NOVAS CENAS E DIÁLOGOS PARA A POSTERIDADE CH


As anteninhas caem, mas nosso ânimo sobe a cada semana

            Terminado o carnaval, após ter suportado mais um resultado bizarro no desfile das escolas de samba do Rio, tudo volta ao normal. Aliás, para muitos, o ano de 2007 está começando apenas agora. Em contrapartida, o meio CH está mais do que movimentado desde o primeiro dia do ano, com a estréia do desenho do Chaves. Fique ligado que os 13 novos episódios do desenho devem estrear já em março no SBT. A nossa expectativa semanal por um episódio inédito de Chapolin também continua, com o ritual sagrado de aguardar o horário das 13h45min a cada sábado com o videocassete a postos. Isso é claro dependendo da boa ou má vontade das benditas afiliadas do SBT pelo Brasil afora. Bom que os sites CH andam "upando" esses novos episódios cada vez mais rapidamente...
            O seriado Chapolin está no ar todo o sábado desde o dia 12 de novembro de 2005. Duas semanas depois, voltaria depois de vinte anos o episódio "O Louco da Cabana". Daquele 26 de novembro de 2005 até o último 3 de março de 2007 foram exibidos 28 episódios novos no país, entre inéditos e perdidos, aventuras de Chapolin e esquetes do Dr. Chapatin. A maioria dos episódios "novos" foi dublada nos anos de 1992 e 1993 e nunca haviam sido apresentados até então. Confira a lista:

            Nesta coluna, vou procurar destacar as melhores cenas e diálogos destas histórias então desconhecidas pelos brasileiros. Se em média são episódios nivelados em termos de qualidade, nada de excepcionais se comparados a outros clássicos já conhecidos, pelo menos algumas cenas já fazem parte da dita "posteridade CH". Vamos a elas!


Essa porta não tá muito boa...

            O Louco da Cabana - No episódio que abriu a série de inéditos/perdidos de Chapolin, no qual considero o segundo melhor desta safra escondida durante muitos anos pelo SBT (só perdendo para "A Peruca de Sansão"), a cena a ser destacada é a da épica sequência da briga entre Chapolin e o homem (Rubén Aguirre) a quem o herói pensa que é o louco da cabana. No envolvente confronto, que ocupa praticamente todo o último bloco da história, Vermelhinho acerta vários golpes no grandalhão maltrapilho, utilizando inclusive uma vela, e o nocauteia pelo cansaço. No final, o verdadeiro louco da cabana era o caçador (Carlos Villagrán) que matou seu próprio cavalo pensando que era um coelho e que andava com as pernas "entre parênteses". Uma frase dita durante todo o episódio já se consagrou como um dos bordões mais marcantes de toda a série: "Essa porta não tá muito boa", sempre dita por Chapolin ao tentar abrir a porta da cabana, que se encontrava desparafusada.


Tronco, serrote e pato de pelúcia... tosquices que fazem parte dos nossos corações

            Pedintes em Família - Duas cenas são legendárias pela tosquice (repito: fundamentais para os seriados) neste episódio onde Chapolin confidencia que é um herói do Terceiro Mundo e que seu capital é de apenas cinco pratas: o sonho do mendigo (Ramón Valdez) com o tronco e o serrote, usados por Chapolin para bater no homem (Villagrán) após este ter lhe chamado de burro; e o pato colorido de pelúcia que cai no colo do mendigo. Só para lembrar: a filha do mendigo (Florinda Meza) pegou o revólver do pai para lhe assustar e deu como desculpa que queria acertar um pato. Mas precisava ser de pelúcia?


O melhor episódio entre os inéditos/perdidos, apesar de ser um dos mais violentos

            A Peruca de Sansão - Episódio épico, do início ao fim. A meu ver, o melhor dentre os 26 inéditos/perdidos (posto que ocupará até a esperada exibição de Julieu e Romieta parte 2). Desde a entrada de Chapolin perguntando "o quê?" após o doutor (Ramón Valdez) invocá-lo, este repetir "oh, e agora..." e o herói interromper dizendo "eu"; passando por Chapolin dando um esporro em Dalila por ela perguntar ao detetive armado (Villagrán) "trata-se de um roubo?" para depois Vermelhinho fazer a mesma pergunta, até as cômicas exibições de Chapolin com a peruca de Sansão, como rasgar uma lista telefônica, quebrar um fone de telefone, fazer um buraco na porta, erguer um sofá, as hilárias coçadinhas na pele a cada vez que toma um tiro do doutor e, por fim, a cara do Chapolin com a bala do revólver na boca. Episódio que se destaca pelo conjunto da obra, apesar de muitos o considerarem violento pelo fato do detetive sofrer com um sofá caindo em cima de seu corpo e ainda levar um tiro no ombro.


Um encontro para a história

            Fotos no Museu, não - A cena que mais se destaca é, sem dúvida, o histórico encontro entre Chapolin e Dr. Chapatin no museu, após o velho médico invocar o herói, assustado com o sumiço da estátua que avistara momentos antes (na verdade, um bandido vivido por Rubén Aguirre). É óbvio que o "chroma-key" (imagem colada em um fundo) foi imprescindível para a realização da cena...


Um dos mais nonsenses episódios da série

            De Noite, Todos os Gatos Fazem Miau - Além dos espalhafatosos saltos do dorminhoco vivido por Carlos Villagrán pela janela ao sonhar que está afundando no Poseidon, duas cenas são marcantes. Na primeira, Chapolin atira um sapato em direção ao gato que vive miando e interrompendo o sono de Florinda. O gato devolve com uma seqüência de miados em tom de deboche. É de rachar de rir! Já na segunda, Chapolin novamente atira um calçado e acaba recebendo, de imediato, uma chuva de sapatos, todos arremessados em direção ao quarto onde estão o herói, o dorminhoco, Florinda e o vigilante noturno (Ramón). São dezenas de sapatos voando, e todos se esquivando pra não serem atingidos. Carlos toma a brilhante conclusão de que a vizinhança não está aborrecida com o gato, e sim com eles. Hilário! E pra completar, o carinho de Florinda ao marido sempre acaba se transformando em revolta: "Minha vida... Meu céu... Querido... SEU IDIOTA!".

            O Mosquito Biônico - Terceira versão da história, desta vez um mosquito é o protagonista, ao invés do marciano. No fim, quando o mosquito biônico morre, o professor Inventivo (Ramón Valdez) resolve fazer a mesma experiência em um elefante. Particularmente, gosto mais da segunda versão, em que o marciano leva o cofre do professor no final. Uma obra da dublagem Maga: quando Chapolin é informado de que o mundo poderá ser atacado por um mosquito biônico, a enfermeira (Florinda) coloca que, na vida real, podem ocorrer coisas piores. O herói concorda e dá um exemplo bem brasileiro: "O Brasil perder para a Argentina". Bem que eu falei na coluna anterior de que uma adaptação no texto original vem sempre a calhar... A cena mais cômica do episódio é quando a pesquisadora do laboratório (Florinda Meza), ao ouvir Chapolin falar em água, tem a idéia de molhar o mosquito biônico a fim de matá-lo. Ela dá uma explicação científica: "Como a água oxida os metais, o metabolismo de um mosquito biônico não está condicionado à combustão do oxigênio". Enquanto Chapolin não entende nada. Florinda continua: "Dessa forma, se realiza a síntese hidrolítica e o mosquito biônico sucumbe ao contato com a água. Como você é genial, Chapolin Colorado!". Chapolin, num momento magistral e ainda todo confuso, conclui: "Eu mesmo não contava com minha astúcia".


Hora do comercial e "não tava morto, só andava falecido": apenas algumas das pérolas desta fabulosa história

            A História de Don Juan Tenório - O melhor episódio entre os inéditos na minha opinião, onde Don Juan Tenorio, personagem clássico do teatro mexicano, ganha a sua história numa cômica versão escrita por Chespirito, que também interpreta Don Juan espetacularmente. Como as falas são todas formadas por versos rimados, pequenas falhas na tradução foram cometidas pela equipe da dublagem, mas nada que comprometa a história. O primeiro bom momento do episódio é o anúncio do comercial no fim do primeiro bloco por Tenório, antecedido por esses versos: "Morrer por sua própria boca é seu destino fatal" (Don Luís de Mejía, vivido por Rubén Aguirre). "Mas agora segura que é hora do comercial" (Tenório). E os dois fazem o "C" do comercial, eternizado pelo saudoso apresentador mexicano Raúl Velasco, que fez uma ponta no episódio "Festa a Fantasia" e faleceu recentemente, em 26 de novembro de 2006. Pela trocentésima vez nessa coluna elogio a esplendorosa tirada da equipe Maga no momento em que Tenório encontra D. Inês (Florinda): "Não sei se é fato ou fita/se é fita ou se é fato/o fato é que ela me fita/e eu a fito de fato". Gastaldi, Nelson, Osmiro, Potiguara... um desses estava num clímax de inspiração singular quando criou este poema, que não é obra de Chespirito (comprovado ao conferir o áudio em espanhol no DVD nº 3 do Chaves). Outra adaptação perfeita da Maga ocorre quando o criado (Villagrán) se assusta com a feiúra de Brígida (María Antonieta de las Nieves) e larga essa pérola: "Te olhando feia assim, pensei que fosse a Madame Min", numa boa lembrança da melhor amiga da Maga Patalógika. Pouco depois, quando Don Luís de Mejía aparece na casa de Tenório para desafiá-lo, todos os presentes na casa começam a cantar. Confira a seqûência: "Por mais terras que eu percorra/não permita Deus que eu morra/sem que os faça chorar" (Mejía). "Chorar, chorar, chorar, chorar" (lembrando a serenata de Julieu para Romieta na hilariante e tão aguardada segunda parte do episódio). "Por enquanto, Dom Juan, tu existe/mas vai ficar muito triste/porque te vou matar "(Mejía). "Matar, matar, matar, matar". Sensacional! No último bloco, após Tenório ser atingido pelo Comendador Gonzalo (Edgar Vivar), a tosquice desponta mais uma vez, pois dá pra ver que a espada está colocada entre a axila de Chespirito para dar a impressão de que ela atravessou seu peito. E Tenório ainda é obrigado a ouvir uma certa autoconfissão de infidelidade por parte de D. Inês em seu último suspiro: "Óbvio/virão a ti muitos galãs estranhos/mas você tem que me prometer que/antes de quatro anos/com ninguém se casarás" (Tenório). "Pois eu juro que não vacilo/isso prova que me amas" (Inês). "Já posso morrer tranqüilo" (Tenório). "Você disse quatro semanas?" (Inês). E, para fechar com chave de ouro esse compacto dos melhores momentos do episódio, como esquecer a musiquinha cantada pelo coveiro vivido por Ramón Valdez, com direito à coreografia, cuja voz de bêbado do dublador Carlos Seidl deixa a seqüência ainda mais hilária: "Nâo tava morto, só andava falecido... não tava morto, só andava falecido". Na minha concepção, a mais engraçada cena de todos esses episódios inéditos/perdidos. Curiosidade: este episódio fala tanto sobre mortos que, por coincidência ou obra do destino, foi apresentado pelo SBT horas antes da eliminação do Brasil pela França na Copa da Alemanha.


A mão de bailarina e o figurante narigudo proporcionam muitos momentos impagáveis

            O Transplante de Mão - Um dos melhores inéditos. A princípio, a impressão que dá é que o episódio passará despercebido, mas a seqüência de situações embaraçosas e impagáveis, da metade para o final da história, garante muitas gargalhadas. O bloco final, com Chapolin passando por maus bocados com a mão rosa de bailarina que lhe transplantaram após o acidente sofrido no início do episódio, é marcado por uma legendária atuação de Chespirito. A seqüência em que o Polegar ensaia golpes de boxe com a mão esquerda e a direita desmunheca de maneira a pensarmos bobagens está na minha lista das cenas mais engraçadas de todo o seriado. O fim também é engraçadíssimo, em que Chapolin descobre que sua nova mão é de macaca, que também desmunheca delicadamente. Outra cena impagável ocorre quando Chapolin senta em cima da perna esquerda e pensa que ela sumiu. O choro do Vermelhinho dublado por Marcelo Gastaldi é capaz de dar um treco de tão engraçado que é. Até o figurante narigudo marca presença, com direito ao médico (Carlos Villagrán) perguntar à enfermeira (Florinda) quando que transplantou aquele nariz no homem. Mesmo sem falar nada, nosso querido figurante (cuja identidade é um mistério) mais uma vez rouba a cena.


Do-is len-ci-nhos bran-qui-nhos as-sim: lição de vida regada à humor e emoção

            O Presente de Casamento - Episódio criticado por muitos chapolinmaníacos, talvez descontentes pelo humor forçado do personagem de Carlos Villagrán, um louco que caça ratos pensando que os roedores são marcianos. No enredo central, a secretária (Florinda) acaba trocando o destinatário dos presentes comprados pelo advogado (Ramón), enviando um vaso de flores para a filha do senhor ministro e uma televisão à cores para o porteiro do prédio (Rubén Aguirre). A cena do terceiro bloco em que Chapolin dá uma lição de moral no advogado, após este despedir a secretária pelo engano, é sensacional e emocionante. Confesso, sem vergonha nenhuma, que é difícil segurar as lágrimas quando a vejo. Uma lição de vida que deveria ser seguida por todos. Chapolin, além de confessar que só estudou até o segundo ano do primário, ainda larga uma frase bastante simbólica e, sobretudo, humana: "Os heróis também vão ao banheiro".

            Dr. Chapatin é um Assassino - Esquete famoso pela mosca-robert que sobrevoa livremente os estúdios da Televisa enquanto Chespirito e Florinda Meza contracenam. Na foto acima, ela está no ombro de Florinda (como mostra a seta, by Paint - não reparem, é que não sei usar Photoshop mesmo...).


Chapolin x Hitler: um duelo que mescla comédia e história

            O Ladrão do Museu de Cera - Excelente episódio, que marca a estréia do uniforme do Chapolin com o coração maior. No museu de cera, a seção mais popular é a que reproduz grandes vilões, desde Nero, Al Capone, até um juiz de futebol (cujo ator que o representa sempre pisca o olho quando filmado). A cena mais simbólica, sem dúvida, é a briga entre o herói e a estátua de cera de Adolf Hitler, interpretada por Horácio Gómez Bolaños. Numa legendária seqüência, Hitler acerta uns tapas em Chapolin a cada vez que o herói mexe na estátua. Irritado, Vermelhinho a destrói. O "grand finale" ocorre quando o zelador do museu (Rubén Aguirre) pergunta a Chapolin se ele sabe onde está Hitler. A resposta do Polegar: "Sim, no inferno".


A risada do ator em plena cena e o enredo sem-noção de "Maria Bonita": nos primeiros tempos, a tosquice prevalecia

            A Pistola Paralisadora/Enfermos por Conveniência/Os Prisioneiros de Maria Bonita - Três esquetes antigaços, quase pilotos das séries, exibidos no mesmo dia. Nos dois esquetes do Chapolin, prevalece a tosquice tanto de enredo quanto do cenário e dos figurantes. No primeiro, a célebre corneta paralisadora é dublada como "pistola". Depois de Polegar paralisar um dos vilões, enquanto o personagem de Ramón Valdez (que contracena com o chapéu do Seu Madruga) pinta a cara do ator José Antonio Mena, este começa a rir acintosamente. Sem contar o final, quando o mesmo Mena, mesmo paralisado pela "pistola" por Chapolin, ainda permanece móvel, tentando tirar o excesso de tinta da camisa. Quer tosquice maior? Só no esquete da Maria Bonita (nome dado pela dublagem à Juana Gallo, seu nome original), o único no Brasil até então em que é possível notarmos o nariz então pontudo de Florinda Meza, antes de operá-lo. O enredo é totalmente sem pé e sem cabeça, com Maria Bonita aprisionando pai e filha (Ramón e María Antonieta) sem motivo algum e ameaçando jogar os dois no tanque, cujas bordas são tortas e de espuma, lembrando a piscina do esquete da mesma época do Conde Terra Nova. Ambos, mais Chapolin, caem dezenas de vezes no tanque e nada acontece... Muito sem noção. Já em "Enfermos", esta história protagonizada por Dr. Chapatin se destaca pelo bem humorado texto em que a vida conjugal é satirizada. O melhor momento, sem dúvida, é quando Dr. Chapatin receita os remédios para a mulher que se finge enferma (María Antonieta). O médico recomenda que ela tome um frasco de "cloridrato de micleticocolocococinol", pastilhas de "formicetilcarbonilicetinarol" e "lifato de alantomontéia". E se os três remédios não a curarem? "É só lhe dar um sedativo e pronto".


Samandica com os trajes de Flor Marina, a mais simbólica cena desta mediana saga do Pirata Alma Negra

            Os Piratas do Caribe - Segunda versão dupla da saga do Pirata Alma Negra (Ramón Valdez), mas com enredo diferente da história mais conhecida. Na minha opinião, muito inferior à clássica primeira versão. A parte mais marcante desta saga, sem sombra de dúvidas, é a música "Ansiosos de Navegar", cuja melodia é a mesma de "Jovem Ainda" e cantada em espanhol no começo da primeira parte. A cena em que Samandica (Carlos Villagrán) fica vestido de mulher, com as roupas de Flor Marina (Florinda Meza) quando esta escapa da prisão de Alma Negra, é simbólica. Os dois momentos mais engraçados da saga são protagonizados pelo vigia Pouco Pêlo (Ricardo Di Pascual). No primeiro, o carequinha, ao carregar o caixote com as bolas de ferro, diz que elas são mais pesadas do que "filme pornográfico". E no segundo, Pouco Pêlo joga o olho de vidro de Alma Negra na cela onde estão Chapolin, Samandica e Pança Louca (Edgar Vivar), alegando que Matalote (Rubén Aguirre) o havia ordenado que não tirasse "o olho" dos prisioneiros.


Não vai doer... não vai doer... vai doer, sim!

            A Bola de Cristal - Episódio que teve uma única exibição em 1990 até outubro de 2006, quando voltou ao SBT. Sinceramente, prefiro a primeira versão, presente no terceiro DVD do Chapolin. Mas o enredo é sensacional. Destaque para a cena em que o herói, após usar o poder da mente para não sentir dor após colocar a mão na tora fervida na brasa, tenta se segurar sem sucesso, com o semblante de dor despontando aos poucos. As imitações de chimpanzé de Chapolin também são impagáveis, embora as caretas do Vermelhinho sejam mais engraçadas na primeira versão da história.


Seu Severiano, o espião secreto mais famoso do mundo

            O Espião Invisível - Episódio mediano, destaque para o excessivo uso do chroma-key e dos "defeitos especiais", com as bizarras cenas em que um objeto desaparece por inteiro com uma borrifada da fórmula com o mata-moscas. O cenário do episódio do Anel de Brilhantes, da frase "eu sou pobre, porém honrada", foi reaproveitado como o escritório do cientista vivido por Ramón Valdez. A cena mais engraçada é quando o jornalista (Villagrán) aborda Severiano Miron (Edgar) na rua e exalta que ele é "o espião secreto mais famoso do mundo", lembrando que ele já havia concedido entrevista para o jornal "Fofoca Requentada". Seu Severiano começa a chorar, inconformado com o fato de, mesmo sendo um espião secreto, todos o conhecerem. Muito boa a atuação do dublador Mário Villela no fim do episódio, quando Seu Severiano, já invisível, trava uma luta com Chapolin. Curiosidade: Florinda Meza, neste episódio, está idêntica visualmente e fisicamente à atriz Paola Oliveira.


O balé de Chapolin e a cantada de Chespirito a Ramón marcam este excelente episódio

            A Bailarina Mangova e o Uniforme do Soldado - Maravilhoso episódio, dividido em duas partes. Na primeira, o jornalista (Villagrán) encarrega Chapolin de ajudá-lo a conseguir uma foto da bailarina russa Mangova (Florinda), que detesta ser fotografada. Na segunda, a bailarina lembra de uma história que se passa num quartel, em que um rouba o uniforme do outro. Inesquecível a seqüência do balé de Chapolin, quando o herói tenta seguir os passos de Mangova (incrível como Florinda Meza é uma exímia dançarina na vida real). O Vermelhinho chega a parar no ar, que nem beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha. Mais uma vez, o chroma-key entrou em ação, pra variar. Só faltou mesmo aquela mão rosa de bailarina transplantada... No quartel, os desencontros e mal-entendidos são constantes, mas o momento em que o soldado Chespirito, vestido de general, canta o oficial vestido de soldado (Ramón), e lhe toma nos braços para sapecar aquele beijo pensando que é a garota (Florinda), é espetacular... e os dois acabam saindo bem na foto.


Tem que se sacrificar às vezes...

            Para Fugir da Prisão - Segunda versão do clássico episódio, também considero a primeira melhor. Desta vez, é a Dona (Florinda Meza) quem aprisiona os personagens de Ramón e Villagrán, que se revela o traidor. O capataz, vivido na primeira versão por Ramiro Orsí, dessa vez é Rubén Aguirre. Curioso é que Chapolin usa, durante todo o episódio, um chapéu. Tão misterioso como aquele tapa-olho de pirata na terceira versão de "Troca de Cérebros"... A história é idêntica à original, incrível como até as falas são as mesmas. Só o final que é totalmente diferente, quando a Dona, uma mulher perversa e amargurada com os homens, combina com Chapolin que soltará seus prisioneiros em troca do seu amor. A resposta de Chapolin, antes de tomá-la em seus braços: "Tem que se sacrificar às vezes".


A carranca mais doce que nós já conhecemos

            Dr. Chapatin e as Melancias - Além de ser um dos únicos episódios da fase clássica das séries CH a se passar ao ar livre, como não destacar esse semblante de raiva do nosso querido Ramón Valdez, na pele do quitandeiro que sai do sério com o Dr. Chapatin?


Ainda bem que não foi com a capa do Super-Homem

            Nós e os Fantasmas - Episódio sinistro que se passa em um teatro abandonado, em que uma atriz (Florinda) tenta conseguir emprego e se depara com um cadáver (Horácio Gómez Bolaños), um diretor chamado Máximo Tortura (Ramón) falecido há 50 anos, um ator que ensaia a peça de Don Juan Tenório (Villagrán) e o zelador (Rubén) que só sabe responder "ssssssim" ou "nnnnnnnão". Destaque para as cenas em que Chapolin tem a cauda de seu uniforme presa nas portas, quando estas se fecham, e as reboladinhas dadas pelo herói para tentar se soltar. Numa dessas situações, o herói larga uma das maiores pérolas do seriado: "E o Super-Homem me sugeriu que eu usasse uma capa". O final é bizarro, pois todos estavam representando a fim de assustar Florinda, com direito ao uso de efeitos especiais. E como nos episódios "Festa à Fantasia" e "Riacho Molhado", Chapolin na verdade é um ator que se fez passar pelo herói e até o barril também é um ator que fazia parte da trama. É mole? (como diria Máximo Tortura antes do fade out final...)


Tripa Seca: o cadáver de um defunto morto que já faleceu

            Quase um Velório - A princípio, dá a entender que se trata ou de "A Vingança de Fura Tripa" pelas caixas presentes no cenário ou de uma outra versão de "Não Seja Burro, Chapolin", aquele em que o trio de bandidos convence Chapolin a tomar uma pílula encolhedora a fim de eliminá-lo e um chama o outro de "burro". Mas aos poucos percebemos que a história é diferente, com Tripa Seca (Ramón) querendo se passar por morto a fim de enganar Chapolin e poder cometer seus crimes livremente (o que lembra também "O Misterioso Caso do Morto que já Morreu", aquele do clorofórmio). Muito interessante que, na história, Polegar Vermelho confidencia que foi amigo de infância de Tripa Seca e que um seguiu um caminho diferente do outro. Eles fazem um boneco de cera do Tripa Seca, mas que acaba derretendo com o sol. Então o próprio Tripa tem de se fingir de morto, o que gera uma seqüência de cenas impagáveis. Quando Chapolin cita suas diferenças entre ele e Tripa Seca, ele diz "eu era pacífico, ele atlântico". E quando o herói recebe a notícia da suposta morte do amigo, Chapolin se cala por alguns segundos, reflete, até que coloca a seguinte questão: "E agora quem vai me pagar os 20 mangos que ele me devia?". Muito engraçado também quando Chapolin vê Tripa Seca deitado na cama como morto, o herói começa a lamentar com uma hilária voz de choro e com fala pausada, enquanto chora no ombro da garota (Florinda). Por fim, quando Chapolin vai embora do esconderijo e volta, encontra os dois comparsas (Villagrán e Rubén) segurando Tripa em posições diferentes, até que, na última, Tripa aparece segurando Quase Nada (Villagrán), que se finge de morto, e acabam sendo desmascarados pelo herói. Numa dessas cenas, Carlos Villagrán não consegue segurar as risadas. O fim também é bizarro, com a aparição do boneco de cera de Chapolin encomendado pelos bandidos. Um dos carregadores do dito boneco é o famoso figurante narigudo.


Sao percebidos os dotes de um grande artista...

            A Aposta/A Caricatura - O esquete do Dr. Chapatin "A Aposta" é provavelmente o mais curto dentre todos já realizados por Chespirito, dos anos 70 aos 90, com duração de módicos 54 segundos. Nesta meteórica história, um homem (Villagrán) e um vigia (Ramón) estão desesperados com um parto que Dr. Chapatin está realizando. Quando a criança nasce, os dois perguntam ao médico se é menino ou menina. Chapatin primeiramente pergunta quem é o pai, e os dois negam a paternidade. O doutor responde que é menina e Villagrán acaba ganhando um dinheirinho de Ramón: os dois estavam apreensivos porque haviam feito uma aposta sobre qual seria o sexo do bebê. A dupla é expulsa a sacadas por Chapatin. Em "A Caricatura", o episódio não se destaca tanto pelo humor, e sim pelas aptidões artísticas do mestre Chespirito. Chapolin, em tamanho reduzido após tomar uma pastilha encolhedora, pinta em poucos minutos o retrato de Ramón Valdez (cujo personagem queria vê-lo pronto em pouco tempo, mesmo com a pintora vivida por María Antonieta de las Nieves sequer ter começado a trabalhar na obra). No episódio, podemos acompanhar traço por traço da obra de arte do herói, numa seqüência maravilhosa e emocionante. Uma bela homenagem ao saudoso Monchito, mesmo com o fim antológico: no momento em que Polegar Vermelho anuncia que irá recuperar seu tamanho normal, ele segura o retrato com as duas mãos muito separadas. Quando Chapolin cresce, lá está sua obra-prima rasgada ao meio. Um diálogo a ser destacado, quando a pintora recomenda que Chapolin use o fio da tomada da lâmpada para subir até à prancha: "não digo chocar de bater, e sim chocar do verbo 110 volts".

            Agora é só esperar por mais inéditos/perdidos e por mais cenas legendárias. Ainda estou no aguardo da exibição da segunda parte de Julieu e Romieta, com a seqüência da serenata (na minha opinião, a melhor de todas das séries CH), ou quem sabe de exibições tão esperadas pela nação chapolinmaníaca, como as últimas partes de Branca de Neve, do Alfaiatezinho Valente, dos Piratas e da primeira e da sexta parte inéditas da saga do Cinema. Também estamos esperando por perdidos como "Sansão e Dalila" e "Dr. Chapatin e a Autópsia/Folclore Japonês". A cada semana, surpresas são preparadas pelo SBT. Que continuem sendo agradáveis!

MESTRE MACIANDO NA SAPUCAÍ
As últimas do meio CH

Gustavo Berriel, nosso polivalente chavesmaníaco, lançou seu blog. Seu endereço: www.gberriel.zip.net . Na página, Berry discute curiosidades dos seriados, conta histórias, desmente boatos e revela os bastidores das dublagens dos DVD's e do desenho (vale lembrar: Berriel dubla o Nhonho na animação). Entre as novidades anunciadas, está o andamento do processo de dublagem dos DVD's da série "Ah! que Kiko" (E), filmada em 1987/88, diferente da exibida pela Bandeirantes em 1991 (aquela era "Kiko", gravada em 1981) e a última vez em que Carlos Villagrán encarnou o personagem numa versão televisiva. Também é o último trabalho do mestre Ramón Valdez antes de morrer (Monchito estará em seis episódios nos discos a serem lançados). Nelson Machado, fã das Lavadoras Volkswagen, não só dubla Quico como também dirige a dublagem, realizada no estúdios Uniarthe, em São Paulo. Segundo Berriel em seu blog, serão 24 episódios lançados em seis DVD's pela Amazonas Filmes, que serão divididos em dois boxes com três discos cada. O lançamento ocorrerá em breve, bem como o sexto e o sétimo boxes de DVD's de Chaves/Chapolin/Chespirito, que também deverão ser lançados juntos.

Também está no ar um novo site sobre Chaves: o do Fã-Clube Chespirito-Brasil. Seu endereço: www.sitedochaves.com . Dê uma conferida neste interessante trabalho, cujo mentor também é Gustavo Berriel e do qual me orgulho em ser colaborador.

Na Bolívia, estrearam alguns dos novos episódios do desenho. São esses os títulos: "Fotos Buenas, Regulares y Peores" (uma mistura de Aula de Higiene, Seu Madruga Fotógrafo, O Cãozinho do Quico e o Ratinho do Quico), "El Amor llegó a la Vecindad" (As Novas Vizinhas), "Una Broma de Gran Peso" (O Fantasma do Seu Barriga), "Cuentame una de Fantasmas" (A Casa da Bruxa do 71), "Clases de Box" (Lições de Boxe) e "Deudas a Pagar y Sillas a Pegar (mescla de O Despejo do Jaiminho com Seu Madruga Carpinteiro). Confira como ficaram as personagens Glória e Paty na animação na foto à direita. Mais informações sobre a segunda parte da primeira temporada do desenho você confere clicando aqui.

Mário Lúcio de Freitas (E), amigo de infância de Marcelo Gastaldi, autor das trilhas sonoras brasileiras (as BGM's) das séries CH e de diversos programas do SBT, cantor da música da Chiquinha no disco do Chaves, diretor de dublagem do Clube do Chaves (onde dublou o Godinez) e cambista de ingressos no Maracanã (hehe), se cadastrou no FUCH. Ele colocou que os episódios do Clube do Chaves (ou seja, Programa Chespirito, dos anos 80 e 90) não foram dublados pela equipe Maga, dúvida existente em função de Aventuras em Marte, episódio gigante do Chapolin de 1981 que o SBT transformou em filme e não-exibido desde 1999. O usuário do Fórum Único Chespirito Alisson realizou uma entrevista com Mário Lúcio e a colocou no YouTube. Confira nesse tópico do FUCH ou baixe-a completa clicando aqui. Meu amigo Thyago Louzada, o "descobridor" de Mário Lúcio, deve estar cada vez mais se vangloriando...

Falando em Mário Lúcio, ele disponibilizou o vídeo em que o saudoso dublador de Chaves e Chapolin, Marcelo Gastaldi (D), explica sobre o projeto da série Feroz e Mau-Mau, interpretados por ele e Carlos Seidl (voz do Seu Madruga), que ele tentou emplacar no SBT, mas que não saiu do papel em função de desacordos financeiros. Osmiro Campos, dublador do Professor Girafales, fazia um policial, e o próprio Mário Lúcio deu vida ao delegado. O depoimento de Gastaldi pode ser baixado aqui ou visto direto neste link. No vídeo, feito em 1991, Mestre Maga já criticava o humor apelativo que começava a tomar conta da televisão, isso naqueles tempos pré-Zorra Total. Por motivos óbvios, me identifiquei mais ainda com ele. Como a série Feroz e Mau-Mau seria do estilo Chaves, de humor inocente, a crítica realmente fazia todo o sentido. Provavelmente Maga foi um dos últimos homens que ainda acreditava em fazer humor de qualidade sem utilizar loiras gostosas, peitudas, popozudas e canastronas. Ele se foi... e essa convicção também. Confira mais detalhes da série Feroz e Mau-Mau acessando o site de Mário Lúcio de Freitas, ou baixe o piloto completo clicando aqui.

Edgar Vivar (E), que atualmente reside na Argentina (assim como Carlos Villagrán), está seguindo os passos de Chespirito e também prepara sua autobiografia. Há anos mergulhado no projeto, ele falará sobre sua carreira no teatro e na televisão. É óbvio que Vivar deverá dar um ênfase especial aos queridos Senhor Barriga e Nhonho... Quem sabe ele não citará também o carinho gigantesco que recebeu dos brasileiros em sua visita ao país em setembro de 2003. Inesquecível a clássica frase bradada por Edgar Vivar naquela ocasião, quando esbanjou simpatia e amabilidade: "Vocês são uma carícia para o meu coração". Já estamos ansiosos para curtir suas histórias!

O SBT vai mudar a programação mais uma vez a partir do dia 5 de março. Dessa vez, fala-se em "arrancada da vitória". "Chaves" não deve ser muito beneficiado, pois o horário das 18h45min deve acabar, e a exibição do desenho será restrita às praças sem telejornais vespertinos produzidos pelas afiliadas. A turma do Pânico na TV, já ciente de mais uma alteração na grade feita por Silvio Santos, resolveu satirizar a situação. É evidente que "Chaves" foi incluído na brincadeira, como pode ser observado na imagem à direita...

Mestre Maciel

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