30ª EDIÇÃO
01/06/07
Olá, amigos! Depois de algum tempo de inércia, resolvo voltar com a minha coluna para um breve texto a respeito de um assunto que me incomoda, em matéria de CH. Nesta ocasião, gostaria de escrever sobre algo que é, na minha opinião, uma das mais gritantes falhas ao longo de 25 anos das séries de Chespirito. Trata-se das melancólicas despedidas dos dois mais populares personagens interpretados por Roberto Gómez Bolaños: Chaves e Chapolin.
Comecemos pelo princípio. Após o extremo sucesso de Chaves e Chapolin como séries independentes nos anos 1970, Chespirito decidiu retomar o Programa Chespirito alguns meses após as saídas de Ramón Valdés (Seu Madruga) e Carlos Villagrán (Quico). A partir de 1980, as duas populares séries viraram quadros dentro de um mesmo programa, que também dava destaque a personagens como Chompiras, Dr. Chapatin e Chaparrón Bonaparte.
No começo,
como era de se esperar, Chaves e Chapolin se sobressaíam sobre
os demais. Com o passar do tempo, com a idade chegando, as coisas
começaram a se equilibrar. Eu diria que o jogo virou pra valer
em 1987, quando a dupla Chompiras e Botijão resolveu largar a
vida de crimes. Isso fez com que a série Chompiras passasse a
ter um novo rumo, tornando-se a partir de então o carro-chefe do
Programa Chespirito, com novas e hilariantes situações e mais
personagens, comandadas principalmente pelo carisma de
Chimoltrufia (Florinda Meza), disparada a melhor personagem da
história do Programa Chespirito. Claro, sem levar
Desde então,
sem nenhum exagero, poderia-se renomear o Programa Chespirito
para Programa Chompiras. Nas temporadas de 1989 e 1993, por
exemplo, no máximo 5 programas contaram com a presença de
quadros diferentes. A exceção foi 1991, ano
"Aula
de Inglês": a aula final do personagem Chaves e parte de
sua turma, no final de 1992
O quadro Chaves se encerrou de forma inaceitável em 1992. Nesse último ano, foram gravados apenas episódios na escolinha: o Restaurante de Dona Florinda havia se despedido em 1990, e a tradicionalíssima vila em 1991, juntamente com personagens que só nela apareciam (Dona Florinda, Dona Clotilde, Sr. Barriga e Jaiminho). O mais incrível é que o último episódio gravado não tem nem a participação do personagem Nhonho, cujo ator Edgar Vivar estava afastado por tratamento de obesidade: um batidíssimo remake da aula de inglês.
Poderiam ter feito um episódio especial de despedida para um personagem tão querido do público. Se em 1992, ano do término, já não podiam (ou não queriam) gravar na vila, que tivessem encerrado o quadro em 1991 mesmo. Faltou boa vontade e imaginação, algo que já havia acontecido no final da série independente em 1980. Ao invés de encerrar a série com o especial de Natal, resolveram fazer mais um episódio comum (Antes um tanque funcionando que uma lavadora encrencada), o que deixou a série sem um final digno.
"A
Velha Mina": o último episódio gravado pelo super-herói
Chapolin Colorado, no começo de 1993
A “morte” do personagem Chapolin foi diferente, mas não menos melancólica. Após a presença maciça em 1991, o quadro foi sendo extinto aos poucos. Tanto em 1992 quanto em 1993 (o último ano), o Chapolin apareceu apenas duas vezes em cada ano. O último episódio gravado foi “A velha mina abandonada que está a ponto de desmoronar”. A última exibição, por incrível que pareça, foi uma reprise: o bandido Cachalote (Buldogue, no Brasil) invade uma casa e amarra a todos para poder descansar. O episódio havia sido exibido também em 1990.
Que diferença para o final da série Chapolin em 1979. Na ocasião, o personagem ganhou um episódio especialíssimo de despedida, com cenas de capítulos anteriores, depoimentos e agradecimentos. Por que não fizeram algo similar para os dois personagens (Chaves e Chapolin)? Um programa inteiro para cada um, com depoimentos, lembranças, etc. Ou, ao menos, que fizessem algum episódio especial, com a presença de todos os atores. Algo que desse aos fãs uma lembrança bonita.
Mas isso não foi feito. Chaves e Chapolin simplesmente deixaram de ser gravados, foram ficando para trás. Não que isso não pudesse ter sido feito: claro que podia, deveria até, já que a idade chega para todos e os atores se sentiam mais à vontade atuando no quadro Chompiras. Mas personagens tão carismáticos e populares mereciam ter se despedido de uma forma bonita, ao menos digna.
Por incrível que pareça, após o final de Chaves e Chapolin, a série Chompiras perdeu parte de sua força. Isso se deu no começo de 1994, com a inesperada morte do ator Raul Padilla. Sem o Delegado Morales, tornou-se mais difícil o desenvolvimento das histórias, que precisavam da figura ponderada e inteligente do “Licenciado”. Nos dois últimos anos do Programa Chespirito (1994 e 1995), o outrora imbatível Chompiras passou a conviver em pé de igualdade com Dr. Chapatin, Chaparrón, esquetes independentes e dois novos quadros: Don Caveira e Ciudadano Gómez.
Por ora é isso, amigos. Um abraço a todos e até a próxima!
Eduardo
(Rufino Rufião)
e-mail: elkhartlake@bol.com.br