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RUBÉN AGUIRRE: UM TALENTO GIGANTESCO

 

 

            Encontro-me desde o começo de dezembro em férias. De manhã e de tarde ando me dedicando aos sites. E com a madrugada livre, aproveito para assistir aos tantos episódios dos seriados que tenho armazenados em dezenas de fitas. Em dezembro, devorei quatro fitas de perdidos by Leandro Lima. No mês seguinte, já no novo ano, me aventurei a assistir a todos os episódios de Chapolin através de minhas cinco fitas dedicadas ao seriado, todas passando na íntegra em meu videocassete. Bom lembrar que todas elas estão gravadas em EP (antigo SLP), com capacidade para seis horas cada, o que dá uma média de dezessete episódios por fita.

            Acompanhando atentamente a todos os episódios do praticamente finado Chapolin, que completou 500 dias de ausência na TV brasileira na última terça, percebi uma imensa categoria de um ator que, mesmo reconhecida, quase não acarreta comentários por parte dos chavesmaníacos. 

            O ator a quem estou concedendo elogios é Rubén Aguirre Fuentes, 70 anos completados no último dia 15 de junho. Um grande talento muito bem distribuído em vastos 1m95cm de altura. Suas atuações no seriado Chapolin sem dúvida chegam a se equivaler às de Ramón Valdez num plano geral. Claro que Chespirito, María Antonieta de las Nieves e Carlos Villagrán já estão consagrados como excelentes atores e, por conta disso, explicações sobre suas atuações são totalmente dispensáveis. Já o trabalho de Florinda Meza já fora discutido (e elogiado) em uma coluna anterior. E agora, enquanto procurarei evidenciar os grandes predicados de um dos atores de estatura mais elevada da qual se tem notícia, o colunista Rufino Rufião destaca em seu novo texto Raul Padilla, o carteiro Jaiminho. Discussão no Turma CH sobre os astros do humor é o que não falta...

 

Rubén como Nenê: muito bem no gênero "bobo alegre"

 

            Acompanhando episódio por episódio do seriado Chapolin (500 dias, suspiro...), fiquei impressionado com as atuações de Rubén Aguirre. Se no seriado Chaves ele tem um papel secundário (o Professor Girafales quase que não exigia nada dele), em Chapolin ele demonstrava um carisma impressionante e uma presença marcante (o que não era difícil com todo aquele tamanho) traduzida em interpretações versáteis e, sobretudo, realistas. Sua total dedicação para ajudar a engrandecer a arte de Chespirito fez ele alçar a condição de protagonista na série do Vermelhinho em 1979, logo após a saída de Carlos Villagrán e Ramón Valdez.

 

Ficamos boquiabertos com "tamanho" talento

 

            Rubén Aguirre, antes de ser uma das estrelas dos dois melhores seriados do mundo, foi toureiro (olé, olé), radialista e apresentador de TV (será que também foi cambista de ingressos no Maracanã?). No hoje infelizmente extinto site Jirafales.com, havia inúmeras fotos antigas do ator, como uma em que ele está rodeado de crianças no comando de um programa infantil. Uma lástima eu não ter coletado essa foto... Na época em que Chespirito (já consagrado como roteirista) dava seus primeiros passos como ator na antiga TV Tim, Rubén era um dos mais poderosos executivos da Televisa. Quando fora convidado para integrar o elenco dos seriados, ficou obviamente receoso em largar seu emprego fixo e bem remunerado, mas decidiu apostar no novo trabalho. Uma aposta muito bem sucedida, por sinal!

 

Seu Madruga insistia que fora toureiro na juventude. Na verdade, o rei da muleta foi o jovem Professor Lingüiça... Rubén também foi um exímio locutor

 

            Como já havia dito antes, as interpretações de Rubén Aguirre em Chapolin se destacavam pelo realismo em muitas ocasiões. Exemplos claros estão no seu desempenho em dois episódios em especial. O primeiro: "Por Onde Escapam os Presos?". Rubén trabalha muito bem nos dois primeiros blocos, fornecendo ao diretor da prisão uma verdadeira rigidez em seus gestos. Quando o diretor descobre toda a trama do sargento interpretado por Villagrán (de prender qualquer cidadão só para mostrar que todos os 12 carcereiros estão na cela e, assim, escapar do fuzilamento), Rubén revela em sua face uma expressão de raiva mais autêntica impossível. Com total indignação Rubén faz o diretor fitar os olhos ao sargento. O ranger de dentes também impressiona, pois Rubén chega a tremê-los na cena. Mais um pouco e Rubén poderia repetir o feito do ator Gilbert, que numa cena da novela "Esperança" quebrou os dentes, tamanho o realismo com o qual os rangeu. Rubén mantém por quase um minuto inteiro uma cara assustadora, de provocar medo mesmo. No bloco seguinte, Rubén apelaria para o humor com seu cômico choro pelo fato de "todos os presos terem lhe abandonado". Mesmo com tanta choradeira, num excelente misto de drama e comédia o ator mais uma vez nos proporcionava boas gargalhadas. Atuação nota dez, sem dúvida!

 

O dublador Osmiro Campos engrandeceu ainda mais as atuações de Rubén Aguirre

 

            O segundo episódio de interpretação singular de Rubén Aguirre é  "Há Hotéis tão Limpos que Limpam até Carteira". O ator faz do recepcionista e dono do hotel um dos mais maquiavélicos vilões da história do seriado Chapolin. O personagem apresenta uma mistura de hipocrisia e frieza vista quem sabe apenas nesta vez nas séries de Chespirito. O dono do hotel chega a provocar mais raiva em relação às amostras de autoritarismo de Dona Florinda contra o submisso Madruguinha. Neste episódio, o dublador Osmiro Campos também atua muito bem, principalmente na pronúncia das palavras "já falei" logo após o personagem tomar as passagens de avião de Florinda (a face de Rubén nessa hora também impressiona positivamente). E o "sim" de Osmiro antes de Rubén acertar um soco em Chapolin no fim do episódio é magistral, pois expõe em um reles vocábulo monossilábico toda a raiva expressada pelo dono do hotel. Sem dúvida, Osmiro Campos também merece ser reverenciado. Quanto a Rubén, "Há Hotéis tão Limpos..." é simplesmente a sua melhor atuação a serviço de Chespirito (opinião minha, é claro).

 

Vilões temíveis resultaram em atuações acima da perfeição 

 

            Rubén Aguirre também tem atuações muito destacadas em episódios como o do Robô, onde interpreta um robô desparafusado que ocupa a função de mordomo; no do Rasga Bucho, quando fez o cantineiro (demais o seu olhar para Chapolin na hora em que o Vermelhinho tenta lhe jogar chopp por baixo de sua roupa, a exata cena da foto acima); em "Ventrilouco", e seu ventríloquo (e injustiçado) Tchori; no do Pirata Alma Negra, e seu mal-encarado Matadouro; no do Porca Solta, quando interpretou o louco que só se comunicava através de sinais com a mão; e no episódio do Medidor de Luz, quando deu vida ao carateca Sympatho Yamasaki (jatava acabando). Ele também se deu muito bem interpretando GBO's (Grande, Bobo, Otário) como o Nenê de "Não Seja Burro, Chapolin", o domador de leões que queria se tornar um herói, o Pamonha do episódio do Bebê, o filho do Coronel Ramirez em "Lá no Rancho Mediano", entre outros. No quadro do Chaveco, apresentado na CNT em 1997 e no Clube do SBT em 2001, Rubén também se destacou ao evidenciar em seu Sargento Refúgio um alto teor de ingenuidade, característica marcante do policial de quem Chaveco sempre foge.

 

Como o hilariante Lucas Pirado, proporcionava gargalhadas

 

            Acostumado a interpretar personagens mais sérios, Rubén Aguirre pôde demonstrar sua veia cômica no hilariante quadro do Pancada, também exibido na CNT e no Clube. O personagem Lucas Pirado apresenta total carisma e uma perfeita harmonia com o personagem Pancada Bonaparte. Obviamente o personagem contribuiu para que o quadro fosse um dos poucos elementos positivos do Clube do Chaves (ou o único). Inesquecíveis as imitações de alce feitas por Lucas no começo do episódio "As Memórias de Xarope Holmes" (rio só de me lembrar).

 

Rubén hoje: poderia interpretar o Seu Barriga

 

            Hoje, o ator (que, pra variar, também montou um circo do personagem) luta contra o excesso de peso. Rubén engordou vinte quilos devido a uma desastrada medicação com o intuito de curar um problema na perna. Pensando que tinha artrite (nada a ver com a bela morena do episódio da Cleópatra), tomou boas doses de cortisona, o que fez o "encanamento de um quilômetro" tornar-se um "barril esparramado", já que hoje seu peso é de 122 quilos. Rubén hoje rivalizaria com Edgar Vivar em um teste para ver quem reviveria o Seu Barriga se o seriado fosse regravado. Provavelmente Rubén ganharia o papel do dono da vila (cairia-lhe como uma luva hoje), restando a Edgar apenas o Nhonho (como Edgar é 16 anos mais novo que Rubén...).

            Essa é a minha homenagem a Rubén Aguirre Fuentes, peça fundamental nos seriados de Chespirito. Já que todos pagam um pau danado a Ramón e Villagrán (eu também, por sinal), nada como ser mais original e evidenciar o grande talento do gigantesco (nos dois sentidos) intérprete do Professor Girafales, do Lucas Pirado e de tantos outros personagens carismáticos. A primeira coisa que falaria a Rubén se o encontrasse seria "LICENCIADO", que é a expressão "belo" proveniente do "FALA BELO" do quadro do Pancada no original.

 

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Finalmente! Segundo o site www.chavodel8.com, depois de vários anos de brigas pelos direitos da personagem Chiquinha, María Antonieta do Nieves e Roberto Gómez Bolaños chegaram a um acordo amigável. Há dois anos, Chespirito denunciou a intérprete da filha de Seu Madruga pelo fato dela ter registrado em 1995 o personagem em seu nome sem consultá-lo. Chespirito foi o criador da Chiquinha no começo da década de 70. Muitas fofocas sobre a briga começaram a circular desde então, mas depois de várias conversas com advogados e diversas trocas de acusações e ofensas de um para outro, ficou decidido que os dois poderão usar o personagem legalmente. "As conversas para chegar ao acordo eram determinadas através de telefone e, em plano de amizade, concluímos que isto nunca deveria acontecer. Chespirito e eu somos bons amigos e, de agora em diante, tudo é felicidade”, assegurou María Antonieta. O desfecho da pendenga acontecerá na casa de Chespirito, para onde María Antonieta se dirigirá dentro de quatro ou cinco semanas “para ter um encontro, lhe dar um abraço e dar por terminado o problema”. Observando a foto (acima) do emocionante abraço dos dois no episódio do Dia dos Namorados, não poderíamos imaginar um fim diferente para essa discórdia que hoje já faz parte do passado, né?


No último dia 28 de janeiro, foi reapresentado o último dos oito episódios exibidos na quinzena mágica de setembro de 2003: a primeira parte de Seu Madruga Fotógrafo. Pena que o episódio apresentou um corte que prejudicou um pouco o entendimento da história: não foi ao ar a cena em que Chiquinha explica que Quico pode brincar com a condição de que o bochechudo não grite "Cale-se, cale-se, cale-se, você me deixa louco". Assim, poucos entenderam o porquê de Quico se segurar tanto enquanto Chaves falava sem parar, não batendo, conseqüentemente, a corda para que Chiquinha pulasse. "Seu Madruga Fotógrafo p.1", cancelado em 1992, foi o último dos oito perdidos apresentados no infelizmente breve período da Pasárgada Sbteriana (marcada pela visita de Edgar Vivar ao Brasil e pela última exibição do seriado Chapolin). Exibido no dia 15 de setembro de 2003, o episódio também teria sido apresentado nesta ocasião com o mesmo corte relatado linhas atrás. Eu não o assisti, pois na época tinha aula à tarde (Chaves era apresentado às 15h45min). O que me intriga é que a segunda parte do episódio (muito melhor do que a primeira) não é exibida desde 2000. Será mais um para o rol dos cancelados?

 

Germán Robles, intérprete do primo do Seu Madruga (o Seu Madroga) no episódio não exibido há treze anos, se encontrava com problemas sérios de saúde. Graças a Deus recuperado, ele regressará no dia 11 de fevereiro à peça "A Dama de Negro", aonde estava sendo substituído por Alejandro Tomassi. A apresentação servirá para dar boas vindas ao ator, cujo retrato recente está ao lado. Está velhiiiiiinho...

 

"Quarta-feira, faixa das seis da tarde: Chaves, velho seriado do SBT, marcou 17 pontos de audiência, segundo lugar no horário. Só perdeu da Globo e ganhou fácil da Record, que tinha o Cidade Alerta em terceiro, marcando 8 pontos." Fonte: Paraná Online. Com boa audiência e recheado de patrocínios (Casas Bahia, Biscoitos Parati, etc), Chaves torna-se cada vez mais fixo na programação do SBT, embora já estejam ocorrendo reprises constantes, já que quase todos os episódios normais do seriado já foram exibidos desde 8 de novembro de 2004. "Casos de Família" regressou no último dia 31 no horário do Ratinho, que deve retornar às noites no dia 14 no lugar de "Smalville". E Chaves deverá permanecer intacto. Dá pra cantar aquela música: "Daqui não saio, daqui ninguém me tira...". Só faltaria o SóBurroTapado acabar com o gancho dado ao Chapolin, que no dia 1º de fevereiro completou 500 dias fora do ar...

 

Reparem nesta foto à esquerda, postada por Kagiva no FPCH (Fórum Provisório de Chespirito, que segura as pontas enquanto o FUCH não volta). Naturalmente, diríamos que não passa de uma montagem de mal gosto. Porém, segundo o mesmo Kagiva, um porto-alegrense que reside no bairro Jardim Planalto, a foto foi retirada do site oficial da Chiquinha ( www.lachilindrina.com ). Que estranho... Dá a impressão de que o cara tá fazendo picadinho da filha do Seu Madruga, de maneira a fazer até ela se borrar (afinal, por que sua poupança está marrom na foto?). MISTÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉRIOOO...

 

E, para encerrar, uma homenagem ao maior sambista de todos os tempos. Ele partiu para o andar de cima no último dia 17 de janeiro vítima de falência múltipla de órgãos. José Bezerra da Silva parte deixando eternos seus sambas e partidos que evidenciavam a vida na favela e a crítica aos maus-tratos com os humildes, aos alcagüetes e às sogras. Perdemos o repórter do morro, o maior mecenas dos compositores humildes da Baixada Fluminense e, sobretudo, subiu aos céus seu imenso carisma e bom humor ao cantar sambas como "Overdose de Cocada", "Malandragem Dá Um Tempo", "Seqüestraram Minha Sogra", "Bicho Feroz", "Defunto Cagüete", "Se Leonardo Dá Vinte" e outros tantos sucessos. Bezerra, homenageado por Marcelo D2 e Barão Vermelho no último Planeta Atlântida, que nunca viu ninguém dar dois em nada, nunca deu mole à Kojak, que deixava claro que todo cagüete era safado e com instinto de traíra e, por fim, se orgulhava por sua folha penal ser "nada consta", nos deixou num dia 17/1, ou seja,  171, o estelionato no Código Penal sempre denunciado por Bezerra em seus sambas. Coincidência ou obra do destino? Vai com Deus, grande Mestre! Em qualquer lugar, você continuará provando e comprovando sua versatilidade.

 

Um feliz carnaval para todos! O site entra em férias por um mês, já que estarei no Pará com minha família materna! Paidégua!

 

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Mestre Maciel

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