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EU VI UM SHOW DE ROBERTO VÁSQUEZ
Com vocês: o Falcatrua!!!!
Isso
ocorreu em 1997. Lendo o jornal "Correio do Povo" de
Porto Alegre, percebi uma pequena foto de Quico acompanhando uma
quase minúscula nota informando que ele estaria na capital
gaúcha para fazer um show. Ao mesmo tempo em que fiquei
radiante, estranhei muito o nome do ator escrito no jornal:
Roberto Vásquez. Puxei pela memória o acontecido dois anos
antes, quando o Circo do Quico esteve em Porto Alegre. O nome do
intérprete do filho de Dona Florinda não era Carlos Villagrán?
Naquela época, não manjava quase nada da turma do Chaves. Era
curioso como todos os chavesmaníacos e sonhava descobrir as
respostas das dezenas de mistérios (isso quando a internet ainda
era raridade nos lares brasileiros, pois os sites CH trariam
todas essas respostas). Por isso tive em mente (ainda que com
desconfiança) de que aquele era o Quico verdadeiro.
Fui ao show com minha prima Karina. Ele ocorreria num teatrinho mixuruca no bairro Cidade Baixa, na rua Ramiro Barcelos. Santa ingenuidade a minha. Como é que o grande e colossal Quico faria um show no Brasil numa espelunca? Para a grandeza do personagem, seriam necessários dois Canecões, dois Teatros São Pedro ou até quem sabe dois Maracanãs.
As duas caras da enganação
Minha prima logo
ficou desconfiada quando soube que o nome do Quico do show era
Roberto Vásquez. Ela já tinha a certeza de que aquele não era
o bochechudo verdadeiro. Ela me contou: "Tem alguma coisa
errada, Marquinho! Eu me lembro que o nome do ator é Carlos
Villagrán!". Fomos falar com duas senhoras do teatro a fim
de debater sobre o fato desse tal de Vásquez ser um impostor.
Aí está a primeira prova: as duas insistiram que aquele era o
Quico da televisão. Elas tentaram nos convencer alegando que os
joelhos de Vásquez e Villagrán eram diferentes. O de Villagrán
era liso e o de Vásquez possuia dobras e tinha um formato
redondo um tanto diferente dos demais. Nos mostraram fotos dos
dois atores comparando os joelhos e recomendaram que eu
assistisse a Chaves e reparasse nesta curiosidade: que o
joelho do Quico da TV tinha esse formato gozado, referente a
Vásquez. É claro que não engolimos aquela conversa fiada.
Eu, ingênuo que
era na época (tinha apenas 13 anos e nem computador tinha para
adquirir as respostas dos mistérios), continuei acreditando que
aquele era mesmo o Quico. Tanto que Vásquez apareceu todo
sorridente de terno e gravata juntamente com assessores e
produtores, e até cumprimentou o meu pai. Era um homem
totalmente diferente do da televisão. Minha prima já sabia que
aquele cara era falsário. Mas a minha cabecinha de criança de
treze anos não admitia isso. Por isso, esqueci as dúvidas e
tinha certeza de que aquele era o Quico verdadeiro. O carisma do
personagem havia feito minha cabeça.
Uma das espectadoras era uma adolescente com síndrome de down que adorava imitar o choro da Chiquinha. E enquanto esperávamos o começo do show, tocava sem parar a música "Kiko Cola" (aquela do "E Quico é campeão" do disco "Discoteca do Kiko" de 1995), um dance music empolgante e que fez um tremendo sucesso na época da passagem do verdadeiro Quico, Carlos Villagrán, pelo Brasil em 1995. No circo também só tocava essa música. No Programa Livre com Serginho Groisman, para quem Villagrán concedeu entrevista, também não foi diferente.
O "show" estava prestes a começar
Minha prima, já
desapontada, e eu sentamos na primeira fila (até porque não
tinha tanta gente na platéia). O apresentador (um rapazinho que
devia trabalhar no teatrinho) sequer sabia o país de origem do
Quico. Eu disse para ele da platéia: MÉXICO! E ele, sem jeito,
falou: "É... ele é... do... Mé-México!". Vásquez,
totalmente tosco travestido de Quico, fez o mesmo número de
Villagrán no circo e também do episódio em que as crianças
tentam tocar violão: Vásquez se enrolava todo com o
instrumento, sentado na cadeira. Depois contou piadas, fez as
brincadeiras de praxe... e o carisma do personagem cativava o
público, que nem em sonho desconfiava do fato de aquele homem
ser um impostor. Lembro-me que tirava fotos sem parar de
Vásquez, mas minha enfezada prima Karina me disse pra parar,
pois iria acabar o filme. As fotos infelizmente não ficaram
boas, pois o flash estava desregulado e tiveram muito brilho.
Eu, que era gordinho na época (nem tão diferente de hoje), fui chamado de Nhonho por Vásquez. Fiquei vermelho como um pimentão... O homem que se passava por Quico encerrou seu show depois de uma hora e meia cantando dois boleros. Roberto Vásquez é até bem afinado, ao contrário de Villagrán, e mostrou romantismo na interpretação das músicas. Assim que acabasse o show, os espectadores poderiam falar com Quico no palco. Esse foi um dos motivos de minha ida no show. Subi no palco enquanto ele dava autógrafos para os demais espectadores. Lembro-me de três perguntas feitas pelo pessoal. A primeira, feita por uma criança: "Você é o Quico que aparece na televisão?". A resposta de Vásquez, na maior cara de pau: "Sim, sou eu mesmo" em um portunhol sem vergonha. Taí a segunda prova de que Roberto Vásquez é um falsário. Já a segunda pergunta, olha só que ridícula: "O que o Seu Barriga usa é um enchimento para parecer gordo?". É claro que a resposta dele foi não, pois Edgar Vivár é gordo mesmo. Quer que isso fique mais engraçado? A cômica pergunta foi feita por um adulto... Já a outra foi feita com o objetivo de saber quais os atores que haviam morrido. A resposta natural de Vásquez: "Seu Madruga, Bruxa do 71 e Jaiminho". Godinez ainda estava vivo na época. Um mistério quanto a isso: como Roberto Vásquez sabia dessas informações? Sem a internet, a vida dos atores das séries era algo que todos tinham a curiosidade de saber, já que o SaBoTagem não informava nada até surgir o Falando Francamente de Sônia Abrão. Creio até que a maioria das pessoas imaginava que todos haviam morrido no famigerado acidente de avião. Só respondendo: ele aconteceu realmente com todos os atores a bordo e felizmente escaparam da morte.
Lero-Lero... O Vásquez autografou o verso da foto do Villagrán...
Por ironia do destino, dei a foto (acima, scaneada por Karina) de Villagrán que comprei no circo para Vásquez autografar. O autógrafo de Vásquez é um desenho do rosto de Quico de perfil com as bochechas cheias de ar. E enquanto todos estavam no palco falando com Vásquez, só uma pessoa permaneceu sentada na platéia: Karina, minha prima emburrada. Ela confessaria que não se encantou nem um pouco com o show, já que estava ciente de que era um impostor quem estava no palco representando Quico.
Em 2000,
encontraria uma reportagem no Diário Gaúcho informando que
Vásquez estava morando em Portão, cidade próxima de Porto
Alegre. O título: "Um Bochechudo Quico em Portão".
Entre outras informações, estavam presentes as que Vásquez
teria criado o personagem Quico, interpretado o personagem nos
primeiros episódios de Chaves e vendido os direitos do
bochechudo a Chespirito. A reportagem está presente na seção Reportagens do Turma CH. Por
sinal, ela está repleta de informações erradas (o que já é
de praxe quando revistas e jornais brasileiros falam sobre as
séries de Chespirito).
Fiquei com a idéia fixa de que Vásquez era o criador do personagem Quico até conhecer as dezenas de sites CH e saber que um por um discordava da informação, com todos apresentando uma única conclusão: que Roberto Vásquez é um impostor. Mas Vásquez insiste em dizer que foi ele quem criou o personagem e por isso alega ter o direito de interpretá-lo onde e quando quiser. Por conta disso, fica a tona mais um mistério: será que Vásquez foi mesmo o criador de Quico? É isso que os brilhantes Bruno Pires e Flávio E. Ramos estão tentando descobrir com um complexo levantamento que está gerando uma série de colunas sobre Vásquez no site Tributo a Chespirito. Tanto que fiz este texto com o objetivo de auxiliá-los nesse dossiê e, a princípio, era para ele ser publicado na coluna do Flávio. Porém, nunca mais ele deu notícia. Sua coluna não é atualizada há meses (até hoje está lá no mesmo lugar a entrevista feita com o usurpador) e, por isso, resolvi publicá-lo na minha coluna.
Certo? Não, Vásquez? Tá tudo errado...
As últimas do meio CH
OUTRA SEÇÃO DA COLUNA (clique o nome para visitá-la): O TEMA CENTRAL
Ainda sobre Roberto Vásquez, ele esteve no
programa da Márcia na Band do último dia 18 insistindo que
possui os totais direitos sobre o personagem Quico. Pô, mas tem
gente que não toma chá de simancol mesmo...
Na novela das oito,
Senhora do Destino, há um personagem chamado Madruga,
interpretado pelo irreverente André Mattos. Com certeza o nome
foi inspirado num certo chimpanzé reumático... Até porque, em
um dos capítulos, a personagem da "gracinha" Carol
Castro o chamou... de Seu Madruga. Na hora em que ela o chamou desta maneira,
qual será que foi a sua primeira lembrança? A propósito, era
para eu colocar acima uma foto do tal Madruga genérico, porém
uma da Carolzinha embeleza mais a coluna, certo?
Para os fãs de Manuela do Monte (como eu, e encantando como sempre na foto à direita): ela estará de volta como Branca, enteada de Eva Wilma na próxima novela das sete, "Começar de Novo", com estréia prevista para 30 de agosto. Ufa! Já não era sem tempo! A diva de Santa Maria estava fazendo uma falta...
Estamos chegando em
agosto, mês em que os seriados CH completam vinte anos na TV
Brasileira (no dia 24 para ser mais exato). Porém, quem disse
que o SaBoTagem fará uma grande celebração? Muito pelo
contrário: até hoje Chaves está fora do ar... Por isso, sugiro
que vocês enviem e-mails para programacao@sbt.com.br e para o falandofrancamente@sbt.com.br para divulgar essa
data importantíssima que parece estar esquecida pela maior parte
dos chavesmaníacos e, obviamente, pelos cabeças-de-camarão do
emissoreco do Cenoura Abravanel. Sônia Abrão é a pessoa ideal
para divulgar esta data histórica. Não vamos deixar ela passar
em branco! Não é qualquer programa que faz vinte anos que está
no ar (e enlatado ainda) e que até hoje, mesmo há quase três
meses fora da programação, faz parte da memória da população
brasileira!
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Mestre Maciel