UM ESPECIAL COM ILUSTRES CHAVESMANÍACOS
No ano passado, a fim de realizar uma matéria sobre o fenômeno que representava a Chavesmania no país, realizei diversas entrevistas com chavesmaníacos ilustres, entre dubladores, fãs e produtores. Escrevi a matéria, que foi publicada na revista Experiência da PUCRS de Janeiro/2007. Nota-se que há uma pergunta datada, que é a da exibição dos episódios inéditos do Chapolin, seriado hoje lamentavelmente cancelado pelo SBT. Tanto que eu nem chego a abordar sobre o desenho animado, que na ocasião estava para estrear no México e ainda não tinha data para ser exibido no Brasil. Para esta matéria, entrevistei os dubladores Nelson Machado (Quico), Carlos Seidl (Seu Madruga) e Gustavo Berriel (Nhonho no desenho e nos DVD's, além de Jaiminho e Raul Padilla nos discos), o produtor da Amazonas Filmes, Paulo Duarte, e os fãs Eduardo Rodrigues, Felipe Araújo e Maurício Trilha (o popular Kagiva), além dos também escritores Luís Joly e Fernando Thuler. Depois de um ano, aí vai a íntegra das declarações.
Nelson Machado
Nelson
nos estúdios da Uniarthe, durante a dublagem da série "Ah
que Kiko"
Dublador do Quico, Nelson no ato enfatizou, pelas perguntas realizadas, de que existem "lendas e mal-entendidos no assunto Chaves".
Mestre
Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos
seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar
com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande
audiência?
Nelson Machado - Acredito que seja o caráter universal dos
personagens e das situações da série. Todos nós conhecemos ou
fomos um deles. Há uma identificação muito grande com aquelas
crianças e com aqueles vizinhos, seja em que parte do mundo for.
Mestre
Maciel - Nos primeiros tempos de dublagem das séries Chaves e
Chapolin, você imaginava que as mesmas fariam o sucesso
estrondoso que dura até hoje?
Nelson
Machado - Ninguém imaginava. Hoje se diz muita coisa sobre
"previsões" e "certezas" de dirigentes da
TVS na época, mas a verdade é que ninguém imaginava nada
disso.
Mestre
Maciel - Além de dublar os personagens de Carlos Villagrán,
você também desempenhou a função de diretor de dublagem e
tradutor dos textos nos anos 80? Verdade que você fazia sua
parte sozinho, sem juntar elenco no estúdio?
Nelson
Machado - Claro que sim. Eu dublava sem os outros no estúdio.
Pelo simples fato de que era assim que se dublava. É assim que
se dubla ainda hoje... Um de cada vez. Eu dublava sozinho e todos
os outros também.
Mestre
Maciel - O que você pode falar sobre seu colega Marcelo
Gastaldi, a saudosa voz de Chaves e Chapolin?
Nelson
Machado - Muito pouco. Essa é mais uma das visões estranhas que
as pessoas têm desse trabalho. A maioria acha que éramos um
grupo igual aos personagens que dublávamos, que vivíamos
juntos, alguns até imaginam a gente morando na mesma rua e
convivendo o dia inteiro. O Gastaldi era um ótimo dublador, um
bom diretor, o dono da Maga e não tenho muito mais a dizer. Nós
só trabalhávamos juntos. Eu só o via nas horas de trabalho. É
mais ou menos como achar que você é íntimo de todos que
estudam na sua faculdade, já que vocês estão no mesmo lugar
todos os dias.
Mestre
Maciel - Na sua opinião, por que só agora que o SBT está
exibindo episódios inéditos do Chapolin?
Nelson
Machado - Não tenho uma opinião formada sobre isso porque não
tenho idéia de haver episódios inéditos. Afinal, todos os
episódios foram dublados há mais de vinte anos e não acredito
que alguém mande dublar um episódio, gaste dinheiro com isso,
pra depois escondê-lo por vinte anos. Pra mim isso é uma
daquelas lendas que envolvem a série.
Mestre
Maciel - Como é a sensação de voltar a dublar o personagem
Quico para os boxes de DVD's no estúdio Gábia? Qual a
diferença da dublagem dos seriados hoje para os anos 80 e 90 nos
estúdios MAGA e mais tarde na Marshmallow?
Nelson
Machado - Voltar a fazer o Quico é muito bom. Bem divertido. Eu
nunca dublei Chaves nos anos 90 e não sei de onde surgiu essa
notícia. Muita gente me pergunta isso, mas não tenho idéia
desse trabalho. Pode ter acontecido de terem dublado alguns
episódios onde não entrasse o Quico e, por isso, eu nem fiquei
sabendo. Na Marshmellow, eu dublei a série do Quico, uma
produção feita na Venezuela. E outro engano é quanto aos tais
"estúdios" Maga. Nunca existiram "estúdios"
Maga. A Maga e a Elenco eram empresas que prestavam serviços
para a TVS e gravavam os trabalhos em estúdios da própria TVS
que pertenciam ao Sílvio Santos.
Carlos Seidl
Seidl
encarnando Seu Madruga em pleno estúdio Gábia
Dublador do Seu Madruga, Seidl respondeu em cima da hora aos questionamentos, quando a matéria estava quase fechada. O atraso se deu por conta de um tempo em que passou fora, e torceu para que não tivesse respondido tarde demais. Mas foi bem na hora, pois uma declaração sua foi publicada na reportagem.
Mestre
Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos
seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar
com os mesmos episódios, sempre conquistar uma
grande audiência?
Carlos Seidl - O tipo de humor direto e ingênuo, como o dos
clássicos como Chaplin, O Gordo e o Magro... etc.
Mestre
Maciel - Nos primeiros tempos de dublagem das séries Chaves e
Chapolin, você imaginava que as mesmas fariam o sucesso
estrondoso que dura até hoje?
Carlos
Seidl - Ninguem podia imaginar. Não existe uma fórmula mágica
para o sucesso, se existisse, não haveria fracasso.
Mestre
Maciel - O que você pode falar sobre seu colega Marcelo
Gastaldi, a saudosa voz de Chaves e Chapolin?
Carlos
Seidl - Um grande ator, um empreendedor e principalmente uma
pessoa criativa em todos os sentidos. Era meu amigo e colega a
muitos anos quando iniciamos os traballhos do Chaves e ele deu as
diretrizes da série e escalou brilhantemente o elenco.
Mestre
Maciel - Na sua opinião, por que o SBT levou tanto tempo para
exibir episódios inéditos do Chapolin, além de outros perdidos
de Chaves?
Carlos
Seidl - A programação do SBT é imprevisível Acho que nem eles
mesmos sabem porque.
Mestre
Maciel - Como é a sensação de voltar a dublar o personagem Seu
Madruga para os boxes de DVD's no estúdio Gábia? Qual a
diferença da dublagem dos seriados hoje para os anos 80 e 90 nos
estúdios MAGA e mais tarde na Marshmallow?
Carlos
Seidl - Foi muito bom por varios motivos: além de rever os
amigos e revisitar um antigo trabalho, demos um avanço na
normatização de gravações para as novas mídias, limitando o
prazo de validade do trabalho, que tem que ser renegociado quando
vencer o contrato. É um pequeno passo para evitar que um
trabalho seja usado anos a fio com um faturamento alto, sem
remunerar os autores da obra. O desenvolvimento tecnico veio
facilitar bastante nosso trabalho.
Gustavo Berriel
Berry
em um de seus tantos ofícios
Presidente do Fã-Clube Chespirito-Brasil, dublador do Nhonho no desenho animado e nos DVD's da Amazonas, além de dublar também Jaiminho e os personagens de Raul Padilla nos discos, produtor dos grandes eventos CH realizados no Rio e em São Paulo, cérebro do Fã-Clube nas adaptações dos textos dos DVD's para a dublagem, futuro escritor de um livro sobre os seriados, ator de teatro e, acima de tudo, meu grande amigo!
Mestre
Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos
seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar
com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande
audiência?
Gustavo
Berriel - Não existe um só segredo. Acredito numa união de
vários fatores. Um deles é sua "simplicidade rica".
Chaves & Chapolin conseguem fazer rir sem apelar. Existe ali
uma mistura de humor clássico, pastelão, com um texto
inteligentíssimo que valoriza a linguagem. E o ingrediente final
para tudo isso dar tão certo é o talento de cada ator ali
presente. São artistas excepcionais, todos, sem exceção. Esses
programas são atemporais, ou seja, fazem sucesso em qualquer
época. E são apreciados por todas as faixas etárias. A gente
ri da mesma piada, que nunca se desgasta. Outro grande acerto, no
caso do sucesso desses programas no Brasil, é a sua dublagem,
magnífica, feita com os profissionais certos. Vejo dezenas de
programas de TV com tempos de vida média cada vez mais curtos.
Isso acontece porque esses programas "querem ser" muita
coisa e acabam não sendo nada. Eles querem ser muito
engraçados. Querem ser educativos e ao mesmo tempo fazer rir.
Querem ser originais e querem ser inteligentes. E se tornam
forçados, grotescos, apelativos. Já o 'Chaves' não pretende
ser nada. Ele é aquilo ali. Engraçado e pronto. E é por isso
que encanta tanto.
Mestre
Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Gustavo
Berriel - Nada. Eu assisto sem motivação. Assisto por assistir,
sem causa, motivo, razão nem circunstância. E adoro! Da mesma
forma que o riso também vem sem motivação. É engraçado por
ser. Esse é o tipo de humor que dá certo. É aquele que não é
feito PARA você rir, pois não é forçado. Mas você acaba
rindo porque é bom, é impressionantemente bom, e é ao mesmo
tempo saudável. É um programa que simplesmente te faz bem. Se
existe um motivo, é só esse: eu sou feliz ao assistir. E isso
basta.
Mestre
Maciel - Na sua opinião, por que só agora reapareceram tantos
episódios inéditos do Chapolin (além dos perdidos do Chaves)?
Qual o melhor deles no seu ponto de vista?
Gustavo
Berriel - Não elaboro uma única opinião sobre essas
"surpresas" do SBT. Prefiro ficar sem entender a
procurar essas respostas. Até porque o nosso Fã-Clube não se
preocupa mais com Chaves & Chapolin "no SBT", isso
pra gente é só um detalhe. Nós nos preocupamos com CH no
Brasil, de modo geral, e com o que está ao nosso real alcance,
como os eventos e o cuidado e a preservação da memória de
Chespirito e seu universo. Nesta emissora tudo é muito
imprevisível e tudo pode acontecer. Episódio inédito do
Chapolin com a dublagem Maga (feita há 20 anos) em pleno ano de
2006 é loucura total! Não há nenhuma chamada, prova de que
eles não têm a menor noção de que esse material é inédito.
É mais uma prova de desorganização vergonhosa. Maaas... Que
venham mais inéditos! Meu preferido desses foi o do presente de
casamento.
Mestre
Maciel - Como surgiu o projeto dos DVD's do Chaves, do Chapolin e
de Chespirito?. Como ocorrem as negociações com a Televisa, com
os dubladores e com o estúdio Gábia?
Gustavo
Berriel - Surgiu a partir de um pedido dos próprios fãs. O fã
Bruno Sampaio escreveu uma carta para várias empresas pedindo
esses DVDs. Eu assinei essa carta representando o Fã-Clube. A
Amazonas Filmes foi a única empresa que se interessou. E o
empresário Paulo Duarte arregaçou as mangas e colocou o projeto
em prática. Entrou em contato comigo pedindo a ajuda e o aval do
Fã-Clube. Na época, outra empresa já havia lançado um DVD de
'Chaves', que fracassou porque cometeram o crime de usar a mesma
dublagem feita para TV sem pagar um centavo aos dubladores.
Resultado: processos! A Televisa largou aquela empresa e entrou
em acordos com a Amazonas Filmes, com a premissa de que houvesse
uma nova dublagem. O Fã-Clube indicou os nomes dos mesmos
dubladores da versão Maga, do SBT. E todos foram contactados e
contratados especialmente para realizar este trabalho. Quanto à
escolha do estúdio Gabia, eu não já não sei te explicar quais
foram os critérios usados. A Televisa vende cada episódio da
obra de Chespirito a preços altíssimos, e esse valor aumenta a
cada ano. Os DVDs saem caríssimos para uma empresa de pequeno
porte como a Amazonas Filmes. Por isso, afirmo que este é um dos
projetos mais ousados da história do país em lançamentos Home
Video. O investimento na dublagem também foi enorme. Houve
acordo individual com cada dublador. No início, esse processo
foi difícil, mas a negociação foi bem sucedida, assim como a
relação com a Televisa, que virou um verdadeiro romance. Nosso
Fã-Clube também ganhou reconhecimento da própria Televisa.
Mestre
Maciel - Como ocorreu o trabalho de adaptação dos scripts dos
episódios por parte do Fã-Clube Chespirito-Brasil? Como o
Fã-Clube adquiriu essa oportunidade de mexer no texto original e
também de conferir a dublagem ao vivo?
Gustavo
Berriel - Tudo começa no estúdio de dublagem. Primeiramente, é
feita a tradução no estúdio, por profissionais que são pagos
para traduzir. Feito isso, o estúdio manda os textos traduzidos
para mim. Eu conto com uma equipe de "adaptadores", que
eu mesmo escolhi, para o processo de colaboração. Cada membro
dessa equipe dá sugestões ao texto, sem mudar a tradução
original, para eu saber exatamente o que cada um alterou.
Finalmente, mandam de volta para mim. Eu faço a minha
adaptação e revisão final de tudo e decido o que entra e o que
não entra do que foi sugerido. Assim, nós damos vida ao texto e
o deixamos bem próximo do estilo seguido pela dublagem original
(versão Maga), que passa no SBT. O texto simplesmente traduzido
chega para o FC completamente "vazio" e todo "ao
pé da letra", bem diferente do texto de Chaves que os fãs
conhecem. Os bordões, por exemplo, vêm trocados, diferentes do
que assistimos na TV. Nós cuidamos para manter bordões e
expressões antigos já conhecidos. E é um trabalho muito
difícil, porque esse texto precisa se encaixar na sincronia da
dublagem. E também temos o fator personalidade. Vira e mexe
inserimos no texto alguma referência nossa, que tenha, claro,
ligação com o universo de Chespirito e dos fãs brasileiros,
mas que também seja algo novo, diferente. Afinal, não estamos
perdendo tempo à toa com esse trabalho simplesmente para imitar
uma dublagem antiga. Nós recriamos tudo baseado na dublagem
antiga, mas com personalidade. Afinal, a própria dublagem Maga
contém muitos erros e equívocos graves. A gente procura
consertar isso. Estamos tendo a oportunidade de redublar Chaves
em 2006, então temos de valorizar isso ao máximo, para fazer
história. O Paulo Duarte, dono desse projeto dos DVDs e, aliás,
também fã de Chaves, percebeu que precisaria de ajuda na
adaptação dos textos, senão a tradução poderia pôr tudo a
perder, pois resultaria num texto novo, moderno, que jamais
combinaria com o espírito de Chaves (como o desastre que
aconteceu com a série 'Clube do Chaves', no SBT). E pediu o
apoio do Fã-Clube CHESPIRITO-Brasil, que ainda foi convidado
para assistir às dublagens ao vivo no estúdio. Acompanhamos
tudo. Dentro do estúdio, nossa presença se assemelha a uma
espécie de dicionário que o dublador e a direção de dublagem
consultam quando se deparam com alguma dúvida sobre determinada
palavra ou expressão "chavística". Eu me orgulho
muito de participar tão ativamente desse projeto. E é preciso
dizer que não seria possível um bom trabalho sem a
colaboração dos seguintes camaradas: Felipe Araujo, Eduardo
Gouvêa, Mauricio Melo, Tiago Frazão, Flavio Michelin (que
também são diretores do Fã-Clube!), Gustavo Melo, Bruno
Sampaio, Marco Maciel, Thomas Henrique, Eduardo Rodrigues, Luiz
"el Chavo" e Pedrinho Castro. Cada um desses citados é
peça fundamental de alguma etapa do projeto.
Mestre
Maciel - Como você se tornou dublador do Nhonho e do Jaiminho?
Qual é o peso da responsabilidade em substituir os saudosos
Mário Vilella e Older Cazarré? Descreva a emoção em emprestar
sua voz para esses dois personagens tão famosos.
Gustavo
Berriel - Eu sempre brinquei com a voz fazendo vários
personagens no teatro. Sou ator profissional e já tinha feito
curso de dublagem no Rio de Janeiro com o mestre Hamilton
Ricardo. Eu já sonhava em dublar. Só não imaginava que meu
primeiro trabalho seria justo com 'Chaves'. Bem, eu sei imitar
muito bem as conhecidas vozes do Nhonho e do Jaiminho. Os
dubladores da versão Maga desses personagens, os queridos Older
Cazarré e Mario Villela, morreram. E acho que foi um presente
que me deixaram. Não conheci o Older, mas sempre admirei seus
trabalhos. Ele e seu irmão, Olney, eram grandes atores do cinema
nacional. Também atuavam em novelas e dublavam de maneira
brilhante. O Older teve uma morte muito trágica. Foi atingido
por uma bala perdida em seu próprio apartamento, no bairro de
Copacabana. Isso foi em 1992. Meu objetivo inicial era dublar
apenas o Jaiminho e os demais personagens do ator Raúl
"Chato" Padilla. Conheci Mario Villela e, apesar da
nossa diferença de idade, eu digo que ele foi meu amigo. Nas
épocas dos eventos no Rio de Janeiro, eu conversava muito com
ele por telefone, implorando sua presença, mas ele era obrigado
a recusar por conta da saúde debilitada. No Festival da Boa
Vizinhança, em São Paulo, ele ficou arrasado por não poder
participar e me disse que não estava bem. Ele sofria de
diabetes, uma doença terrível, que destrói a pessoa aos
poucos. Na ocasião da fase inicial do projeto dos DVDs, portanto
no final de 2005, fiz questão de incluir o nome de Mario Villela
na lista dos dubladores que deveriam ser convocados para dar
continuidade ao trabalho começado 20 anos atrás. Villela já
tinha ficado de fora do programa Chespirito, na CNT, em 1997
(dublado na BKS / Parisi) e do Clube do Chaves, 2000, dublado na
Gota Mágica. Nosso fã-clube não podia aceitar que essa atitude
sem caráter se repetisse e exigiu Villela para a voz do Seu
Barriga e Nhonho. Eu mesmo dei a notícia a ele, que vibrou...
Nessa parte, eu me emociono muito ao me lembrar dos fatos.
Algumas pessoas já tinham lamentavelmente impedido o Villela de
dublar. Dessa vez, parecia estar tudo bem. Mas foi a vez de a
doença o impedir. Ele ainda chegou a começar o trabalho. Eu
acompanhei isso. No primeiro dia em que chegou ao estúdio, ele
estava eufórico. Conversamos muito, ele estava muito feliz e
agradecido aos fãs pela força. Mas estava visivelmente
debilitado, sem forças, abatido... Segurei suas mãos bem forte
para ajudá-lo a subir as escadas. Já no estúdio, ele não
conseguia dublar. Foi muito sofrimento. É duro lembrar. Mario
Villela foi mais que um modelo de dublador para mim, ele foi um
exemplo de vida e de força. Em seus últimos dias, ele fazia
piadas e ria da própria situação. Era uma daquelas raras
pessoas que vão firmes até o fim... Dublar o Nhonho para mim
simboliza imortalizar o Mario Villela. Cada vez que faço aquela
vozinha fina e rouca, posso sentir sua presença. É emocionante
demais. Não sei te descrever o que eu sinto ao dublar esses
personagens. Dublar para mim já era um sonho profissional.
Dublar 'Chaves' foi realizar um sonho louco, daqueles de
criança. Tecnicamente, estou substituindo Older Cazarré e Mario
Villela. Mas esses homens são insubstituíveis. Perto deles, sou
um mero dubladorzinho novato. Mas o amor que sinto por eles unido
à minha autocrítica e cobrança como fã de 'Chaves' me dá
forças para fazer um bom trabalho!
Mestre
Maciel - Comente sobre a série de livros CH, formada pelos dois
da dupla Joly-Thuler mais o "O Diário do Chaves"?
Gustavo
Berriel - Sinceramente, eu acho os livros desses jornalistas um
equívoco total. Eles fizeram um trabalho precário, repleto de
erros. Uma péssima pesquisa. Parece que eles simplesmente
navegaram pelos sites da internet e buscaram informações aqui e
ali, tudo já muito manjado e batido. Eu li e perdi meu tempo.
Mas preciso reconhecer que eles tiveram uma boa idéia. É claro
que não comprei! Li o que o Lippe recebeu em casa. E não
recomendo para ninguém! Economizem para poder comprar o livro
que eu ainda vou publicar (risos). Já o Diário do Chaves é
genial, como tudo ou quase tudo o que o Bolaños faz. Adorei e
já li três vezes. O forte de Chespirito é o texto (que inclui
os roteiros para TV), portanto o livro do Chaves não poderia
decepcionar
Mestre
Maciel - Sobre os eventos CH, com certeza dá muito trabalho,
além de empenho, para organizá-los?
Gustavo
Berriel - Dá muito trabalho sim. Tanto que já pensei em
desistir. Mas quando eu vejo o sucesso todo, ganho forças para
continuar e fazer novos eventos. O evento de São Paulo foi
surpreendente demais. Eu esperava no máximo 3 mil pessoas. Foi o
dobro disso, nem estávamos preparados para receber tanta gente!
O sentimento não dá pra descrever. O de São Paulo foi
diferente porque contou com uma equipe muito maior também. E
mais trabalhadora.
Eduardo Rodrigues
O
dia em que E.R tomou o lugar de William Bonner
Talvez o mais incansável e versátil colaborador dos sites CH, atuando para inúmeras páginas (incluindo o Turma CH) fornecendo fotos, textos, vídeos, entre outros materiais. É o maior inimigo da dupla Tatá e Totó (Tatá Guarnieri por sua atuação dublando Chaves - embora goste de seu trabalho nos outros personagens -; e Totó, o melhor amigo de Kiko na série "Ah que Kiko!").
Mestre
Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos
seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar
com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande
audiência?
Eduardo
Rodrigues - No caso do Chapolin, é o fato de uma série de fãs
que gostavam muito do CHAVES quando crianças, passarem a
apreciar o trabalho dos atores em outros papéis. No caso do
CHAVES, é porque a série tem bons atores, personagens
carismáticos, situações engraçadas e por não ter um
conteúdo violento, ao contrário da maioria dos programas da TV
aberta. Além disso, as séries tem piadas que fazem rir tanto
crianças, quanto adultos; tanto intelectuais, quanto
não-intelectuais. É um humor simples. Mesmo assim,
principalmente pelo fato do SBT repetir muito os mesmos
episódios do CHAVES e pelo programa ser mexicano, ainda sobre
muito preconceito da elite acadêmica em todo o país, e da elite
em geral (especialmente fora de São Paulo).
Mestre
Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Eduardo
Rodrigues - No caso do CHAPOLIN, para ver os episódios inéditos
e gravar os comuns para a minha coleção. No caso do CHAVES,
para gravar os episódios com uma melhor qualidade de imagem e
som para a minha coleção. Os episódios que eu já tenho ou que
são exibidos com cortes, eu não gravo. Também me motivam a
assistir o programa os atores, principalmente Carlos Villagrán e
Ramón Valdez, que são geniais.
Mestre
Maciel - Na sua opinião, por que só agora que o SBT está
exibindo episódios inéditos do Chapolin? Qual o melhor deles no
seu ponto de vista?
Eduardo
Rodrigues - Eu acho que o SBT, em 2003, fez uma
"recopiação" dos episódios, como me disse um amigo
meu de Jundiaí. Eles pegaram as fitas dos episódios e passaram
para um outro formato de mídia, mais moderno e compatível com a
tecnologia digital. E assim, voltaram uns 7 ou 8 episódios
perdidos do Chaves e também esses episódios inéditos do
Chapolin, creio que já exibiram mais de 10 inéditos, além da
volta de 4 episódios perdidos do Chapolin. Os episódios mais
legais são : "O Ladrão do Museu de Cera" e
"Fotos no museu, não !".
Mestre
Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de
DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por
quase toda a equipe original de dubladores? O que você acha do
trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
Eduardo
Rodrigues - Os BOXes da Amazonas são excelentes ! Especialmente
porque a empresa valoriza o trabalho dos dubladores, pagando um
bom salário pra eles. Mas é claro que, como todo o fã, eu
gostaria que tivesse um jeito de usar o áudio da MAGA em todos
os episódios comuns e perdidos, pagando a família do Gastaldi e
também a todos os dubladores, pelo uso das vozes. Era o que a
Imagem Filmes deveria ter feito e não fez(e agora estão tendo
problemas judiciais). Eu acho que o Tatá dubla bem o Chapolin, o
Chompiras e o Chaparron. A dublagem dele para o Chaves é
desastrosa, sinceramente, não acho um pingo de graça na voz que
ele faz para o personagem. Pra mim, a voz do Chaves deveria ser,
pelo menos, parecida com a voz que o Marcelo Gastaldi fez para o
personagem, e isso o Tatá não fez.
Mestre
Maciel - Comente sobre a série de livros CH, formada pelos dois
da dupla Joly-Thuler mais o "O Diário do Chaves"?
Comprou os três? O que achou de cada um?
Eduardo
Rodrigues - Eu não comprei nenhum dos 3 livros. Eu li o
"Diário do Chaves" na casa do meu pai, porque o meu
irmão(de 11 anos) comprou. Eu não gostei não, porque inclusive
no livro falam que um dos personagens da série faleceu, além de
que o Chaves fala que foi abandonado em um orfanato, onde
apanhava. Eu não gostei de ler isso, sinceramente. Pra mim,
apesar do Chaves ter um lado meio melancólico, pela pobreza que
enfrenta, a série sempre me faz lembrar de coisas boas e
engraçadas, por isso tudo que eu não gostei do livro. Quanto ao
livro do Joly e do Thuler, eu não li, porque, pelo que me
disseram, a maioria das informações dos livros já tem nos
sites sobre Chaves e Chapolin, e aliás, nenhum site CH é citado
como fonte de consulta dos autores. Então, eu não fiz questão
de ler, porque eu acho que quando você faz um livro e consulta
alguma fonte, você deve citá-las. Ah! E também me falaram que
o livro tem uma série de erros, por exemplo, chegam a falar que
a personagem da Louca da Escada foi criada antes da Dona
Clotilde, o que não é verdade. A Dona Clotilde surgiu em 1971 e
a Louca da Escada foi criada em 1973.
Felipe Araújo
Lippe
(de preto) ao lado do seu grande amigo Gustavo Berriel
Nosso popular Lippe é colunista do Turma CH (embora tenha escrito apenas uma até agora para o site), vice-presidente do Fã-Clube Chespirito Brasil, advogado e grava para sempre as horas em que passou conversando com Edgar Vivar durante a visita do intérprete do Senhor Barriga ao Brasil em 2003.
Mestre
Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos
seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar
com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande
audiência?
Felipe
Araújo - Eu creio que Chespirito, por não almejar um formato
televisivo apelativo, pra agradar a uma modinha ou tendência
atual, tenha feito os seriados à sua maneira, usando seu dom.
Por sorte, ele é um gênio, e conseguiu desenvolver um humor
atemporal, inofensivo (mas crítico), inteligente e torpe ao
mesmo tempo. Assistir Chaves e Chapolin por 20 anos, portanto,
não é ver a mesma coisa de novo, mas descobrir universos
diferentes a cada momento, e perceber que é adequado tanto aos
anos 70, como aos dias de hoje.
Mestre
Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Felipe
Araújo - Quando estou triste, feliz, eufórico, deprimido,
angustiado, calmo, com fome, farto de comer...EU PRECISO VER
CHAVES E CHAPOLIN! É mais que um vício, uma necessidade, é
como se fosse meu oxigênio, meu combustível. Sinto-me feliz
quando assisto, não penso em mais nada, volto a ser criança e
não ter qualquer problema. Sinceramente...eu não sei o que
seria de mim sem Chespirito.
Mestre
Maciel - Na sua opinião, por que só agora que o SBT está
exibindo episódios inéditos do Chapolin? Qual o melhor deles no
seu ponto de vista?
Felipe
Araújo - Por total incompetência! Como pode eles terem comprado
esse lote de episódios pra exibir no começo dos anos 90 e só
agora eles virem à tona? O SBT é uma verdadeira espelunca, nada
funciona adequadamente. É horrível constatar tamanha
inoperância numa empresa q já ousou se autodenominar "a
segunda maior TV do Brasil"...claro q todos estamos felizes
com os novos episódios, apesar de muitos já os conheciam pela
repretel. Mas eu digo que preferia ter tido contato com eles na
época da compra, pois assim eu já saberia todas as falas decor!
hehehe Desses que passaram creio que o melhor seja do Museu dos
Malfeitores. É simplesmente maravilhoso!
Mestre
Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de
DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por
quase toda a equipe original de dubladores? O que você acha do
trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
Felipe
Araújo - Apesar de me sentir órfão pela ausência do Gastaldi
e do Mario Villela, estou achando maravilhoso este trabalho.
Além de chamarem os dubladores originais, também estão tendo
respeito aos fãs colocando a opção de vermos os episódios com
áudio original, além das legendas. Trabalho de muito bom gosto,
apesar do estúdio Gábia ser meia boca. Quanto ao Tatá, ainda
é duro engolir o Chaves...mas ele está melhorando
gradativamente. Se você observar DVD por DVD, verá uma melhora
singela na qualidade. Contudo, Chapolin, Chompiras, Chaparron,
Chapatin estão ÓTIMOS!! O Tatá é um excelente dublador, acho
que não existe ninguém mais gabaritado que ele pra assumir este
papel.
Mestre
Maciel - Como ocorre o trabalho de adaptação dos scripts dos
episódios por parte do Fã-Clube Chespirito-Brasil? Como é a
sensação de assistir ao vivo à dublagem dos seriados no
Gábia?
Felipe
Araújo - Geralmente nós dividimos o trabalho. Eu, pessoalmente,
escolhi adaptar o Chapolin, pq além de s etratar do meu seriado
favorito, tenho mais facilidade com os textos. Nós recebemos uma
1ª tradução, geralmente de péssima qualidade. Dessa forma,
nosso trabalho, que seria a princípio apenas adaptar, torna-se
tbm o trabalho de traduzir. claro que fazemos com muito prazer,
mas a quantidade de texto é enorme...a cada DVD, para cada
seriado, são 150 páginas de texto pra ser adaptado. Junto com
os textos, nós recebemos também VHS com os episódios, pra nos
ajudar a fazer uma adaptação boa, vendo se nossas idéias são
possíveis ou não de serem encaixadas. Após isso, mandamos os
textos pro estúdio. E acompanhamos os dubladores durante o
trabalho...as dúvidas que surgem quanto ao texto nós
respondemos ao diretor de dublagem que estiver trabalhando.
Mestre
Maciel - Comente sobre a série de livros CH, formada pelos dois
da dupla Joly-Thuler mais o "O Diário do Chaves"?
Comprou os três? O que achou de cada um?
Felipe
Araújo - O "Diário do Chaves" é simplesmente
exuberante! Uma leitura deliciosa e emocionante, apesar de ser um
pouco estranho pelos fatos que ocorrem. Esse eu já tinha lido em
espanhol, não cheguei a comprar o em português lançado
recentemente. Quanto aos outros 2, valeu mais pela intenção. A
minha sensação é de que o "sem querer querendo" foi
um apanhado de notícias em sites sobre CH, e que não houve um
trabalho de pesquisa realmente aprofundado. Uma série de erros
foi publicada e, o que é pior, esses erros foram reiterados nas
edições posteriores. Contudo, ver que um livro sobre Chaves
disputou com o Código da Vinci o 1° lugar nas vendas é
sensacional. Acredito que o segundo livro já veio na onda do
sucesso do 1°, apesar de ser mais uma ótima sacada dos autores,
pois o que mais faz sucesso nos sites sobre CH são os
"quiz". O "sem querer querendo" eu ganhei da
editora, quando eles pediram ao fã clube que organizasse um
mini-evento CH pra ser também uma tarde de autógrafos. O livro
do quiz eu não comprei não, e nem pretendo.
Fernando Thuler
Thuler
provavelmente ensaiando "Quero Ver Outra Vez"
Um dos autores dos livros "Chaves - Foi Sem Querer Querendo?" e "Chaves & Chapolin - Sigam-me os Bons".
Mestre
Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos
seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar
com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande
audiência?
Fernando
Thuler - São vários os motivos. O principal que eu apontaria é
o texto e a direção feita por Bolaños. Ele conseguiu criar
piadas e situações engraçadas que não têm data de validade.
Eram engraçadas nos anos 70, 80, 90 e até hoje. Criou um humor
atemporal.
Mestre
Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Fernando
Thuler - Hoje em dia, por conta do trabalho, é difícil eu
conseguir assistir. Mas, quando posso, assisto para lembrar dos
tempos de infância e dar risada. Considero Chaves e Chapolin os
melhores humorísticos da TV.
Mestre
Maciel - Como surgiu a idéia do lançamento do livro
"Chaves - Foi Sem Querer Querendo?". Esperava a grande
vendagem obtida?
Fernando
Thuler - O livro foi o trabalho de conclusão de concurso meu, do
Luís e do Paulo Franco. Nos formamos em Jornalismo. Conseguimos
nota 10 e, com isso, fomos atrás de uma editora para
publicá-lo. Um ano e meio depois, o livro estava nas lojas.
Esperávamos um bom retorno, por conta dos inúmeros fãs das
séries que existe no Brasil, mas o sucesso nos surpreendeu.
Mestre
Maciel - Quem motivou você e o Joly a escreverem um segundo
livro: "Chaves & Chapolin - Sigam-me os Bons"? Como
está a vendagem deste?
Fernando
Thuler - Tínhamos muito material guardado que não entrou no
primeiro livro e, com o sucesso das vendas, já imaginávamos
poder utilizá-lo. Somamos isso ao pedido dos fãs, que queriam
mais novidades e curiosidades e o interesse da editora por um
novo volume. As vendas estão bem, mas não superam as do
primeiro, já que é um livro mais voltado para os fãs.
Mestre
Maciel - Na sua opinião, por que, após tanto tempo, o SBT
exibiu episódios inéditos do Chapolin, além de outros perdidos
do Chaves? Qual o melhor deles no seu ponto de vista?
Fernando
Thuler - O SBT não dá a atenção necessária ao seriado e a
sequência em que é exibido. Não da pra saber porque são
exibidos só agora. Não tenho tido oportunidade de ver esses
episódios, infelizmente. Mas, o meu favorito do Chapolin, é um
que era considerado "perdido", a Peruca de Sansão.
Mestre
Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de
DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por
quase toda a equipe original de dubladores? Se você viu os
DVD's, o que você acha do trabalho de Tatá Guarnieri, o novo
dublador de Chespirito?
Fernando
Thuler - Acho muito importante, é mais uma maneira de ajudar a
imortalizar as séries de Bolaños. Não vi os DVD´s, mas já
ouvi a voz do Tatá. É a que mais se aproxima do Gastaldi, mas
ainda se nota muita diferença.
Mauricio Trilha (Kagiva)
Kagiva
cheio de estilo, como sempre...
O showman dos chavesmaníacos: é estudante, meu futuro colega no Jornalismo, imitador oficial do locutor Pedro Ernesto Denardin (o mesmo que disse que o Inter rasgou a camisa do São Paulo e pisou em cima dela), vocalista de banda de rock, sócio do jornal Zero Hora (com direito a uma aparição por semana dando pitacos em tudo), garoto-propaganda da bola Kagiva, meu grande amigo e, para encerrar, modelo fotográfico da minha reportagem (cuja pose pode ser vista no fim da página).
Mestre
Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos
seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar
com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande
audiência?
Kagiva
- Chespirito criou uma vila, onde cada pessoa pode se ver dentro
dela, ele conseguiu representar um pouco de cada massa
populacional dentro de um cortiço, e fez isso brilhantemente com
piadas inocentes, sem poluição, sem adesão ao sexo, sem as
chulices que os programas de humor atualmente usam para fazer
sucesso.
Mestre
Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Kagiva
- Simplesmente não sei, desde pequeno eu vejo Chaves, quando eu
era bebê só tinha um jeito de me fazer parar de chorar, ver
Chaves. É uma coisa mágica, que muitos tentaram explicar, mas
nenhum conseguiu. Chaves é a maior obra da televisão mundial, e
ao mesmo tempo em que é tão nobre, é tão inexplicável.
Mestre
Maciel - Na sua opinião, por que, após tanto tempo, o SBT
exibiu episódios inéditos do Chapolin, além de outros perdidos
do Chaves? Qual o melhor deles no seu ponto de vista?
Kagiva
- O próprio SBT admitiu que não tem conhecimento do que exibe,
pega qualquer fita, edita e prepara para ir ao ar, de repente
esses inéditos estavam perdidos em alguma gaveta do SBT, alguém
achou, e eles decidiram exibir. O melhor deles sem dúvida é
“O Louco da Cabana” com sua imortal frase: “Essa
porta não ta muito boa!” (risos).
Mestre
Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de
DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por
quase toda a equipe original de dubladores? O que você acha do
trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
Kagiva
- Tatá Guarnieri foi uma tentativa arriscada que infelizmente
não deu certo, sua voz como Chaves e Chapolin não combinaram
nem um pouco, assim como os novos dubladores do Edgar Vivár,
ficaram muito fora do original. E tratando-se de um clássico da
dublagem brasileira, mudar tão bruscamente é um desrespeito
total aos fãs! Os DVD’s foram uma idéia ótima, fico feliz
pelo seu lançamento, apesar da série de problemas e
adaptações e do alto custo inimaginável ao bolso dos fãs,
para se ter uma idéia, o BOX de “Friends” (série mais
famosa da TV americana) com 6 DVD’s custa a metade do que
custa o BOX do Chaves com apenas 3 DVD’s.
Mestre
Maciel - Comente sobre a série de livros CH, formada pelos dois
da dupla Joly-Thuler mais o "O Diário do Chaves"?
Comprou os três? O que achou de cada um?
Kagiva
- Luis Joly e Fernando Thuler fizeram o que qualquer pessoa
poderia ter feito; reuniram uma série de informações dos sites
brasileiros, juntaram e colocaram em um livro. Como sabemos, a
Internet possuí muitos erros, e infelizmente pela tremenda falta
de conhecimento dos dois autores, esses erros saíram no livro,
que para surpresa de todos foi Best-Seller em todo o Brasil.
Comprei o primeiro, me decepcionei, afinal quem é fã não pode
escrever o nome do criador do Chaves errado (como os autores
fizeram durante todo o livro), por esta razão não comprarei o
segundo. Já o “Diário do Chaves” recomendo, é uma
boa leitura, muito legal para quem tem curiosidade de saber como
foi criada a série “Chaves”.
Luís Joly
Joly
na lista dos mais vendidos
Um dos autores dos livros "Chaves - Foi Sem Querer Querendo?" e "Chaves & Chapolin - Sigam-me os Bons". Há uma mescla entre as perguntas de 2006 e outras realizadas um ano antes, a fim de outro trabalho para a faculdade (sobre Chaves, é claro).
Mestre
Maciel - Como surgiu a idéia do lançamento do livro
"Chaves - Foi Sem Querer Querendo?". Esperava a grande
vendagem obtida?
Luís
Joly - A idéia surgiu a partir do grande desejo que Fernando
Thuler e eu tínhamos de ser escritores. Soma-se a isso o fato de
sempre gostarmos de Chaves, desde a infância. Unimos o útil ao
agradável e vimos que não havia no Brasil nenhuma obra sobre o
tema. Esperávamos um relativo sucesso, mas não da maneira
avassaladora como foi.
Mestre
Maciel - Da monografia na faculdade surgiu a idéia de escrever o
livro. Você o considera um projeto ousado? Quanto tempo o livro
levou para ser escrito?
Luís
Joly - Sim, considero um projeto inovador, já que não havia um
livro no Brasil que explicasse como o seriado começou por aqui e
as causa do sucesso. No total, o livro consumiu dois anos de
pesquisa.
Mestre
Maciel - Como é o privilégio de você mais o Paulo Franco e o
Fernando Thuler serem os primeiros brasileiros entre milhares de
fãs na terra tupiniquim a publicarem um livro sobre os seriados
CH?
Luís
Joly - É gratificante. Somos fãs do seriado também, e como
todos, sempre quisemos saber mais sobre Chaves e Chapolin. O
carinho vindo dos fãs é especial, pois sabemos como eles são
exigentes e detalhistas!
Mestre
Maciel - Como foi, em função do livro, sua participação nos
programas Pânico, da Jovem Pan, e em Mulheres, da TV Gazeta?
Além destes, você deu entrevistas para outros veículos de
imprensa?
Luís
Joly - Já demos entrevistas para os mais diversos veículos de
comunicação. Além dos citados acima, estivemos na Rádio
Gaúcha, SBT, Rádio Carioca, Rádio Inconfidência, Eldorado AM,
Estadão, Folha, Agora, JT, O Globo, Pânico, etc...Em breve
estaremos na Rádio Transamérica, Rede Gospel e GameTV.
Mestre
Maciel - Como você avalia a fase atual dos seriados, através
dos lançamentos dos DVD's, do livro e da boa audiência?
Luís
Joly - Mais um motivo para felicidade. De certa forma, nosso
livro está ajudando a trazer Chaves de volta à moda. E com
isso, os programas ganham mais espaço na TV e mais destaque. A
questão da audiência já não impressiona mais, pois independe
de livro ou DVD. Chaves e Chapolin sempre serão um sucesso pela
qualidade do programa. Não precisa de terceiros para provar
nada.
Mestre
Maciel - Qual o segredo do sucesso dos seriados CH para que,
mesmo com tantas reprises, a audiência continue alta?
Luís
Joly - São vários os segredos. Mas podemos destacar, sem
dúvida, a qualidade do texto criado pelo Bolaños, que utiliza
um humor atemporal, que pôde ser entendido na época, e terá o
mesmo efeito daqui a 20 anos. Além disso, o SBT, sem querer
querendo, acabou contribuindo para aumentar o sucesso no Brasil.
As reprises acabam fixando o programa no imaginário de todo
brasileiro que assiste televisão regularmente, e também, o fato
da terceira geração assistir ao programa permite que ele seja
temas de discussão entre pessoas de distintas faixas etárias,
diferente de outros programas "de época".
Mestre
Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Luís
Joly - Chaves e Chapolin são seriados que vencem justamente por
não prender a atenção do telespectador. Toda pessoa que
assiste às séries os faz por pura descontração e bem-estar.
Justamente por "soltar" o seu receptor, as séries
acabam atraindo mais ainda.
Mestre
Maciel - Quem motivou você e o Thuler a escreverem um segundo
livro: "Chaves & Chapolin - Sigam-me os Bons"? Como
está a vendagem deste?
Luís
Joly - A idéia do segundo livro já existia desde a produção
do primeiro. Tínhamos em mente fazer algo mais voltado ao fã,
afinal, também o somos. Por ser uma obra muito mais restrita, o
número de vendas não alcançou o mesmo da primeira obra - algo
que já era esperado por nós. Porém, estamos muito satisfeitos
com o resultado, acima das expectativas de todos.
Mestre
Maciel - Na sua opinião, por que só agora o SBT exibiu
episódios inéditos do Chapolin? Qual o melhor deles no seu
ponto de vista?
Luís
Joly - O SBT sempre exibiu Chapolin com menos frequência do que
Chaves. Acho um pouco razoável, portanto, que eles ainda tenham
alguns inéditos. Bom para os fãs, que ainda podem vê-los com a
dublagem "original". Escolher o melhor episódio de
Chapolin é difícil, mas eu apontaria a sequência da história
do cinema, em que os atores dão um show de interpretação
vivendo alguns dos mais célebres nomes do cinema mundial.
Mestre
Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de
DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por
quase toda a equipe original de dubladores? Se você viu os
DVD's, o que você acha do trabalho de Tatá Guarnieri, o novo
dublador de Chespirito?
Luís
Joly - Os DVDs são a realização de um antigo sonho de todo fã
de Chaves, creio eu. O sonho, porém, não é completo, pois eu,
pelo menos, preferia os episódios reprisados na dublagem que
conhecemos. Quanto à voz de Tatá, ele se esforça, mas
infelizmente jamais será como Gastaldi. Nos resta tentar se
acostumar com a voz dele.
Paulo Duarte
Como
não há foto do Paulo, vai uma com as obras que está ajudando a
lançar
Produtor executivo da Amazonas Filmes, mentor dos lançamentos dos boxes das séries e autor da idéia da consultoria do Fã-Clube Chespirito-Brasil para a dublagem e a adaptação dos textos traduzidos, dando carta branca para seus membros escolherem os dubladores e executarem as modificações adequadas aos diálogos dos episódios dos DVDs. "Um fã de Chaves e também fã dos fãs de Chaves", segundo suas palavras.
Mestre
Maciel - Como a Amazonas Filmes passou a ter interesse pelo
projeto da distribuição dos boxes de DVDs dos seriados de
Chespirito? Verdade que foi por incentivo de uma carta de um fã
das séries?
Paulo
Duarte - Sim, é verdade. Certa ocasião recebi um e-mail com
esta sugestão, e respondi como faço com todos os e-mails que
recebo, o que me chamou atenção foi que no campo (com cópia
para) havia o nome de todas as distribuidoras do Brasil, das
maiores às menores. Após alguns dias mandei um e-mail
perguntando quem havia respondido e eles me disseram, que só eu.
A partir daquele momentos, me senti oficialmente engajado para
trazer o Chaves em DVD para o Brasil.
Mestre
Maciel - De onde partiu a idéia da colaboração do Fã-Clube
Chespirito-Brasil na adaptação dos textos dos episódios?
Paulo
Duarte - Da amizade que nasceu entre eu e os presidentes do
fã-clube o Gustavo eo Felipe. Sou fã do Bolaños, e acabei me
tornando um fã dos fãs do Bolaños.
Mestre
Maciel - Como ocorrem as negociações com a Televisa, com a
Xenon Pictures (distribuidora dos DVDs de Chaves no México), com
os dubladores e com o estúdio Gábia?
Paulo
Duarte - A Xenon, não tem os direitos para o resto do mundo. Só
a Televisa. Foram negociações bastante extensas, demoraram
meses. Muitos detalhes. E todos os detalhes tinham que obter a
aprovação (até hoje tem) do Sr. Roberto Gómez Bolaños em
pessoa.
Mestre
Maciel - Foi anunciado que o número de boxes a serem lançados
aumentou de oito pra dez. Como estão as vendas dos boxes de DVDs
do Chaves?
Paulo
Duarte - Na verdade nós adquirimos os direitos sobre um pacote,
que ainda não estavam prontos na época, mesmo lá fora, ainda
não haviam sido lançados. E só depois de prontos foi que
fizemos o cálculo correto de quantos DVDs seriam.
Mestre
Maciel - Fale sobre a Amazonas Filmes e os projetos feitos pela
empresa.
Paulo
Duarte - A Amazonas é de um grupo que já atua no mercado há 18
anos,e que tem vários produtos, entre os quais posso destacar o
selo de home-video Cinemagia responsável pelo resgate das obras
de artistas brasileiros como Mazzaropi e José Mojica Marins, O
"Zé do Caixão"; E o lançamento de filmes nacionais
como : "Soluços e Soluções" e "Zagati" de
Edu Felistoque e Nereu Cerdeira e "Eclipse" com Matheus
Nachtergaele.
A partir destas declarações, nasceu a seguinte reportagem, reproduzida abaixo (com pose do nosso "modelo" Mauricio Trilha):