrolar a bandeira anos depois, retornando à Sapucaí somente em 2015. NOTA DO SAMBA: 8,3 (João Marcos).

Sobrinho provou por que é um dos melhores interpretes da história do carnaval . Simplesmente ele deu um show na gravação e conseguiu fazer de uma marchinha despercebida um samba bem agradável e sobretudo animado. "Atrás do Trio Elétrico" possui letra simplória e melodia bastante envolvente. Infelizmente foi a penúltima vez que a vermelho e branco desfilou no Grupo de Acesso A. A partir de 1985, a escola desceu, desceu, desceu até chegar ao grupo E em 1998. Teve o mesmo destino da Império do Marangá, Tupy de Brás de Pina, Independente de Cordovil entre outras: enrolou a bandeira. NOTA DO SAMBA: 8,7 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

6B - PARAÍSO DO TUIUTI – Autêntico boi com abóbora. Só para se ter uma idéia, veja esta passagem: “Vamos computar / No computador / para mostrar que existe liberdade, alegria, paz e amor”. O que é isso, meu Deus!? A idéia era mostrar o clima de otimismo pelo qual passava o Brasil com o fim da ditadura. Provavelmente, no entanto, nenhum componente da escola deveria estar otimista com um desfile cuja trilha sonora é esta coisa terrível. NOTA DO SAMBA: 5,3 (João Marcos).

Com a saída da carnavalesca Maria Augusta Rodrigues após o carnaval de 1983, a Tuiuti voltou a penar pelas bandas do Grupo B (2A). O novo carnavalesco Billy Acioly apostou num enredo sobre o fim da ditadura militar, além de contar sobre o clima de otimismo que tomava conta em nosso país. Mas o tema gerou um sambinha totalmente sem graça!!! A letra é muito, mais muiiiiiiiito fraca!!! O sambinha começa com o verso trash "Vamos computar/no computador/para mostrar/existe liberdade, alegria, paz e amor" e termina bizarramente tosco no refrão final "O mal que alguem previu/não aconteceu foi boato/estamos em 1984". E pra irritar ainda mais o ouvinte, o interprete Paulo Cezar (estava cheio de graça na gravação) solta um caco infeliz "todo mundo computando junto". A melodia é um pé-no-saco. Literalmente 1984 não foi um ótimo ano para a Tuiuti que acabou rebaixada. Que boizão, hein???? NOTA DO SAMBA: 4,5 (Luiz Carlos Rosa). Clique aqui para ver a letra do samba

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