OS RESUMOS DE MAIS TRÊS PÉROLAS DE CHAPOLIN

            Na coluna comemorativa dos quatro anos do Turma CH, fiz o resumo completo e ilustrado de três episódios inéditos do seriado Chapolin: "A Guerra de Secessão", "Fotos no Museu, não" e "De Noite, Todos os Gatos Fazem Miau". 45 dias depois, uma Copa do Mundo se realizou (com a Itália triunfante e o Brasil vacilante) e mais três episódios inéditos do seriado foram apresentados no SBT neste meio tempo, confirmando a existência de um lote de episódios cuja dublagem realizou-se em 1992 e 1993. A dublagem destes últimos episódios, até o ano de 1993, foi realizada nos estúdios Marshmallow, conforme o relato de seu dono, o dublador e diretor Mário Lúcio de Freitas, ao usuário do FUCH Luís Pancada. Ou seja, o SBT demorou 13 anos para estrear esses episódios. Sendo assim, a tendência é que mais inéditos venham aí, o que faz de cada sábado um mar de expectativas para os chapolinmaníacos. Só acho que deveriam colocar o seriado dentro da "Sessão Premiada", para que o Brasil inteiro pudesse assistir. Não me importaria nem com aquele turbilhão de propagandas anunciadas pelo Celso Portiolli, tampouco com as donas-de-casa, ao telefone, berrando "Celso, eu te amo" enquanto ele distribui prêmios.
            Os episódios aqui resumidos (com fotos) são "O Mosquito Biônico" (exibido em 17 de junho), "A História de Don Juan Tenorio" (1º de julho) e "Transplante de Mão" (8 de julho). Para quem não viu, confira os detalhes de cada um dos episódios. Para quem viu, reviva mais uma vez os "novos grandes momentos" de Chapolin Colorado.


Fotos de "O Mosquito Biônico": Alma Negra e Thomas Henrique

            O Mosquito Biônico - Terceira versão do episódio. A primeira está no DVD nº 1 do Chapolin com o título "O Mini-Disco Voador". A segunda era exibida normalmente pelo SBT, depois do episódio do Índio Riacho Molhado, e pode ser cancelada em função da apresentação desta terceira versão, mais recente e mais longa. Ao contrário das duas primeiras versões, quando o ser minúsculo era um marciano e possuía um disco voador, nesta o ser é um mosquito que flutua dentro de uma caixa de fósforos. A terceira versão se assemelha à primeira, cujo final é derrotar o ser minúsculo lhe jogando água. Diferente da segunda, em que o marciano leva embora o cofre do professor (Ramón).
            PRIMEIRO BLOCO - Começa com o professor Inventivo (Ramón Valdez) operando um mosquito no microscópio. Após a desgastante tarefa de operar um animal tão minúsculo, Ramón diz que reconstruiu o mosquito, após o inseto sofrer um acidente. A pesquisadora (Florinda Meza) afirma que "ele continuará sendo um mosquito útil á sociedade". Ramón diz que ele virou um mosquito biônico. O comandante (Carlos Villagrán) o observa no microscópio e coloca que ele se parece com qualquer outro mosquito. Florinda diz que assim qualquer mulher pode ser a Mulher Biônica. "É porque você não conhece a minha esposa", devolve Carlos.


Professor Inventivo opera o mosquito, o tornando um ser biônico

            O comandante percebe que o mosquito se move. Ramón diz que ele está se recuperando da anestesia, comparando que um minuto de vida para um mosquito é como se fosse um dia para um ser humano. De repente, o microscópio cai. Ramón pensa que foi Florinda quem o derrubou, mas ela e Carlos confirmam que o objeto caiu sozinho. Florinda desconfia do mosquito, que começa a se mover de forma estranha. Carlos e Ramón batem cabeça ao tentar olhar no microscópio ao mesmo tempo. Eles percebem um movimento brusco do inseto. Ramón imagina que, se ele consegue derrubar um microscópio enquanto se recupera dos efeitos da anestesia, imagina depois. Carlos e Ramón decidem avisar os órgãos de segurança. Florinda invoca Chapolin, que aparece operando um tubo de ensaio, com uma máscara. Ela pensa que é um mosquito. Chapolin se enfurece e, após Florinda reconhecê-lo, diz, em tom frio: "Não contavam com minha astúcia".


Devido ao visual, Chapolin é confundido com o mosquito

            Florinda explica que o mundo está prestes a ser atacado por um mosquito biônico. Chapolin diz que isso só ocorre nos filmes. Florinda também coloca que, na vida real, acontecem coisas piores. Chapolin concorda e dá um exemplo: "O Brasil perder para a Argentina". Florinda se refere a coisas importantes e coloca que, se ele não quiser ajudar, terá que chamar ou o Batman ou o Super-Homem. "Esses dois já estão ocupados com trabalhos menores. O Batman eu mandei encontrar um cachorrinho perdido, já o Super-Homem eu o mandei ao supermercado", responde Chapolin, que concorda em capturar o mosquito biônico. Ela diz que o inseto está no microscópio. Chapolin se atrapalha com o objeto, como abrir um olho, fechar o outro e olhar com o fechado, bater o olho no microscópio... Florinda resolve olhar o mosquito e Chapolin, distraído, também resolve olhar e mira o cabelo de Florinda. "Parece uma aranha peluda", pensa. Em seguida, aparece o professor Inventivo. Chapolin, ao tentar olhar o mosquito, acaba se deparando com o cabelo de Ramón, de onde acha um piolho. Chapolin o mata e pensa que deu o fim ao mosquito. As anteninhas de vinil começam a detectar a presença do inimigo e, com a marreta biônica, tenta acertar o comandante, que corre pra lá e pra cá dizendo que avisou em rede nacional do perigo do mosquito biônico. Chapolin pensa que Carlos é o monstro e Ramón diz que Chapolin é um inseto um pouco maior que o mosquito. Chapolin se irrita. Florinda avisa que o monstro é o mosquito biônico. Chapolin pensa que ela está bêbada. Florinda, ao olhar no microscópio novamente, percebe que ele escapou. Chapolin e Ramón batem cabeça ao tentar observá-lo ao mesmo tempo. Após o professor Inventivo confirmar que o inseto escapou, Chapolin começa a rir, imaginando que tudo não passa de brincadeira. Ele ironiza, dizendo que como o mosquito é biônico, vai fugir passando por cima da porta. E realmente ele escapa, deixando um buraco na porta, para espanto do Vermelhinho. FIM DO PRIMEIRO BLOCO.


Chapolin se encarrega em capturar o mosquito biônico

            SEGUNDO BLOCO - Carlos, ao telefone, informa que o mosquito biônico mede cinco milímetros e nega ao interlocutor que esteja bêbado. De repente, os objetos de cima da mesa do comandante começam a cair um por um. Carlos desmaia, ao ser atingido por um soco do mosquito. Chapolin e Ramón aparecem na sala. Chapolin pega o telefone fora do gancho e ouve do outro lado da linha: "seu bêbado". Enquanto Ramón conclui que Carlos foi atingido pelo mosquito, Chapolin percebe algo de anormal na caixa de fósforos. Ramón pede que ele a agarre. Chapolin começa: "eu agarro, eu agarro...". Após a enrolação, Chapolin tenta agarrar a caixinha, que se afasta a cada vez que sua mão se aproxima. Chapolin pega a marreta biônica pra prosseguir com a caça. A caixinha voa e pousa na cabeça de Ramón. Chapolin, ao tentar bater no mosquito, acerta a cabeça do professor com a marreta. Ele desmaia. Carlos acorda. A caixa de fósforos pousa na cabeça de Carlos, que toma duas marretadas (e atingir o mosquito que é bom, nada...). O comandante desmaia novamente. A caixinha com o mosquito pousa no sofá. Chapolin, sem perceber, senta em cima da caixa de fósforos e conclui que achar o mosquito será como procurar "palheira num agulho". A caixa move Chapolin, que pula diversas vezes do sofá. Chapolin resolve deixá-lo esgotado. O mosquito, embaixo de Chapolin, o faz flutuar. Ramón tenta acertá-lo com a marreta, atingindo Chapolin na poupança. A caixinha vai parar nas mãos de Carlos, enquanto Chapolin despenca. O comandante percebe que a caixa de fósforos está vazia. O mosquito escapa e começa a morder o pescoço de Florinda. FIM DO SEGUNDO BLOCO.


O professor é o que mais sofre com as desastradas tentativas de Chapolin

            TERCEIRO BLOCO - O professor Inventivo deduz que o mosquito mordeu o pescoço de Florinda. O inseto ataca Carlos, que sai correndo desesperado. Chapolin então informa que acaba de traçar um plano inteligente para resolver o problema. Ele consiste em eliminar o mosquito biônico. Florinda pergunta como ele fará isso. "É o único detalhe que me falta resolver", responde o herói. Carlos, picado pelo mosquito, volta à sala correndo feito um louco, derrubando tudo que topa, implorando por socorro à Chapolin. Ao deixar a sala, Chapolin diz: "Mas que água essa situação. Ele pode voltar". Florinda, ao ouvir a palavra "água", começa a refletir: "Como a água oxida os metais, o metabolismo de um mosquito biônico não está condicionado à combustão do oxigênio". Chapolin não entende nada. Florinda continua: "Dessa forma, se realiza a síntese hidrolítica e o mosquito biônico sucumbe ao contato com a água. Como você é genial, Chapolin Colorado". Chapolin, num momento magistral, diz: "Eu mesmo não contava com minha astúcia". Depois, Ramón chega com baldes d'água e acha que a quantidade é suficiente para capturar o mosquito. Carlos volta, cansado, mas ainda sofrendo com a mordida do inseto, suplicando por ajuda. Ramón pede para que Chapolin jogue a água no pescoço. Vermelhinho molha o professor, que pede que ele jogue a água no comandante, que de maneira nenhuma quer tomar banho. Ramón segura Carlos, que consegue escapar. Chapolin dá outro banho em Ramón. Em seguida, Carlos volta correndo. Ao tentar molhá-lo, o herói acerta Ramón pela terceira vez. Ramón acha que Chapolin fez de propósito.


Professor Inventivo ensopado, logo após tomar três banhos do Polegar

            O Polegar pega mais um balde. Sem perceber, o mosquito lhe toma o balde, o pegando pela alça. Chapolin faz o movimento para jogar a água em Carlos e aí vê que não está segurando o balde. Carlos nota que o mosquito parou de lhe morder. O mosquito joga água e o balde em cima de Chapolin (com o efeito chroma-key da água sobre Vermelhinho, nota-se, por alguns instantes, que parte do rosto do herói chega a sumir por uma fração de segundo). Chapolin luta com o mosquito, que o faz de gato e sapato. O herói leva socos, pontapés, chaves de braço, além de ter sua anteninha puxada. De repente, o mosquito biônico cai morto. Ramón o observa pelo estetoscópio e fica em silêncio. Carlos tira o seu quepe.


Carlos "lamenta" a morte do mosquito biônico. Que venha o elefante...

            Chapolin acha que o matou, mas Ramón afirma que ele morreu de velho, justificando que as vidas dos mosquitos são curtas. Chapolin realça que já terminou a ameaça do mosquito biônico, quando Florinda aparece anunciando que já está pronta a sala para a reconstrução do elefante biônico. Ramón, empolgado, sai correndo para a execução da nova tarefa, enquanto Chapolin e Carlos ficam atônitos com a nova experiência do professor Inventivo. FIM DO EPISÓDIO.


Fotos de "A História de Don Juan Tenório": Mestre Maciel

            A História de Don Juan Tenório - Duas clássicas referências a esse personagem são feitas nos seriados: no episódio "A Catapora da Chiquinha", quando Professor Girafales e Dona Florinda se encontram, eles recitam poemas que se iniciam com "Oh, sim, belíssima Inês" e "Fala-te por Deus, dom Juan". E em "Microfones Ocultos", a senha secreta do bandido interpretado por Rubén Aguirre é "A Velha Inês". A história é de 1844 e foi escrita por D. José Zorrilla. O episódio começa com Chapolin apresentando a história. O herói informa que, no México, a peça costuma ser representada no dia de Finados ou nas vésperas e completa que o público já conheceu muitas versões do drama, mas que falta a sua (ou "a nossa", segundo as palavras do Vermelhinho). Ele se pergunta por que foi criada mais uma versão entre tantas. Chapolin responde com ditados como "Não há nada novo que dure cem anos", "O sol nasce velho" e "Não há sol que dure cem anos. Sendo novo, se já durou cem anos... vai durar um pouquinho mais". O herói anuncia a história de Don Juan Tenório "não como foi, mas como poderia ter sido". Eis os personagens:


Don Juan Tenório (Chespirito) e Dona Inês (Florinda Meza)


Don Luís Mejía (Rubén Aguirre) e o coveiro (Ramón Valdez)


Comendador Gonzalo (Edgar Vivar) e o criado (Carlos Villagrán)


Brígida (María Antonieta de las Nieves)

            PRIMEIRO BLOCO - Numa cantina denominada "Hosteria del Laurel", D. Juan Tenório (Chespirito) combina com seu mensageiro (Carlos Villagrán): Quanto mais grito alheio/quero que um raio me parta/se terminando essa carta/não a ponha no correio. Essa carta que aqui vê/mais rápida que o vento/deve levar ao convento/e entregar à Dona Inês (Florinda Meza). Após entregar a carta, Carlos pergunta: Resposta devo esperar?. Que te importa, mensageiro?, responde D. Juan. Não se irrite, cavalheiro, devolve Carlos. Não me faça se irritar, é a tréplica de D. Juan. O mensageiro deixa o estabelecimento, ao mesmo tempo em que D. Luís de Mejía (Rubén Aguirre) aparece no local, com a capa cobrindo seu rosto, fazendo com que trombe com as paredes. Ao encontrar D. Juan Tenório, anuncia: Este lugar está comprado. Mais barato se alugado, responde Tenório. Esta é a voz de Mejía, diz Tenório. Observação acertada/mas também me admiro o que vois fazeis aqui (Mejía). Estou no canto de uma cantina/ouvindo uma canção que eu pedi (Tenório). Vejo que vós sois o Tenório (Mejía). Isso também é notório (Tenório). Cantineiro, da-lhe um garrafão/ para brindar uma aposta/que numa noite como esta/vai por conta deste anão.


Tenório e Mejía costumam fazer apostas sobre quem é mais galanteador

            Lembra-te que faz um ano/apostamos otimistas/quem fazia mais conquistas/e provocava mais danos? (Mejía). Só não lembro se com tiro, facada, paulada, cassetada, mordida, pontapé ou com a mão (Tenório). Que tal se/mais do que depressa/parássemos de enrolar/e fôssemos ao que interessa (Mejía). O difícil é rimar/mas se assim dizeis/começa quando quereis (Tenório). Luís de Mejía abre um pequeno pergaminho. Bem, aqui estão/anotados os pecadinhos/alguns são inocentinhos/mas outros... você verá. A França foi por riqueza/foi tantas vezes que matei alguns franceses/e namorei muitas francesas/mas não conto outro dano/e omito por causas óbvias/porque tive tantas noivas/como os dias tem o ano. Do elenco muitos homens/que se por acaso duvidas/perguntem às suas viúvas/para que citem seus nomes. E se ainda quer que eu conte/e mentiras não invente/só namoradas quinhentas (Mejía). E quantos mortos? (Tenório). 120 (Mejía). Mas da mesma maneira agora/quero que escutes bem (Tenório). Escrevestes isto também? (Mejía). Não, ditei à minha secretária (Tenório). Don Juan Tenório desenrola um grosso e imenso pergaminho, para espanto de Luís de Mejía. Saqueei as aldeias/e os palácios conquistei/apesar de não me perder/não me pergunte como cheguei. Dominei muitos povos/arriscando a minha vida/fui pisado e sacudido/parecendo clara de ovo. A França foi por amor/que em francês se diz "amour"/claro está que foi num "tour"/mas à bordo do Concorde. Eu me lembro que em Paris/de todas as moças que amei/a primeira que eu andei/foi com a irmã de Dom Luís (Tenório). Minha irmã sempre foi séria/não acredito nessa afirmação/porque jamais andaria/com um ridículo anão (Mejía). Que pensaria se/ao invés da sua irmã/sem querer com a bela Dona Inês/eu tivesse tudo a ver? (Tenório). Parece um golpe perfeito/mas acho que ela preferiria ligar-se a D. Luís de Mejía/e não a qualquer inseto (Mejía). Ligar-se a D. Luís de Mejía?/permita-me que me ria (Tenório, que começa a rir de maneira debochada). Em vez de risada forçada/por que não saca a tua espada? Toma cuidado/que essa minha lâmina é dura (Mejía, que saca a sua espada e ameaça D. Juan Tenório). Casa de ferreiro/tanto bate até que fura (Tenório). Morrer por sua própria boca/é seu destino fatal (Mejía). Mas agora segura/que é hora do comercial (Tenório). Comicamente, Tenório e Mejía fazem o sinal de "C" com a mão, anunciando o comercial de maneira hilariante. FIM DO PRIMEIRO BLOCO.


Mas agora segura, que é hora do comercial...

            SEGUNDO BLOCO - Na casa de D. Juan Tenório, ele, de joelhos, conversa com sua refém Dona Inês (Florinda), que dorme no sofá. Belíssima dona Inês/frágil como uma gaivota/está D. Juan a seus pés/e você dorminhoca. Inês se espreguiça. D. Juan se dirige a Brígida (María Antonieta de las Nieves), a horrorosa criada manca da casa. Ela sabe onde ela está? (Tenório). Nem a mais leve suspeita (Brígida). Pois cuide que não se vá/vou à primeira à direita. Ah, se meu criado regressar, diga que não demoro muito (Tenório). Não esquentes a cabeça (Brígida). Grato (Tenório). Às suas ordens, BONITÃO (Brígida).


Tenório reverencia sua refém Inês, que ainda está sob o efeito do clorofórmio

            Logo após D. Juan entrar no banheiro, o mensageiro (Carlos) chega e se assusta com Brígida. Aí, uma bruxa em pessoa (Carlos). Não sou bruxa, sou Brígida (Brígida). Te olhando feia assim/pensei que fosse a Madame Min (Carlos). Brígida dá um tapa no estômago do mensageiro, que observa Dona Inês dormindo. É a Dona Inês? (Carlos). Certamente é/olha, parece que lhe deram clorofórmio (Brígida). Bem mais mereço/mas com isso me conformo (Carlos). Acho bom eu te avisar/que não pode conquistá-la/Dom Juan prometeu matar/a quem se atreva a olhá-la (Brígida). A mim pouco importa a morte/o que eu quero é me esbaldar/ah mamãezinha/que sorte tem os mauricinhos (Carlos). Pois está procurando uma noiva/a solução é muito óbvia/as parceiras já estão organizadas/aqui Dona Inês pra Dom Juan/Dona Eu pra Dom Ti (Brígida). A triste divisão/ah que destino ingrato/os filés para o patrão/e os restos para o gato (Carlos). Você fala as bobagens/dentro de uma evidência/que entre essa mocinha e eu/não há nenhuma diferença (Brígida, comparando Inês com ela mesma). Me perdoe o desacato/mas o contraste é evidente/aqui bela adormecida/aí uma múmia doente (Carlos, comparando Inês e Brígida). Que foi que disse, seu demente? (Brígida, que se aproxima do mensageiro mancando e lhe acerta mais um tapa no estômago).


Brígida dá em cima do criado, que a compara com a Madame Min

            Dona Inês enfim desperta de seu sono. Oh, mas que horrível pesadelo/estou no purgatório? (Inês). Mas o que dizes, dondoca?/é a casa de Tenório (Brígida). Dona Inês se assusta com a feiúra do mensageiro. Oh não, minha nossa senhora das novelas/e de todo o dramalhão/serei eu a refém/de um Tenório bochechão? (Inês). Não põe o carro/na frente das vacas, carros ou bois/sois refém de um nanico/isso é o que sois. Esse não é seu galã/você acabou se equivocando (Brígida). Então quem é Dom Juan? (Inês). Esse aí que vem chegando (Brígida, ao ver Tenório voltando para a sala). Não sei se é fato ou fita/se é fita ou se é fato/o fato é que ela me fita/e eu a fito de fato (Tenório, na mais sensacional poesia do episódio, em verso que lembra um pouco o refrão do samba do Arranco, estandarte de ouro do Grupo de Acesso de 2006 "Sou a alma, sou a cara/sou o retrato/que retrata o que na alma/eu sou de fato"). Oh, Dom Juan, Dom Juan, mas que dor/já sem forças eu não falo (Inês). Seria dor de amor? (Tenório). Não, está me pisando no calo. Mas prossiga pronunciando/seu glorioso discurso/eu não tenho mais recurso/senão te seguir escutando (Inês). Dona Inês amada minha/luz da mais eterna beleza/eu passei todo o dia/na mais completa moleza. Eu dizia que reflete/a cor do mundo inteiro/se tens algum amor pendente/dá-lhe um chute no traseiro. Pois chegou quem estava ausente/e esse não consente nada. Não é verdade, anjo do amor/que nessa exata horinha/ia bem uma saladinha/de tomate couve-flor? (Tenório). Ah, Dom Juan, Dom Juan/eu imploro por tua fidalga compaixão/arranca-me o coração/ou ama-me porque te adoro (Inês). Deixa de lado o orgulho/bondosa criada da casa/e me dá um copo de sede/que estou morrendo de água (Carlos). Tem os tensos tão dedos/que até as dores me pernam/por isso os cantos pássaram/por isso os miados gatam (Brígida). Quanto mais eu apareço/mais assombração me reza (Carlos). Homens funêstos que acusam/suas mulheres têm razão/sem ver que são a relação/do mau juízo que delas fazem/se com desejos sem igual/querem arrancar seu perdão/porque as quereis então?/se fazem mal á digestão (Brígida). Bem agora que eu me ia/aí vem Dom Luís Mejía (Carlos).


Chorar e chorar... matar e matar...

            Mejía (Rubén Aguirre) entra na sala. Por mais terras que eu percorra/não permita Deus que eu morra/sem que os faça chorar (Mejía). Tenório, Inês, Brígida e Carlos começam a cantar "chorar, chorar, chorar, chorar" (lembrando a serenata de Julieu para Romieta na hilariante segunda parte do episódio). Por enquanto, Dom Juan, tu existe/mas vai ficar muito triste/porque te vou matar (Mejía). Todos voltam a cantar: "Matar, matar, matar, matar". FIM DO SEGUNDO BLOCO.
            TERCEIRO BLOCO - Sua atitude está no ar/vejo que está inspirado/como pretendes me matar/se não tem nada amolado (Tenório, que puxa a sua espada). A Dom Luís ninguém mata/mas se acaso vier pra briga/arranca tua peixeira/que eu vou virar tua tripa (Mejía, que também puxa sua espada). Que comece esse combate/já que tem vontade de ação/se isto acabar em empate/vamos ter prorrogação (Tenório). Os dois começam a lutar, até que Tenório pede "um minutinho". Ele pega um vaso e o mostra para Mejía antes de quebrá-lo na sua cabeça. Mejía desmaia. Brígida manqueja, se aproxima de Mejía, o analisa e conclui: Se querem ouvir a verdade/esse já vai deixar saudade.


Tenório e Mejía lutam por Inês, e o baixinho leva a melhor

            Oh, aí vem meu pai (Inês). Põe coleira, senão ele sai (Carlos). É o comendador (Brígida). Sou eu mesmo, sim senhor. Onde está esse calhorda/que a minha paciência transborda? (Comendador Gonzalo, interpretado por Edgar Vivar). Com certeza, muito górda (Tenório, que se aproxima do pai de Inês). Comendador... (Tenório). Está de joelhos? (Comendador). Não, não estou de joelhos (Tenório). Perdão, é que... pelo tamanho (Comendador). Comendador, bom amigo/Dona Inês será minha um dia/e casando-se comigo/já ganha na loteria (Tenório). Toda a má sorte me escolta/todos os castigos são meus (Comendador, que se dirige à Inês e pergunta "Não era você que queria casar com o John Travolta?"). Eu posso estar enganada/mas esse homem que aqui está/por mais feio que seja/ainda é melhor que nada. Além do mais/eu não quero passar a vida sozinha/se lembra da Joana D'Arc/que morreu solteirinha? (Inês). Aqui rompe-se o acordo/espero que sem transtorno (Tenório). Quando engano se flagra/se tenta dissimular? (Comendador). Não pretendo disfarçar/é que tá difícil casar (Tenório). Falemos do presente/sem esquecer o passado (Comendador). A cavalo dado/nunca se olha os dentes (Tenório). E essas são palavras de amor/para uma mulher tão linda? (Comendador). É que pau que nasce torto/sempre morre torto (Tenório). Tua língua mata e condena/por isso deves morrer (Comendador). Água mole em pedra dura/quer chumbo porque pula (Tenório). Não fique pensando/que dessa vai escapar ileso/porque o que tens de altura/é o que tens de coragem (Comendador). O que dizes, javali?/Dom Juan de medo não peca/se não mudar o tom/te fatio em bisteca (Tenório). Os dois começam a lutar, mas Tenório, totalmente desgovernado, vai para o lado oposto com a espada a postos, enquanto todos o observam com espanto. Tenório faz o movimento que enfia a espada e lhe tira o sangue, mas ele percebe que o comendador está do outro lado e volta a fazer movimento de luta com a espada. Tenório atinge a poupança de Carlos, que declama: Por meu patrão, fui traído/que varou meu coração/e agora vou morrer inerte/no meio do vespeiro/pois fui ferido de morte/na região do traseiro. E Carlos desmaia. Isso aconteceu infeliz/porque de cara não me quis (Brígida). Continuemos... (Tenório). Quando Tenório se vira, é atingido pelo Comendador (a espada simplesmente fica entre o braço e o corpo, como se ela o atravessasse).


Tenório morre nos braços de Inês

            Tenório agoniza por alguns segundos, até que, antes de cair no sofá, ele pega a espada atravessada e com ela limpa o móvel onde cairá. Carinho! Meu rei! Tesouro. Está ferido, meu amor? Responde, isso dói muito? (Inês). Só dói quando eu rio (Tenório). Me diz que se sente bem/se não for assim/prefiro já logo morrer também (Inês). Celebrar já não poderei/meu aniversário em janeiro (Tenório). Oh, por quê? Responde, por quê? (Inês) Por que eu nasci em fevereiro (Tenório). Ah, que mais tendes a dizer?/diz a verdade, amorzinho/tu achas que vai morrer? (Inês). Ainda tem um tempinho (Tenório). Oh, não/que será de mim? (Inês). É óbvio/virão a ti muitos galãs estranhos/mas você tem que me prometer que/antes de quatro anos/com ninguém se casarás (Tenório). Pois eu juro que não vacilo/isso prova que me amas (Inês). Já posso morrer tranqüilo (Tenório). Você disse quatro semanas? (Inês). Tenório morre, Inês dá um grito e chora.


O criado morre junto com o comendador

            Carlos ainda se levanta e, antes de morrer, diz: Por culpa de uma mulher/deram cabo do criado/mas se eu tenho que morrer/que me acompanhe o culpado. Carlos finge puxar uma espada, mas percebe que não está armado. O comendador começa a rir. Carlos então dá um pontapé no comendador. Pelo covarde fui acertado/e eu digo não é por nada/acertou-me uma patada/com a bota envenenada (Comendador, que cai morto junto com Carlos). Mas que macumba de efeito/estou a olhar tanto defunto/e vendo tantos homens juntos/não posso tirar proveito (Brígida). Inês e Brígida choram juntas enquanto ficam estirados os cadáveres de Tenório, Mejía, do criado e do comendador.


Mortos, todos se reencontrarão no cemitério

            Depois, no cemitério, Tenório senta em cima de um túmulo. Sinto um calafrio/e me gela o coração/isso aqui é uma tumba/logo estou num panteão/sinto que alguém se aproxima/mas tenho que fazer verso/aproxima com que rima?/me saiu sem grande esforço. Com um lampião, chega o coveiro (Ramón Valdez) cantando de maneira hilariante, dançando e com voz de bêbado "Não tava morto, só andava falecido". Quando o coveiro percebe a presença de Tenório, pergunta: Procura alguma coisa, cavalheiro?. Me chamo Dom Juan Tenório (Tenório). Eu sou o coveiro deste triste "cemitório" (Ramón). Nem todo mundo nasce poeta... (Tenório).


"Não tava morto, só andava falecido", música já na boca do povo CH

            Me perdoe se te digo que/pelo fraco e o grotesco/por um minuto pensei/que sereis um morto fresco (Tenório). Que que foi, que que foi, que que há? (Ramón). Quero saber uma coisa/me responda sobre o assunto/quem descansa em tanta cova? (Tenório). Um punhado de "defonto" (Ramón). Não é "defonto", é defunto/mas se tu preferes/apelide-os de presunto (Tenório). Bom, então são "presontos" (Ramón). E são gente que conheceu? (Tenório). Não, são gente que morreu (Ramón). Não me causa estranheza/já que ultimamente/um detalhe conhecido/morrendo está muita gente/que antes nunca havia morrido (Tenório). Tenório observa o túmulo e se espanta. Gente, olhe o que eu vi/isso parece irrisório/veja o que diz aqui/"aqui jaz Dom Juan Tenório" (Tenório). E você pensa que eu não vi?/se não faz nem meia hora que estava passando/e ti vi sair de sua sepultura (Ramón). De uma sepultura? Não/não entendo o que faria nela/acaso pensa que eu...? (Tenório). Também esticou as canelas (Ramón). Quer dizer que dessa vez/todo mundo faleceu? Dom Luís, Dom Gonzalo, o criado, eu... mas e Dona Inês? (Tenório). Yes/e se tiver alguma dúvida/aqui está sua sepultura (Ramón). É sua tumba/isso é óbvio/de que morreu/o que tinha? (Tenório). Morreu de panela (Ramón). Panela? (Tenório). Veio uma carroça e pá... nela (Ramón, que gesticula com as mãos representando alguém atingido por alguma coisa). Em cima da tumba de Inês (localizada do lado da de Tenório), aparece o seu fantasma. É um fantasma outra vez/minha querida Dona Inês (Tenório). Ramón começa a cantar e dançar: "Não tava morta, só andava falecida". Tenório o fita irritado, e o coveiro pára de cantar.



Pra cada fantasma, o coveiro canta a musiquinha

            Sou um fantasma que vive/imune a qualquer gozação/mas tu já és um bobão/com medo de assombração (Inês). Não diga essa blasfêmia/quando me viu assustado?/mas mudando de assunto/como tens passado? (Tenório). Podes ver que eu desfruto/mas é claro, não é uma coisa assim que se diga/nossa, que cômoda que é esta cova/eu estou lá no purgatório/rezando pelo Tenório. Mas e você/o que conta? (Inês). Assim, assim, assado (Tenório). Que significado tem? (Inês). Silêncio, aí vem alguém (Tenório). Mas é claro que sim, senhor/meu pai, o comendador (Inês). Assim que aparece o fantasma do comendador, Ramón canta mais uma vez "Não tava morto, só andava falecido", parando logo com mais um olhar indignado de Tenório. Não agüento esses apertos/responda-me/vós sabeis/por que não fazem sepulturas/tamanho 56? (Comendador, se dirigindo ao coveiro). Por enquanto és obeso/mas logo perder peso (Ramón). O fantasma de D. Luís Mejía também aparece. Esse que aparece ali/não é por acaso D. Luís Mejía? (Tenório). Seguramente que sim (Comendador). Quem diria que eu o veria? (Tenório). Pois bem, D. Juan, aqui estamos/depois de alguns desacertos/para sempre condenados a viver por entre os mortos (Mejía). Posso fazer uma proposta? (Tenório). De que tipo? (Mejía). Outra aposta/já que estamos aqui juntos/quem causa mais zoeira/quem revira mais defuntos/se namora mais caveiras (Tenório). Mejía dá a entender que concorda com a sugestiva aposta. FIM DO EPISÓDIO.


Fotos de "Transplante de Mão": Mestre Maciel

            Transplante de Mão - Começa com a mocinha (María Antonieta de las Nieves) voltando do mercado e se deparando com uma geringonça no meio do pátio: um barril azul com uma proteção semelhante a de um abajur gigante e um relógio pendurados. Um detonador com dinamites está ligado ao trambolho. Enquanto ela olha espantada para aquilo, aparece o seu pai (Horácio Gómez Bolaños), o engenheiro Gómez. Ela pergunta a ele o que está fazendo. Ele responde que é uma nave "interpratanária". Ela corrige dizendo que é "interplanetária". O engenheiro chega a tirar um cacho de banana-prata de dentro da "nave" pra comer no caminho.


A mocinha se apavora com a nave "interpratanária" e o detonador com as dinamites

            Ela começa a rir, mas logo se espanta com o detonador e as dinamites. Ele diz que os cartuchos servem para o disparo da nave rumo ao espaço. Ele se prepara para acionar as dinamites, e ela corre desesperada, imaginando que tudo aquilo vai explodir. Ele concorda, mas que só acontecerá a explosão se ele abaixar a alavanca do detonador. Ela pergunta se ele já explodirá e ele nega, alegando que está apenas testando o motor. O engenheiro entra na "nave" (ou melhor, no barril), e diz que está se preparando para entrar em órbita. Ele coloca o capacete e pede para a filha apertar o detonador. Ela nega e pergunta se ele está louco. O engenheiro concorda e pergunta: "se eu não estivesse louco, você acha que eu estaria fazendo todas essas coisas?". Irritado, ele deixa a nave e diz que vai procurar ajuda em outro lugar. O engenheiro alega culpa por ter tido uma filha mulher ao invés de um técnico da NASA. Ele deixa o pátio, ela implora que seu pai volte, mas sem sucesso. Ela invoca Chapolin. Ele tropeça e quase cai em cima do detonador, pra desespero da mocinha. Durante o papo com ela, ele tenta apoiar o pé no detonador, mas logo é impedido pela mocinha, que o abraça. Chapolin fica com cara de bobo. Ela finalmente explica que aquilo é um detonador de dinamite e conta tudo o que aconteceu. Ela quer impedir que seu pai volte ao pátio. Chapolin fala "eu acho", mas é sempre interrompido por ela, que acaba se irritando e vai sozinha tentar deter o engenheiro Gómez. Sem perceber, Chapolin senta no detonador e, após soltar mais um "eu acho", tudo explode.


Chapolin, desastradamente, senta em cima do detonador e... bum!

            Depois, em um consultório médico, Chapolin aparece com a mão direita enfaixada. A enfermeira (Florinda Meza) pergunta a Chapolin como é que ele se sente. "Regular, sinto a mão um pouco estranha". Florinda faz, por um rápido momento, uma cara de desespero, mas logo coloca que aquilo é natural. Ela recomenda que Chapolin tome um comprimido para a dor e deixa a sala para avisar o doutor sobre a sua presença. Chapolin tem dificuldades para tirar a embalagem do comprimido. O herói acaba derrubando o copo d'água deixado pela enfermeira. Ele vai ao bebedouro pegar mais água, mas a mão enfaixada faz ele se atrapalhar todo. A solução é colocar o copo por cima da mão, para enchê-lo e depois equilibrá-lo até onde ele deixou o comprimido. Sem necessidade, ele toma a água equilibrando o copo com a mão enfaixada (já que havia usado a canhota para ingerir o comprimido). Chapolin começa a observar os objetos da mesa do doutor, como um olho gigante e um estetoscópio. Ele coloca com dificuldade o aparelho nos ouvidos. Quando ele bota no seu coração para medir as pulsações, um ruído estranho emite. É o telefone que toca. Florinda o atende. Chapolin pensa que o estetoscópio funciona como telefone, já que as respostas dada por Florinda correspondem às suas perguntas. Chapolin acha que o "outro eu" está falando com ele, pois com o estetoscópio, imagina que seja a "Chapolina", já que tem voz de mulher. Florinda diz à interlocutora que ela não deve caminhar como homem, já que vai ser mãe. Chapolin acha que é com ele e fica atônito, mas logo percebe que Florinda fala ao telefone com outra pessoa.


Chapolin se choca ao saber que teve a sua mão direita amputada

            Quando Chapolin pergunta pelo médico, na hora ele aparece. O médico (Carlos Villagrán) diz que estava fazendo uma operação muito importante e pede para que Chapolin mostre a língua. Sob ela, o doutor passa um envelope para que ele grude e pede para que Florinda coloque a carta no correio. O médico pergunta como anda a sua mão. Chapolin retruca dizendo que são os pés quem andam. O médico começa a rir e tacha Chapolin se gozador. Chapolin não acha muita graça e pergunta quando que ele irá tirar as bandagens de sua mão. O médico começa a enrolar e pede para que Florinda conte. O médico pergunta se ela não usa calças. Florinda responde que não. Chapolin pergunta novamente e o médico volta a enrolar. Ele dá a volta pela mesa até sentar na cadeira, acende um cigarro e pergunta, após algum tempo: "Do que estávamos falando?". Chapolin se enfurece. O médico, ao tentar explicar, gagueja. Florinda implora que ele conte. O médico então questiona: "Você acha que é fácil dizer a uma pessoa que lhe amputamos a mão?". Chapolin se espanta. O médico enfim confessa que a mão direita de Chapolin foi amputada. FIM DO PRIMEIRO BLOCO.
            SEGUNDO BLOCO - Chapolin mantém-se espantado. O médico coloca que não havia outra solução. Chapolin alega que sente alguma coisa embaixo da bandagem. O médico avisa que uma outra mão foi colocada. Chapolin pergunta se dará certo? Florinda concorda e exemplifica que ela possui um rim doado pela sua irmã. O médico aponta para seu nariz e diz que não é o seu. Chapolin diz que o nariz é o outro rim da irmã dela. O médico fala que o seu nariz é de alguém que morreu. Chapolin então entende que os transplantes são feitos com os órgãos de outras pessoas. Florinda diz que tem órgãos que não podem ser transplantados, por exemplo quando se perde uma perna. Chapolin senta em cima da perna esquerda, que desaparece, e ele se apavora (cena engraçadíssima). Chapolin se levanta e aí sim percebe sua perna esquerda "de volta".


Enquanto Chapolin pensa que também perdeu a perna, o figurante narigudo, como sempre, rouba a cena

            Chapolin novamente pergunta quando irão tirar suas bandagens. O médico diz que primeiro é necessário saber como está a cabeça do Vermelhinho. Chapolin pensa que também a trocaram. O médico explica que precisa saber se Chapolin está preparado mentalmente para aceitar a troca e que se percebe isso com um exame psicológico. O doutor dirá umas palavras e pede a Chapolin que diga outras relacionadas com as que disser e exemplifica que, se falar "rosa", o herói poderá dizer "perfume", porque há perfume nas rosas e aí Chapolin entende. O doutor diz "par de meias". Chapolin: "perfume". O médico não concorda e pede para que o herói relacione o par de meias, por exemplo, com tornozelo. E prossegue: "mãos - só uma", "cego - árbitro de futebol (o doutor concorda plenamente)", "enfermeira - manda ver!", "automóvel - não fume", "animal - animal é você", "animal - caracol". Florinda pergunta como ele está. "Perfeito (afirma o médico) - Chapolin (responde o herói)". O médico informa que não é mais necessário que responda e que o exame psicológico acabou. Chapolin então pergunta mais uma quando lhe serão tiradas as bandagens. O médico diz que será "agora mesmo". Chapolin fica um pouco nervoso. No dia seguinte, o doutor chega e é informado pela enfermeira que Chapolin sente reações estranhas com a nova mão. O médico concorda e diz que a mão que lhe foi implantada era de uma bailarina. A enfermeira se espanta. O médico alega que não pôde encontrar outr a coisa e pede para que ela não conte nada para Chapolin, justificando que o paciente nunca deve saber de quem era o órgão que lhe foi transplantado "para evitar futuros complexos". Ele chama o primeiro paciente (na verdade, o único): o famoso figurante narigudo. O médico pergunta quando que transplantou aquele nariz para ele. Discretamente, o figurante balança a cabeça negativamente, mas rouba a cena como sempre. Os dois entram na sala do consultório. Chapolin aparece na recepção e abre a porta com delicadeza. Ele ostenta uma mão cor-de-rosa. Florinda se espanta com a sua chegada. A mão nova de Chapolin faz uma pose bastante feminina. FIM DO SEGUNDO BLOCO.


A mão de bailarina põe em xeque a masculinidade do nosso herói

            TERCEIRO BLOCO - Na recepção, Chapolin folheia uma revista, e sua mão direita cor-de-rosa faz um movimento típico de bailarina, cheio de graça e delicadeza. Florinda o observa, preocupada. Chapolin percebe que ela está olhando e logo segura sua mão direita, todo sem jeito. Chapolin, impaciente, pergunta a que horas que o doutor lhe atenderá. Florinda responde que ele está com outro paciente, mas que logo logo ele vai lhe atender. Ao responder como se sente, enquanto ele diz que não se sente tão bem e que, mesmo com aquela mão, continuará sendo um homem completo e enfrentará o perigo, sua mão direita pega a rosa da mesa da enfermeira de modo bastante feminino. Ele percebe, larga a rosa e segura a mão, alegando que queria matar uma mosca. Mas novamente, ele segura a rosa como se fosse bailarina. Ela pergunta se é outra mosca e Chapolin alega que ainda não conseguiu controlar os movimentos de sua mão. Florinda vai ver se o doutor terminou de atender o figurante narigudo. A mão de Chapolin faz mais uma pose feminina e ele se apavora. Assim que ela entra, Chapolin tenta imitar lutador de boxe, e se esforça o máximo para fechar a mão de bailarina. De tanto insistir, consegue. Quando ele ensaia os golpes com a mão esquerda, eis que a direita se move delicadamente pra baixo, num movimento bastante feminino, o que o leva a loucura (uma das mais engraçadas cenas da história dos seriados CH).


Uma das mais cômicas cenas da história das séries

            Chapolin começa a chutar a sua mão, enquanto chega o louco da nave "interpratanária": o engenheiro Gómez (Horácio Gómez Bolaños) com uma tipóia no braço direito e band-aid's no rosto. Chapolin percebe sua presença e logo segura a mão de bailarina, disfarçando. O engenheiro pergunta pelo médico e Chapolin deixa claro que chegou primeiro. O homem diz que pode esperar e Chapolin pede para que sente, com mais um movimento feminino de sua mão cor-de-rosa, a girando toda. Chapolin imediatamente a segura. O engenheiro estranha as atitudes do Vermelhinho e pega uma revista. Chapolin prende a mão de bailarina no seu braço esquerdo e assim apanha outra revista e se senta ao lado do engenheiro. Ele começa a folhear a revista novamente de maneira delicada, com a mão dando uma sofisticada voltinha. O homem, ao seu lado, desconfia de Chapolin e se distancia um pouco do herói no sofá. De repente, a mão de bailarina cutuca o engenheiro, que se enfurece e empurra Chapolin. Polegar devolve o empurrão, mas com a mão cor-de-rosa fazendo uma pose cheia de graça, pra seu desespero. O homem diz que conhece Chapolin de algum lugar e Chapolin se identifica, perguntando se ele não conhece sua roupa. O engenheiro diz que o médico também atende a muitos palhaços de circo, mas que sente muito prazer em conhecê-lo. O engenheiro oferece um aperto de mão, e a mão de bailarina faz a típica pose de quem quer ter a mão beijada, com o braço esticado e a mão pra baixo. Novamente, Gómez se irrita.


Ai, chuchu!

            Florinda volta da sala e diz ao engenheiro que Chapolin não tem culpa de que lhe tenham enxertado a mão de uma bailarina. Chapolin ouve e ela se dá conta de que falou na hora errada. Ela implora para que Chapolin não conte ao doutor, mas o herói imediatamente vai até a porta pedindo para que ele a abra. Sua mão esquerda bate com intensidade, mas a direita, pra variar, toca com delicadeza. Mais uma vez Chapolin segura a mão cor-de-rosa. O engenheiro solta um "suspeitei desde o princípio". Depois, Chapolin sofre mais um transplante e o médico lhe tira as bandagens, pedindo desculpas por não ter encontrado coisa melhor. Mas ele garante que a nova mão será perfeita. Chapolin pergunta se ela não é de mulher. O doutor diz que não e completa que a nova mão é de macaco. Eis que surge uma mão preta e peluda do lado de fora do uniforme de Chapolin, que novamente fica espantado. O médico alega que o macaco foi o único cadáver fresco que conseguiu encontrar. Chapolin se conforma dizendo que, não sendo de mulher, a mão pode ser de macaco. Florinda, porém, interfere dizendo que a mão não é exatamente de macaco. E sim de macaca. A nova mão de primata faz uma pose feminina, virando pra baixo com delicadeza, pra desespero de Chapolin. FIM DO EPISÓDIO.


A mão não é de macaco: é de macaca...

            Que o SBT continue estreando novidades atrás de novidades no seriado Chapolin. Repetindo o que falei na coluna anterior: a nação chapolinmaníaca agradece!

MESTRE MACIANDO NA SAPUCAÍ
As últimas do meio CH

Sobre o episódio do Don Juan Tenório (E), ele estará presente no próximo box de DVD's da Amazonas Filmes que em breve estará à venda. É a mesma versão que foi apresentada no dia 1º de julho. Algumas curiosidades referentes à exibição deste episódio: ele foi apresentado pouco mais de duas horas antes do início do fatídico jogo contra a França que culminou na eliminação do Brasil na Copa da Alemanha. Como Chapolin anuncia que a peça de Don Juan Tenório é encenada no dia de Finados ou nas vésperas, além da cena do cemitério, popularizada pela música "Não tava morto, só andava falecido", podemos considerar que a apresentação do episódio exatamente naquele instante serviu como uma espécie de aviso da nossa desclassificação no Mundial de Futebol, de tanto falar em mortos. E sobre a divertida música cantada pelo coveiro interpretado por Ramón Valdez, uma leve polêmica foi levantada em função da tradução feita pelo nosso colunista Gustavo Berriel na tradução e adaptação dos textos para a dublagem no Estúdio Gábia. O "não tava morto, só andava falecido" (do original "no estaba muerta, andaba de parranda"), na dublagem do DVD aparecerá cantado assim por Carlos Seidl: "CHEGOU UM MORTO, MAIS UM BATEU AS BOTAS". A discussão foi feita nos fóruns chavesmaníacos e a maioria mostra preferência pelo "não tava morto, só andava falecido", embora o próprio Berriel ache que sua tradução "chegou um morto, mais um bateu as botas" ficou muito melhor. E você leitor? Qual é o mais engraçado na sua opinião? "NÃO TAVA MORTO, SÓ ANDAVA FALECIDO" ou "CHEGOU UM MORTO, MAIS UM BATEU AS BOTAS"? Pela primeira vez, uma dublagem ainda não conhecida de um episódio gera discussão por parte dos chavesmaníacos, já que a dublagem MAGA do mesmo, com muito mais credibilidade e aceitação, foi apresentada por ela primeira vez naquele histórico 1º de julho de 2006 (feliz para os chapolinmaníacos, triste para os nossos futebolistas...). Ou seja, quando o episódio foi dublado na Gábia, ele ainda era desconhecido por quase todos. Mas o certo é que, se não fosse a apresentação do episódio no SBT, o "chegou um morto, mais um bateu as botas" seria unanimidade no DVD.

E por falar em Copa do Mundo, não notaram certa semelhança na cabeçada dada por Zidane no zagueiro italiano Materazzi com o chifre destruidor de Chapolin no episódio Folclore Japonês? Com o golpe (rebatizado na dublagem Gábia de "chifradadebode"), o Vermelhinho derrota Sympatho Yamasaki (Edgar Vivar). Pior que tem tudo a ver, mesmo... Compare as cenas à direita.



Vem aí o segundo livro de Luís Joly e Fernando Thuler sobre o Chavinho. "Chaves & Chapolin - Sigam-me os Bons!" (E), da editora Matrix, chega às lojas embalado pelo sucesso de "Chaves - Foi Sem Querer Querendo?" do ano passado. Já estou guardando dinheiro para adquirí-lo, e esperamos que o segundo livro tenha menos informações equívocadas com relação ao primeiro, o que desgostou os chavesmaníacos mais fervorosos. Tô louco pra ver esse quiz de mais de 600 perguntas sobre os seriados, vamos ver se eles se basearam no antigo Vestiba do Mestre, hehe. A dupla Joly e Thuler também foi contratada pelo site Vila do Chaves para escrever colunas. Congratulações ao Vila pelas brilhantes aquisições.


Novidades sobre Chaves no comércio em geral: chicletes e cadernos. A goma de mascar foi
lançada pela Ping Pong, e traz figurinhas com desenhos semelhantes ao do álbum lançado pela Panini. Já os cadernos, produzidos pela empresa gaúcha Credeal, trazem o personagem com osbordões "Isso, isso, isso", "Foi sem querer querendo" e "Ninguém tem paciência comigo". Agradeço à assessora de imprensa da Credeal, Beatriz Helena Rodante, por ter me enviado o release sobre a "Linha Chaves" de cadernos. As imagens estão à direita.



Mais um mistério CH foi desvendado, agora pelo usuário do FUCH Tim Silva. Lembram-se do sinal com a mão "C", feito pelo homem fantasiado de Napoleão logo após ter a sua carteira roubada por Chompiras no episódio "Festa a Fantasia"? Pois este gesto é característico do apresentador Raul Velasco, um famoso animador dominical do México (será um Silvio Santos asteca?) que participou da famosa cena do episódio. Quando seu programa vai para o intervalo, Velasco sempre faz o sinal com a mão dizendo "ainda tem mais". Além do anúncio do comercial por Don Juan Tenório, como aparece descrito e ilustrado no resumo um pouco mais acima, Seu Madruga, na terceira parte do Festival da Boa Vizinhança, repete o mesmo gesto e a mesma frase logo após Pópis anunciar que Chaves está no banheiro. Taí uma coisa que sempre gostaria de saber... Muito obrigado, Tim! À esquerda, Velasco na famosa cena e ele atualmente.

O vídeo e as fotos já estão no ar no Turma CH, mas você pode ver, por aqui primeiro, a foto de um comercial que María Antonieta de las Nieves, travestida como Chiquinha, fez na época do Natal anunciando um certo Frango Campero. A publicidade (à direita) foi veiculada na Guatemala no fim dos anos 70. Uma grande pérola, sem dúvida nenhuma.

A seguir, alguns vídeos no YouTube referentes à raridades sobre a turma do Chaves. Aqui, vocês podem conferir uma entrevista do elenco CH (com as roupas dos personagens) para o apresentador Pepe Ludimir. Aqui, a chegada do elenco ao Chile, em 1976. Aqui, o encontro de Carlos Villagrán (travestido como Quico) com o seu dublador no Brasil Nelson Machado, durante a entrevista que concedeu a Jô Soares. Aqui, a matéria sobre Chaves no SBT Repórter, exibida em 2001. Aqui, a cena exibida originalmente antes do episódio do "Chiclete que Grudou no Chapéu", que mostra os personagens comemorando o Prêmio Heraldo ganho pelo seriado como melhor programa humorístico do México do ano de 1973. É certo que tem mais preciosidades por aí, mas se eu for citar todas aqui...

Olha o charlatão aí de novo... Anda sendo veiculada pela TV Gazeta (que, pelo que eu saiba, pega só em São Paulo) um comercial em que Roberto Vásquez (E), o homem residente de Portão-RS que se passa pelo Quico, faz as palhaçadas do filho da Dona Florinda. Ele anuncia a Agência Nacional de Talentos, cujo site você acessa clicando aqui. Pô, será que essa galera não se toca que o cara é um falsário? Tanto que o comercial passa só na Gazeta, emissora famosa por seu eterno traço na audiência... Já não basta o programa que ele tem na TV Urbana, afiliada da Rede TV em Porto Alegre (canal 55 UHF), chamado "Histórias do Kiko"? Segundo o sócio do jornal Zero Hora, Kagiva, ele conta historinhas como "Branca de Neve", "Romeu e Julieta", "O Lobo Mau", "Chapeuzinho Vermelho", etc. Na abertura e no final, três mulheres vestidas de Chiquinha dançam com ele a música que diz "Quico... Quico... Rá Rá Rá". Francamente... Ah, só para constar nos autos: a Ulbra TV (canal 48 UHF e 21 da NET em Porto Alegre) continua exibindo, na maior cara de pau, os DVD's da Amazonas Filmes. A emissora está quase concluindo o primeiro box, pois já apresentou o DVD do Chaves, do Chespirito, e atualmente passa o do Chapolin. Vamos ver se eles apresentarão, daqui a alguns dias, os episódios do segundo box. Para a gauchada: todas as sextas-feiras, às 13h30min, com reprise às 18h30min, tem "a divulgação do trabalho do Berriel, Paulo Duarte, Estúdios Gábia e cia." na Ulbra TV. Acho que não agradei...

Já está em cartaz nos cinemas o filme "As Bandidas", protagonizado pelas belas Penélope Cruz e Salma Hayek. Edgar Vivar faz uma participação, com seu personagem sendo assassinado pela de Penélope. Dizem que o filme é uma porcaria, mas pela especialíssima participação do intérprete do Seu Barriga, vale a pena dar uma espiada... Eis uma imagem sua na produção.

Os sites Mundo Chespirito, CHBR e Portal Chespirito lançaram o Fórum Feio, Forte e Formal (nome sugestivo). É um novo centro de discussão sobre a obra de Chespirito. Vamos ver se emplacará... É mais uma opção que se junta ao FUCH e ao Fórum do Fã-Clube. O banner é este abaixo. Confira, na nova Coluna do Andy, os motivos que incentivaram a criação deste novo fórum. Parece que o responsável pelo seu nascimento foi o próprio Andy...

"Páginas da Vida" (ou melhor, "Festival de Guampas" ou "Sexy Hot na TV Aberta") recém estreou, e nada como ver as minhas duas maiores musas na mesma trama: Manuela do Monte (E) e Fernanda Vasconcellos (D). Repito: é uma lástima que a Nandinha deixe a novela ainda na primeira fase, pois sua personagem morrerá durante o parto dos gêmeos (um deles terá Síndrome de Down). Já Manu terá a novela toda para mostrar seu gigantesco talento (além da estonteante beleza). Fiquei pasmo em saber que ela é filha da Helena Ranaldi na novela. Bem, filha de musa, musinha é! Em todo o caso, aí vão as fotos atuais das duas para fechar com chave de ouro a coluna. Você que decida quem é a mais bonita! Tarefa duríssima...

Mestre Maciel

marcofelgueiras@brturbo.com.br