OUTRAS SEÇÕES DA COLUNA (clique o nome para visitá-la): O TEMA CENTRAL E MESTRE MACIANDO NA SAPUCAÍ

UM CABOCLO FALSO NO MANGUEIRÃO

          Antes de eu partir para o assunto chavesmaníaco, queria que vocês acompanhassem uma aventura inusitada que vivi durante a minha estada de 15 dias no Pará em fevereiro. Se não tiverem paciência para ler a "Bíblia" abaixo, cliquem em "Tema Central" que vocês serão destinados diretamente ao meu papo de praxe sobre os seriados CH. Só adianto que, apesar de tudo que passei, no fim das contas, acabou valendo a pena. E como!

          Dos 15 dias no Estado cuja estrela na bandeira é a única acima do "Ordem e Progresso", fiquei dez na cidade de Abaetetuba, minha terra natal, localizada a 100 km de Belém (essa distância pela Alça Viária, estrada inaugurada em 2002 que acabou com a exclusividade do transporte por barco, já que o trajeto entre Belém e Abaetetuba é dividido pelo rio Guamá e por mais outros dois rios. Por isso que, da capital paraense, temos que percorrer alguns quilômetros pela BR-386, passar por Ananindeua até chegar em Marituba, onde se localiza a Alça Viária). Na minha cidade, o time do Abaeté, que estreou este ano na elite do futebol paraense, faz uma campanha muito boa no campeonato estadual. No momento, é o melhor time do Segundo Turno. Antes, o Abaeté, que já estava eliminado do Primeiro Turno, acabou garantindo um Remo e Paysandu na final da Taça Cidade de Belém (como é chamado o Primeiro Turno) ao não deixar que o Águia de Marabá, que disputava a vaga com o Papão, lhe vencesse. Uma vitória simples colocaria o time de Marabá na final contra o Remo, que havia obtido uma classificação heróica no dia anterior (perdia por 2 a 0 para o Castanhal e, com um jogador a menos, virou para 4 a 2 e classificou-se com a derrota do São Raimundo - até então líder da chave - para o Pedreira por 1 a 0). Num domingo, dia 20 de fevereiro, no Estádio Humberto Parente, em Abaetetuba, um verdadeiro toró desabava sobre o gramado. O Abaeté fez seu gol lá por 15 minutos do segundo tempo e o Águia empatou nos acréscimos. Com a vitória do Paysandu sobre o Ananindeua por 2 a 0, o Re-Pa, até então muito improvável de acontecer, estava garantido. O clássico seria realizado na quarta-feira seguinte, às 20h30min, no Mangueirão, o Estádio Olímpico do Pará, um dos mais bonitos do país - se não for o mais bonito. Teria sorte, pois estava com viagem marcada para Belém exatamente na mesma quarta-feira do jogo, com minha chegada prevista para a tarde. Havia fixado esta idéia em minha mente: se eu perdesse o Re-Pa no Mangueirão, me arrependeria para sempre.

         Até então, nunca na vida havia visto um clássico Re-Pa. Como moro em Porto Alegre, e o futebol do Pará não é nem um pouco divulgado por aqui (gols do Parazão só mostram para o Brasil inteiro quando há Re-Pa), só mesmo estando no Pará e ir ao Mangueirão. Antes da viagem, havia planejado assistir a vários jogos do Remo. Mas, como fiquei a maior parte do tempo em Abaetetuba, no período assisti apenas a uma partida do Abaeté, essa narrada há pouco contra o Águia. Vale lembrar também que visito meus familiares no Pará (minha mãe é de lá, nasci lá e moro na capital gaúcha desde os seis meses de vida) num período mais ou menos de quatro em quatro anos devido à distância descomunal entre Pará e Rio Grande do Sul. Nos raros momentos em que estive em meu Estado natal, jamais acontecera um clássico Re-Pa durante uma estada minha por lá. Até que, finalmente, em fevereiro de 2005, o primeiro tabu com relação ao clássico se quebrava. Ocorreria um Re-Pa. Eu estava no Pará. E estaria em Belém no dia.

 

O palco do espetáculo: um dos mais belos estádios do Brasil

 

         Mas o sonho de ver pela primeira vez Remo e Paysandu duelarem aos poucos começava a naufragar. Lembram-se da chuva que mencionei no jogo entre Abaeté e Águia? Pois é, ela acabou provocando uma forte gripe em mim, com um febrão de quase quarenta graus como conseqüência direta. Sem contar que, depois do jogo, havia visitado minha tia e meus primos mais novos me recepcionaram com seguidos banhos através de baldes cheios d'água até a boca. Já não bastava a chuvarada... E olha a controvérsia: enquanto o Rio Grande do Sul amargava a sua maior seca desde 1943, no tropicalíssimo Pará, principalmente em Belém, as bombas d'água vespertinas eram costumeiras.

         Entre segunda e quarta, a febre ia e voltava. E minha mãe insistia que a minha presença no Mangueirão estava praticamente inviável não só devido à febre, mas também ao fato de se tratar de um clássico, ponto crucial para os problemas de segurança nos estádios brasileiros se evidenciarem. Além do mais, não tinha ninguém para me levar ao estádio. Até tenho uns parentes que iriam ao jogo. Porém, todos torcedores do Paysandu. E como sou remista fanático, o risco de eu vibrar sem querer com um gol azulino no meio da massa bicolor todos imaginam...

         Chegou o dia do jogo. Desembarquei em Belém lá por quatro da tarde após uma viagem de uma hora e meia através de um ônibus da Jarumã via Alça Viária. Pela primeira vez em uma estada no Pará não curti um passeio de barco... Na capital paraense, caía uma chuva fina. Ao chegar na casa da minha tia, no bairro - meu xará por sinal - Marco (um dos maiores de Belém), o febrão havia voltado. Com a chuva e a febre, o sonho de ver o clássico praticamente tinha ido por ralo abaixo. E, depois, me comunicaram que os ingressos para o jogo terminaram (traduz-se também: só nas mãos dos cambistas).

         Deitado numa rede derrubado pela febre, já começava a me conformar quando o meu padrinho ligou e me comunicou que havia comprado o meu ingresso. Na hora levantei-me e garanti a todos: nunca estive tão bem de saúde. Apesar de ter tomado há minutos atrás um Tylenol - que faz a febre dissipar-se em suor -, meus pais ficaram cheios de receio. Mas não podiam fazer nada, pois estavam cientes do meu enorme desejo de ir ao clássico. Uma chance daquelas de ver Remo e Paysandu duelando entre si ao vivo e a cores poderia ser uma oportunidade singular em minha vida devido às minhas esporádicas visitas à terras paraenses. Mesmo sabendo que meu padrinho não iria comigo - amigos dele seriam os aptos a me conduzir até o Mangueirão -, não desanimei.

         Pouco antes de eu deixar a casa de minha tia rumo ao estádio, minha mãe havia me alertado - se baseando em palavras de outra tia minha - que esse amigo do meu padrinho era encrenqueiro. Não quis nem dar ouvidos. Daí fomos meu pai, meu padrinho e eu até uma esquina no coração do bairro Marco e lá permanecemos por uns quinze minutos. O efeito do Tylenol, aos poucos, fazia efeito, pois a febre estava passando e começava a suar constantemente. O suor caía não só em função do remédio, mas também pelo nervosismo. Primeiro, meu padrinho pensou que esse seu amigo que me levaria já estava no Mangueirão. Mas ele apareceu e disse não saber se iria, já que uma irmã sua havia baixado hospital horas antes. E eu, já com o ingresso a postos, permanecia com o coração na mão. Mas como o amigo já tinha comprado o ingresso, sem contar a missão a qual meu padrinho havia lhe encarregado - de me levar até o jogo -, ele decidiu ir.

         Despedi de meu pai e de meu padrinho - que além do ingresso, me dera vinte reais para gastos extras - e segui o rapaz, que estava acompanhado de um amigo moreno. Eles não tinham condução e começaram a pensar numa melhor maneira de chegar até o Mangueirão. Um taxista, que alertou sobre engarrafamentos nas principais vias de Belém, cobrou trinta reais para nos levar até lá. Ronaldo - nome do rapaz que se responsabilizou por mim durante algumas horas - recusou e decidiu pegar um ônibus. Faltava mais ou menos uma hora para começar o jogo e ainda estávamos nas dependências do bairro Marco, localizado a uns 20 quilômetros do estádio.

          Ficamos plantados à espera de um ônibus em torno de trinta segundos. Até que passou uma Kombi. O motorista perguntou se iríamos ao Mangueirão. Com a óbvia resposta afirmativa, ele deixou que nós entrássemos no veículo, cujo destino era exatamente o Estádio Olímpico do Pará. O dono da Kombi deixou claro o preço: dois reais para ir e mais dois para voltar. Condução garantida! O longo trajeto do Marco até o Mangueirão foi, sem dúvida, o momento mais curioso desta minha aventura. Os lugares do carona já estavam ocupados, já que Ronaldo pegou o último lugar vago. Eu, mais o moreninho que nos acompanhava, tive que sentar no chão da Kombi, forrado por aqueles papelões duros.

          Lá estava eu, Marco Andrews Felgueiras Maciel - intitulado por mim mesmo como um caboclo falso, já que nasci no Pará e nunca fui habituado aos costumes de lá - em posição desconfortável numa estranha Kombi cercado por pessoas desconhecidas. Mas eis porque sou um caboclo falso: não sou chegado à culinária paraense (açaí, maniçoba, tapioca, pato no tucupi... perdoem-me. Apenas tacacá eu tomo, só que sem camarão) e, toda vez que chego em Abaetetuba, não há repelente que detenha as picadas que sofro dos carapanãs - o "popular" mosquito paraense. Querem mais? De tão branquela que é minha cútis, numa terra onde a maioria das pessoas são pardas, ganhei o carinhoso apelido de "frango de granja".

          Voltando à Kombi: de onde eu estava sentado, mal dava para enxergar a paisagem de Belém. Só me ajoelhando para enxergar a janela lateral e a frontal, já que o apoio que separava o banco do motorista do espaço destinado aos caronas impedia a minha visão nos momentos em que permanecia sentado. E o engarrafamento em Belém estava horrível, a ponto de Ronaldo sair da Kombi bloqueada pelos veículos em frente a fim de fumar um cigarro e aliviar-se um pouco do abafamento que estava lá dentro. Era um calor tão sufocante na parte interna da Kombi que minha camisa estava toda ensopada devido ao suor, efeito direto do santo remédio que suprimiu minha mal-vinda febre. Estava angustiado, pois não enxergava quase nada sentado no chão da Kombi e só ao sentir o veículo se movimentar mais intensamente poderia deduzir que aos poucos sairíamos daquele limbo. Ficamos meia hora presos entre centenas de carros - claro que, após uma boa baforada, Ronaldo regressaria à Kombi.

 

O templo paraense por dentro

 

          Chegamos ao Mangueirão em cima da hora. O brilhar dos refletores nos remetia a uma extraordinária apoteose. Guardamos o lugar em que a Kombi foi estacionada e seguimos até a entrada. O jogo estava para começar. A gritaria das duas torcidas era intensa. Passamos por umas poças de lama espalhadas pelo estacionamento devido às fortes chuvas - graças a Deus o clima estava ótimo naquela noite - e encaramos a fila para entrar no estádio. Cheguei a pensar, por um momento, que seríamos impedidos de entrar devido à uma provável lotação esgotada no setor de torcedores do Remo. Mas, espremidos por torcedores, chegamos às roletas eletrônicas. Tinha duas preocupações: pegar um bom lugar para ver o jogo e não me perder de Ronaldo e seu amigo. Os dois cruzaram a catraca na minha frente. Passei meu ingresso no leitor da roleta eletrônica e já fui afobado em cruzar a catraca. Mas senti que ela permanecia travada e, ao mesmo tempo, o cara me avisou que meu ingresso não estava sendo aceito. O normal era, ao passar o cartão no visor, acender uma luz verde, o que liberaria a entrada. Mas o cara passou umas três vezes meu ingresso e só dava luz vermelha. Enquanto isso, a galera atrás de mim se desesperava para entrar, pois a bola havia acabado de começar a rolar no gramado. Foram os dez segundos mais dramáticos de minha vida e tremo só de pensar neste momento. O cara da roleta começava a dizer que era para eu esperar não sei aonde quando, de repente, como que num ato abençoado pelo cara lá de cima, a luz ficou verde e minha entrada fora liberada ao estádio. Não pensei duas vezes: tomei o cartão do cara, cruzei a catraca e fui ao encontro de Ronaldo e o amigo, que naquele momento procuravam por mim angustiados. Confesso que, se não conseguisse realmente entrar, não sei o que faria. Acho que saltaria por cima da catraca e daria o pinote de maneira a bater o recorde dos cem metros rasos, pois seria ridículo eu não entrar no Mangueirão por causa daquele contratempo depois de tudo que eu havia passado.

         O próximo ato da aventura foi uma correria a fim de chegar às arquibancadas. Subíamos as rampas. Parecia que não chegávamos nunca. Durante a corrida, um forte grito ecoou de dentro do estádio. Era a torcida bicolor festejando: o Paysandu, a dois minutos de jogo, fazia o primeiro gol da partida. Pouco importava o fato de nosso time estar perdendo. A ordem do rei era o acesso à arquibancada. Até que encontramos uma luz que remetia ao gramado. Muita gente estava aglomerada por lá, mas entramos. E finalmente, cruzando o meu olhar, após uma inesquecível aventura - e algumas angústias -, o cenário do jogo. O verde do gramado. A disputa envolvente entre azulinos e bicolores. O calor da duas torcidas. Tudo ao meu acesso. E o que é melhor: num ângulo maravilhoso. Vi a partida exatamente do coração da arquibancada remista, pois a entrada que usamos era exatamente a central do Mangueirão. Como todos os lugares estavam ocupados, permaneci na frente da entrada mesmo. E nem queria sair dali: a visão que tinha do gramado era privilegiada. Ronaldo e seu amigo ainda desceram uns dois ou três degraus. Mas eu fiquei por ali.

          Senti um êxtase danado nos meus primeiros minutos na arquibancada do Mangueirão. O Remo pressionava em busca do empate. A galera, embalada e agitada pela bateria envolvente de uma torcida organizada do clube, começou a fazer festa através do tradicional girar de camisas. Quando vi aquele show apoteótico de camisas azuis-marinhas sacudindo à minha direita e à minha esquerda, não hesitei: tirei a minha, ensopada em função do suor, e comecei a girar junto. Mas naquela hora me bateu que havia recém saído de uma febre. No estádio, naquele momento, soprava um ventinho frio. Por precaução, vesti a camisa novamente, só que do avesso, pois, no meio de tanta gente, não ia me dar ao luxo de desvirar a camisa e ainda por cima perder preciosos segundos daquele espetáculo. Impressionei-me com a beleza do Mangueirão. Depois da reforma que sofreu, concluída em 2001, o estádio ficou simplesmente fantástico, com um visual futurista extraordinário. E as duas torcidas, embora tensas com o clássico, não deixavam de dar show. O Remo, numa cobrança de falta, empatou o jogo. O calor e a festa da torcida aumentaram. Obviamente, vibrei junto com a galera azulina.

          Mas uma coisa é certa: o som forte e contagiante que pulsava na bateria da torcida do Remo, que tinha total combinação com o grande jogo que vi naquela belíssima noite de quarta-feira, nunca mais sairá de minha memória. Tanto que, sempre quando eu for assistir a jogos de futebol ao vivo, vou sentir falta de ouvir uma bateria como aquela. Espero, quando eu voltar a ver um jogo do Remo, seja no Mangueirão ou no Baenão, encontrá-la com a mesma cadência cativante e emocionante que acabou por se tornar uma das marcas de minha inesquecível saga.

          Comentou-se na imprensa paraense que fora o melhor clássico Re-Pa dos últimos tempos. E eu vi. Foi o segundo tabu que quebrei. Dois coelhos numa só cajadada. Teve Re-Pa numa estada minha no Pará e, pela primeira vez, assisti a um clássico completo (apesar de ter perdido o gol do Paysandu no começo do jogo). Sobre o resultado, acabou 2 a 2 no tempo normal e, como o jogo decidia um turno do campeonato, o regulamento previa decisão por pênaltis em caso de empate. Nas penalidades, o Remo conseguiu desperdiçar quatro das cinco cobranças efetuadas. O Paysandu teve um desempenho "menos pior": perdeu dois pênaltis, mas converteu dois e levantou o caneco da Taça Cidade de Belém e, conseqüentemente, comemorou a vaga garantida na final do Parazão e na Copa do Brasil de 2006. Para deixar o estádio, desci a rampa espremido. Vi torcedores revoltados dando pontapés nas portas que encontravam, como se aquilo fosse resolver alguma coisa. Em seguida, uma galera subia a rampa, em sentido contrário ao nosso, gritando "porrada, porrada". Mas a ameaça não passava de balela. Regressei à casa de minha tia no bairro Marco através da mesma Kombi que nos conduzira até o Mangueirão. Mas com uma notável diferença: apenas eu, mais Ronaldo (que era um sujeito pacato - na verdade minha tia o confundiu com o irmão dele, que era um cara mais barra pesada) e seu amigo regressamos no veículo. E eu, que não sou nenhum trouxa, dessa vez sentei no banco do carona e finalmente apreciei a paisagem da tão famosa Cidade das Mangueiras pela Kombi.  

          Como torcedor remista, saí um pouco chateado do Mangueirão. Mas a derrota foi de menos: a aventura foi inesquecível e, conseqüentemente, passei por uma das maiores emoções de minha vida. Agora o próximo passo é pagar a promessa que fiz caso assistisse ao jogo: caminhar de minha casa em Porto Alegre, perto do Shopping Iguatemi, até o bairro Floresta, onde mora minha tia paterna. Isso dá uns dez quilômetros. Mas, por enquanto, ando preferindo, por motivos óbvios, evitar a fadiga...

 

O FIM DOS TEMPOS "ROMÂNTICOS" NO MEIO CH

 

OUTRAS SEÇÕES DA COLUNA (clique o nome para visitá-la): CRÔNICA DO MANGUEIRÃOMESTRE MACIANDO NA SAPUCAÍ

 

Graças ao meio, entre outros feitos, conhecemos o destino da venda da vila ao Sr. Calvillo

 

            Fiquei 15 dias no Pará e, conseqüentemente, permaneci todo este tempo sem atualizar o Turma CH. Mas nem precisou. Com a estabilidade do seriado Chaves na programação do SBT, mais a insistência da emissora de não pôr um fim ao lamentável jejum de mais de 500 dias sem Chapolin, tivemos uma período sem novidades.

            Aliás, não contando o Evento realizado no Rio em outubro do ano passado, o meio CH da internet anda chocho... Todos os usuários do nosso Fórum Chavesmaníaco já se queixavam do marasmo bem antes da recaída ocorrida com o Fórum Único Chespirito em janeiro. Bradam que não há tópicos interessantes, que os sites CH mais tradicionais não são atualizados há muito tempo, que os novos freqüentadores dos fóruns só querem saber de vídeos de episódios, etc. Atualmente, apenas o nosso colunista Valette Negro se esforça para criar discussões envolventes sobre os seriados, como o estudo dos episódios perdidos, cujas informações deram fruto à sua completa lista de episódios, contando normais, perdidos e inéditos, que está presente na nossa seção Guia de Episódios. Já o nosso novo colunista Eduardo Rodrigues procura nos atualizar com dados sobre quais emissoras na internet exibem os seriados CH e seus respectivos horários, quais os sites CH que estão ativos e os que não existem mais, resumos de episódios inéditos no Brasil com fotos, enfim... São informações bastante úteis que os dois Eduardos procuram nos passar, mas já tivemos bem mais assuntos relevantes em outros tempos.

 

Com a fundação do "Aí Vem Eles", o meio CH na internet estava inaugurado  

 

            Quando o império de sites CH começou a se formar em 1999 com a fundação do "Aí Vem Eles: Chaves e Chapolin", hoje "Chespirito Web", por Cleotais (Eduardo é o que não falta no meio CH, além do Cleotais também tem o Rufino...), os seriados de Chespirito eram até então um mar de mistérios. Não sabíamos a época em que foram filmados, sequer (pasmem!) os nomes dos atores e tinha gente que pensava até que os programas eram brasileiros. Também, com a dedicação do SBT em nos passar informações... Quando a tecnologia virtual começou a proliferar, um site novo homenageando a arte de Chespirito surgia por dia. Com a criação do fórum do Cleotais, todas as dúvidas dos chavesmaníacos foram postas em discussão. Não cheguei a pegar esta época primordial, mas imagino como foi esta revolução comandada por dezenas de explicações e centenas de dúvidas solucionadas. Um outro fato revolucionário: Cleotais foi o primeiro quem nos alertou de episódios tanto de Chaves quanto de Chapolin que não eram apresentados há quase dez anos. Cleotais batizou estes episódios de perdidos. Daí Leandro Lima e um primo, aproveitando que tinham gravado a maioria dos chamados perdidos, resolveram comercializá-los, vendendo fitas com estes episódios. Só assim que os fãs de Chespirito puderam conhecer ou se relembrar de novas palhaçadas presentes em "Pichorra", "Espíritos Zombeteiros", "O Radinho do Quico" & cia. Estava definitivamente criado um centro de acontecimentos na internet batizado com a já tarimbada alcunha de "meio CH".

 

Clássicos como Pichorra e Espíritos Zombeteiros estavam de volta graças a Leandro Lima

 

            O meio ficou tão movimentado que ganhou contornos da realidade. Rivalidades começaram a despontar. A partir de 2001, Cleotais começou a se irritar com o extenso número de sites CH espalhados pela net afora. Como ele passou a nutrir uma antipatia por esses novos webmasters, um movimento fora criado por estes. Sua sigla: MVDCS. Seu significado: "Movimento Vamos Deixar o Cleotais Sozinho". Naquela época, eu era um mero iniciante na internet. Não tinha como navegar em casa na época e descobri num curso de informática que o site Chapolin Brasil não era o único sobre os seriados. Eram dezenas, ou centenas mesmo! Daí que descobri o Aí vem Eles, o Tinha que ser o Chaves, a Chaves Online... Também me surpreendi com o fato de um certo Bruno Pires ter saído na Folha devido ao seu Volta Chapolin... E ainda havia me deparado com este MVDCS que, por eu não ter tido muito interesse na ocasião em aprofundar o seu propósito, não posso dar mais detalhes. Isso sem contar a polêmica do disquete-bomba que quase decepou a mão do primo de Leandro Lima (não estou revelando o seu nome a pedido do próprio, porém os mais antigos devem estar cientes de sua denominação). O crime foi cometido por um elemento que tinha o propósito de roubar as fitas de Leandro e do primo. Como não conseguiu, decidiu por vingança lhes enviar um disquete com uma etiqueta adesiva escrito "Episódios de Chaves". O rapaz colocou o disquete em seu drive e, de repente, aquela explosão acontecera a uma distância de dez centímetros de onde estava. Um autêntico caso de polícia... Tudo isso já acontecia no não mais emergente meio CH e, na época, nem internet tinha. Ééééégua...

 

Crescimento da CHBR foi a gota d'água para Cleotais

 

            Só a partir de 2002 que passei a ter internet em casa. Cadastrei-me no fórum do Cleotais (lembram-se do Forum Now?) e, naquela oportunidade, ainda floresciam assuntos envolventes e dúvidas interessantes. Mas percebi que a rivalidade entre o "Aí Vem Eles" e um site novo, a CHBR, que tinha um fórum próprio, havia se acirrado. A briga era violenta. As discussões eram de baixo nível. Palavrões proliferavam em locais que haviam sido criados com o intuito de funcionar simplesmente como um inofensivo centro de discussões sobre os melhores seriados do mundo. Ainda não havia medido as verdadeiras dimensões deste confronto e, por isso, até banido do fórum pelo Cleotais eu fui só porque, numa ocasião, eu visitei o chat da CHBR ao invés do seu. E se não fosse esta visita, a COLUNA DO MESTRE poderia nem existir, já que entrei no chat a fim de conseguir a vaga de colunista da CHBR. Aliás, tal acontecimento está completando três anos agora neste finzinho de março, ou seja, posso considerar esta uma coluna de aniversário. Voltando três anos, fui readmitido ao fórum pelo Cleotais, que afirmou que tudo não passara de uma "brincadeirinha". O primeiro propósito de minha coluna foi pedir o fim dessa briga sem noção entre dois sites que tinham de ser unidos por igualmente homenagearem um artista tão querido por nós. Felizmente, não demoraria muito para a bandeira branca tremular.

 

O Turma CH conquistaria o seu espaço no meio CH

 

            Antes do Turma CH ser fundado, eu escrevia para a CHBR enquanto o Mr. Zero (hoje alfinetando os Malas da TV e do Esporte naqueles blogs divertidíssimos) e o Didi produziam vídeos de episódios perdidos para o site. Estes vídeos, apesar da fraca resolução a fim de encurtar o download, foram um marco para o meio CH. Nove entre dez internautas chavesmaníacos passaram a conhecer cena por cena dos mais famosos episódios perdidos graças a esses vídeos que depois foram divulgados no Turma CH. Sempre terei a fixa idéia de que o nosso site ganhou tamanha credibilidade graças a estes vídeos, que infelizmente têm as suas voltas adiadas devido à "Síndrome de Jaiminho" dos servidores de "evitar a fadiga" quando o assunto é hospedar arquivos extensos. Com esta incompatibilidade, o Turma CH passou a se especializar em conteúdo, o que de fato manteve até hoje esta nossa credibilidade.

 

Visita de Edgar Vivar ao Brasil: uma das maiores repercussões

 

            O meio CH ainda sacudiu bastante no ano de 2003, quando transbordaram assuntos para os fóruns e para os sites devido a inúmeros fatores: as insistentes matérias sobre Chaves no "Falando Francamente" de Sônia Abrão, a primeira saída do ar do seriado Chaves depois de quase 19 anos de exibição ininterrupta, o protesto em massa dos chavesmaníacos de todos os quatro cantos do país, a volta de Chapolin e do Chaves com oito episódios perdidos, a visita de Edgar Vivar ao Brasil, o fim da "Pasárgada Sbteriana" com o fim da exibição dos perdidos mais aquele que seria o último cancelamento do seriado Chapolin, a apresentação de episódios de Chaves bruscamente cortados no fim do ano, e, por fim, o anúncio da segunda saída de Chaves na primeira semana de 2004.

 

O FUCH ficou tão monótono que até acabou, embora Le0brAsil jure de pés juntos que o tradicional fórum voltará

 

            No primeiro semestre do ano passado, Chaves era exibido aos sábados de noite. Com a entrada do Programa do Ratinho em seu lugar, o seriado ficou exatos seis meses fora do ar. A escassez de assuntos nos sites e fóruns pela primeira vez foi notada. O marasmo proliferou até agosto, com a comemoração dos vinte anos da estréia dos seriados CH no SBT. Apesar do emissoreco ter dado aos fãs um autêntico presente de grego ao manter as séries fora do ar no dia em que as duas décadas foram completadas (24 de agosto), uma reportagem de altíssima qualidade sobre os vinte anos fora divulgada na Revista Contigo. A corda começou a apertar no pescoço da emissora do "Cenoura". A situação ficou insustentável com a boa divulgação do Evento sobre Chaves no Rio de Janeiro no fim de outubro pelo jornal O Globo (olha só a ironia). E no dia 8 de novembro, o seriado regressou às telas tupiniquins e está firme até hoje, consagrado atualmente como a terceira maior audiência (atrás apenas de "Gente que Brilha" e da reprise da novela "A Usurpadora") e o segundo maior pico da emissora (só perdendo para o Gente que Brilha), conforme uma página interna do site do próprio SBT: www.sbt.com.br/comercial .

 

A galera no Evento CH do Rio: sua repercussão positiva teve como conseqüência a volta do Chavinho

 

            Entendo do que a galera reclama: praticamente todas as dúvidas sobre os seriados foram esclarecidas durante esses seis anos desde a fundação do "Aí Vem Eles". Por isso, os tópicos de hoje no fórum não saem da mesmice. Na hora em que um usuário novo do fórum faz perguntas banais do tipo "Quais atores já morreram?" e "Todo o elenco do seriado morreu no acidente de avião?", chegamos ao ponto de ignorar a sua pergunta ou até mesmo a caçoar do curioso, de maneira a fazê-lo motivo de chacota. O mesmo ocorre com os sites CH. Novas páginas sobre Chaves continuam despontando na internet (ao mesmo tempo em que outras são extintas), só que com pouco assunto a acrescentar com relação aos sites já existentes. Quem sabe com este evento que ocorrerá no dia 30 de abril (novamente na Universidade Estadual do Rio de Janeiro) o atualmente modorrento meio CH se movimente mais. Como o seriado Chaves se mantém na programação há quase cinco meses - com os fixos patrocínios das Casas Bahia, da Brandili e da Parati com seu Trink -, e os cabeças-de-camarão insistem em deixar Chapolin de fora, estamos realmente carentes de assunto. Pelo menos esta monotonia é melhor do que um fórum pegando fogo graças a um cancelamento dos seriados. Neste momento, pro meio CH se movimentar de novo, só mesmo com a volta do Chapolin e de mais episódios perdidos, ou com a saída de Chaves, ou até com uma improvável visita de Chespirito ou de outro ator ao Brasil. Na primeira coluna que redigi neste ano, dei a ela o título de "2005 - Um Ano que Promete". Estamos recém chegando ao mês de abril. "Portonto", muita coisa ainda pode acontecer no meio CH. É só aguardar!

 

MESTRE MACIANDO NA SAPUCAÍ

As últimas do meio CH

 

OUTRA SEÇÃO DA COLUNA (clique o nome para visitá-la):  O TEMA CENTRAL E CRÔNICA DO MANGUEIRÃO

 

María Antonieta de las Nieves (E) quase foi vítima de uma tragédia. A intérprete da Chiquinha por pouco não sofreu um acidente durante as gravações da novela infantil "Sueños y Caramelos" pela Televisa. Segundo o programa de rádio latino-americano "Showbiz", a atriz estava aguardando a gravação de uma de suas cenas quando uma enorme lâmpada do set caiu justamente no lugar onde ela estava sentada minutos antes: "Acho que foi um anjo que me alertou", comentou María Antonieta. Pessoas queridas e abençoadas, como a querida María Antonieta, realmente merecem ficar mais tempo na Terra. Não há como negar que foi a mão de Deus quem a salvou. A fonte é do site O Fuxico.

 

Na quinta edição do Big Brother, que se encerra na terça (dia 29/3), estou torcendo para a miss Grazielli (D) levar. Não é pelo fato dela ser simplesmente uma beldade, mas também por ser amiga, marota e serelepe, por nunca tirar o sorriso do rosto e por sua profunda simpatia. Mas a minha torcida - e em especial dos chavesmaníacos - aumentou quando, num dia de paredão, a Globo incluiu em suas mirabolantes edições nada menos do que esta fala da miss paranaense: "Oh! E agora? Quem poderá me defender?". É o Chapolin ausente do SBT, mas presente no Big Brother! Quem diria que a Vênus Platinada deixou passar...

 

Olha a idéia que teve o Chómpirras, webmaster do Chiquinha Brasil: sugerir ao programa Clube do Fã, que estreou recentemente na Band na faixa das 18h, que dedique um dia para falar dos nossos queridos seriados CH. O programa apresentado por Otaviano Costa tem o propósito de falar sobre fãs-clubes, fanatismo, ídolos e essas coisas. A sugestão é excelente. Sem dúvida seria um grande feito para a emissora e principalmente para o programa exaltar a gigantesca legião de fãs de Chaves e Chapolin espalhadas pelo Brasil inteiro. Não tem como a Band negar a idéia: ainda mais que a emissora já exibiu, no ano de 1991, o seriado do Kiko. Para maiores informações, o site da Band é este: www.band.com.br .

 

Não é só no Brasil que Chapolin está sendo desvalorizado. A emissora Telefé, da Argentina, sobretudo uma afiliada no interior, recentemente substituiu o seriado do Polegar Vermelho por um programa tosco regional. Enquanto isso, Chaves é exibido de segunda a sexta com dois episódios seguidos. Não lembra uma certa emissora comandada por um tal de Homem do Baú? Ao que parece, Chapolin está entrando em extinção no mundo inteiro. De meados de 2004 para cá, foram muitas as emissoras que deixaram de exibir o nosso Vermelhinho. Sinceramente não acho que seja baixa na audiência, pois não seria possível que, depois de 35 anos de sucesso, todos os países de repente deixassem de assistir ao seriado. Talvez a informação da venda dos direitos autorais para a Disney seja verídica e, com os contratos com a Televisa vencidos, estejam perdendo os direitos de exibição do Chapolin. Deve ter uma boa explicação para esse fato estranho. Se não for a citada, realmente não entendo...

 

Perigo! Perigo... O SBT estreará uma nova faixa de novelas a partir do dia 11 de abril (putz, mais uma???). A trama "Maria Isabel" será apresentada às 16h. Ih, cacilda... Será que Chaves será prejudicado? Porque se o seriado mexicano não dançar, quem deverá ceder espaço para mais uma trama melosa será Adriane Galisteu e seu "Charme" ou Regina Volpato e seu "Casos de Família". E tem mais: o emissoreco tem o desejo de contar com Marcelo Rezende, aquele que era bem comportadinho na Globo e que, de uma hora para outra, virou escandaloso na Rede TV! e na Record, onde está atualmente. O SBT planeja montar um departamento jornalístico (será que o "Cenoura" finalmente deixou a teimosia de lado?) e quer Rezende comandando um telejornal popular, a volta de Boris Casoy para apresentar o "Jornal do SBT" e José Luiz Datena como o encarregado do jornalismo esportivo. Para diminuir a possibilidade disso não passar de boato, já observamos o "SBT Notícias Breves", inserido nos intervalos dos programas do SBT (juntamente com as pernas de Cynthia Benini e Analice Nicolau). Voltando a fazer relações com "Chaves", se Marcelo Rezende vier mesmo para a emissora do Cenoura, provavelmente irão dar a ele o horário das 18h, onde geralmente são apresentados esses programas policiais sensacionalistas. E é exatamente nesta hora em que Chaves é exibido. Perigo! Perigo...

 

O site do IG resolveu fazer uma brincadeira: se Chaves virasse filme, quais atores interpretariam os personagens? Curioso para ver qual celebridade hollydiana interpretaria o Seu Madruga? Clique aqui, descubra e veja se você concorda com os nomes.

 

Segundo o mestre Chespirito (E), fazer TV para ele era como ter um orgasmo. Ele fez esta afirmação durante uma palestra a estudantes. Eis suas palavras: "A televisão tornou-se minha profissão, minha diversão, minha ferramenta, minha preocupação, minha sedução... Podem considerar também como meu orgasmo, pois eu já disse isto anteriormente! Eles não tiveram minha astúcia”. Por essas e outras que o mestre tem planos de publicar um livro erótico... Na mesma palestra, o criador de Chaves e de Chapolin, que evidenciou seus problemas auditivos, condenou o insistente uso de palavras de baixo calão na TV: "Uma das repreensões que mais faço à televisão é isso: entre os comediantes há um idioma vergonhoso, mas ele não está restrito apenas a estes profissionais. Também está em lábios de políticos, de comentaristas, enfim, de pessoas de patamar elitista.” Já diria o saudosíssimo Bezerra da Silva ao fazer semelhante condenação: "Erradíssimo!".

 

Falta pouco para a estréia do portal Redação CH. O site, que funcionará no endereço www.redacaoch.cjb.net , funcionará como se fosse um jornal, com redação e tudo (como o nome sugere). O portal, que se unirá ao site Chespirito News, será presidido por Kagiva (isso mesmo, o site tem presidente). Também irão compor o Redação CH nomes como Valette Negro e Gustavo Berriel, que fazem parte da atual equipe do Turma CH, além de Yanmar (ex-membro do nosso site), Fandeco, Pmartins, Superboy, Mr Nice Guy, Fura Tripa, Seu Ramón, Ceará, Chinesinho, entre outras "celebridades" do FUCH

 

O mesmo Redação criou mais um dos tantos prêmios existentes a fim de coroarem os melhores sites CH: o "Troféu Imprensa Redação CH" (já ouvi este nome em algum lugar...). O formato do Troféu Imprensa de mentirinha será semelhante ao do de verdadinha (esse papo me lembra a Paty no episódio em que Chaves e Chiquinha sonham no restaurante). No site, haverá enquetes onde os sites participantes serão sabatinados pelo internauta conforme cada categoria (site, conteúdo, design, coluna, colunista, coluna de entrevista, colunista revelação, site revelação, site mais criativo e melhor webmaster). Os três sites mais votados em cada categoria irão para o voto do corpo de jurados formado por dez "celebridades" CH (eu estou entre elas, hehe). Você que tem um site CH e quiser participar do Troféu, mande um e-mail para contatoredacaoch@hotmail.com . O Redação CH promete também fotos exclusivas. Já estou curioso em ver este site no ar. Você não?

 

 

 

SEÇÕES DA COLUNA (clique o nome para visitá-la): O TEMA CENTRAL, CRÔNICA DO MANGUEIRÃO E MESTRE MACIANDO NA SAPUCAÍ

 

Mestre Maciel

marcofelgueiras@ig.com.br