OH! E AGORA? QUEM PODERÁ SALVAR O CLUBE?

            Infelizmente, o Clube do Chaves não vem fazendo o sucesso esperado. O programa mais esperado dos últimos tempos está decepcionando a maioria dos fãs de Chespirito. Sei que muitos irão se discordar de mim, mas o que será dito será difícil de negar.

            O SBT adquiriu os direitos do Clube em 1999, e desde então muitas expectativas foram criadas sobre a estréia do programa. Nós, chavesmaníacos, sempre nos frustrávamos quando era anunciado mais um dos trocentos adiamentos que a emissora fazia da estréia do programa. E o motivo mais provável: insatisfação de Sílvio Santos com as vozes dos personagens, pois houve rumores de que a série foi dublada várias vezes até a aprovação ter sido dada pelo patrão às vozes “menos piores”, que são as que estão no ar hoje. Até que a atração finalmente estreou no dia 2 de junho de 2001 aos sábados.

            A dublagem foi a primeira decepção dos chavesmaníacos: a princípio, tiveram uma boa impressão ao ouvir a doce voz de Osmiro Campos interpretando Rubén Aguirre (Girafales) novamente, pois notaram claramente que o estilo e o modo de sua dublagem não mudaram nada de uns quinze anos para cá (se alguém souber de quando que é essa dublagem do Clube, comuniquem-me, pois não sei se ela é de 99, 2000 ou 2001, ano menos provável). As dubladoras de Florinda Meza (Dona Florinda) e Angelines Fernandez (Bruxa do 71) também eram as mesmas. A voz de Maria Antonieta de Las Nieves (Chiquinha) no Clube é de uma outra dubladora que consegue fazer voz idêntica à que nós conhecemos, tanto que não notamos a diferença (li isso num site, não tenho tanta certeza).  O choque foi mesmo ouvir a voz podre, sem graça e nada a ver de Cassiano Ricardo, o encarregado de dar a voz a ninguém menos que o Mestre Chespirito. Ao se deparar com uma voz da mesma qualidade de um ronco insuportável daquelas motos que passam estourando nossos tímpanos saindo da boca do Chaves e do Chapolin, o pessoal na certa perguntou: e o antigo dublador, cadê? Pra quem não sabe, o saudoso Marcelo Gastaldi, autor da voz de Chespirito que todo mundo gosta, morreu em um acidente de carro, em 1994. Deu pra perceber que o seu sucessor não se identificou nem um pouco com os personagens, pois o personagem de desenho ou de série que se preze se identifica tanto pela voz quanto por suas características. Cassiano lamentavelmente não acertou as vozes dos dois principais personagens de Chespirito no Clube, mas em compensação, a sua performance agradou nas vozes de Pancada e Chaveco. Chapatin, bem dublado por Gastaldi antes, também foi bem sucedido por Cassiano. Se o Mestre Gastaldi ninguém conseguirá substituir, tampouco Olzer Cazarré, antigo dublador de Jaiminho. Aquela voz que botaram em Raul Padilla é simplesmente LAA-MEN-TÁÁ-VEL, exatamente como o dublador falaria, pois não sei se Raul falava tão pausadamente no Clube a ponto de seu dublador demorar uma década para pronunciar a frase “Tinha que ser o Chaves de novo”. Ele pronunciaria assim: “TII-NHA- QUE-SER-O-CHAA-VES-DE-NOO-VO, levando uns dois segundos para pronunciar cada sílaba.

As vozes novas de Edgar Vivár (Seu Barriga) e Godinez (Horácio Bolaños, que pouco aparece no Clube) também não convenceram. Aliás, o dublador de Edgar trabalha normalmente em outras séries mais recentes, só se não trabalha mais para a empresa que dubla o Clube...

            E o conteúdo dos episódios de Chaves e Chapolin não passa de remakes dos antigos episódios: a ausência de Ramón Valdez (Seu Madruga) e Carlos Villagrán (Quico) já seria 70% da atração não seduzir totalmente os telespectadores. E ao se deparar com um Chespirito sem aquela forma física de antes que o permitia fazer impressionantes contorcionismos, acharam estranho um senhor idoso interpretar uma criança. Não era mais a mesma coisa, principalmente aqui no Brasil, onde as vozes não ajudavam.

            Pelo menos os outros quadros são de excelente qualidade. Pancada foi o que mais impressionou o público, com um humor totalmente agradável, inofensivo, em parceria com Lucas Pirado. Se o programa emplacasse mais, os bordões “FALA BELO” e “NÃO HÁ DE QUEIJO, SÓ DE BATATA” iriam cair tanto na boca do povo quanto ‘FOI SEM QUERER QUERENDO” e sua geração. Chaveco também mostrou seu valor e provou que pode divertir o público pra valer com sua cara-de-pau, tendo como ajudante a cômica Chimontrúfia, modelo da mulher de classe média baixíssima, que luta para sobreviver. Os demais quadros, Chapatin, o raríssimo Dom Caveira e os outro contos também deram boa resposta, não tão boa quanto Pancada e Chaveco.

            Mas temos que levar em conta que o SBT não dá uma oportunidade de ouro para o Clube tentar sair do buraco: o dia do Clube sempre foi sábado, com o terceiro lugar na audiência “garantido” (atrás de Raul Gil e Luciano Huck). Ora, sábado quase ninguém vê TV devido à fraca programação, por isso que seria uma boa testar o Clube diariamente para ver quanto de audiência a atração realmente marcaria. Mas é pouco provável de acontecer, pois o programa, que já teve uma hora e meia de duração lá por outubro, não passa de quinze minutinhos hoje, apesar do horário dar mais audiência, 18h, e de anteceder o divertido Gol Show. Os outros quinze minutos se resumem a um episódio clássico de Chaves ou Chapolin totalmente cortado. RII-DÍÍ-CU-LOOO, como falaria pausadamente o dublador atual do Jaiminho. E o pior é que a cada atração extra que eles programam para o sábado, tipo Oscar e Troféu Imprensa, eles programam para a hora do Clube. Não será surpresa se eles tirarem o Clube do ar.

            Mas ainda confio na volta por cima do Clube. Temos que levar em conta que o programa vem sendo exibido ininterruptamente aos sábados (quando não há atrações extras) há quase um ano. Dia 22 vem aí programação nova. O Chapolin é quase certo que volta, mas quem sabe o SBT não surpreende com o Clube diário? O que importa é que, seja o Clube fracasso ou não, Chespirito é e continuará sendo para sempre nosso grande ídolo.

Marco Andrews Felgueiras Maciel (MESTRE MACIEL)