UM ESPECIAL COM ILUSTRES CHAVESMANÍACOS

           No ano passado, a fim de realizar uma matéria sobre o fenômeno que representava a Chavesmania no país, realizei diversas entrevistas com chavesmaníacos ilustres, entre dubladores, fãs e produtores. Escrevi a matéria, que foi publicada na revista Experiência da PUCRS de Janeiro/2007. Nota-se que há uma pergunta datada, que é a da exibição dos episódios inéditos do Chapolin, seriado hoje lamentavelmente cancelado pelo SBT. Tanto que eu nem chego a abordar sobre o desenho animado, que na ocasião estava para estrear no México e ainda não tinha data para ser exibido no Brasil. Para esta matéria, entrevistei os dubladores Nelson Machado (Quico), Carlos Seidl (Seu Madruga) e Gustavo Berriel (Nhonho no desenho e nos DVD's, além de Jaiminho e Raul Padilla nos discos), o produtor da Amazonas Filmes, Paulo Duarte, e os fãs Eduardo Rodrigues, Felipe Araújo e Maurício Trilha (o popular Kagiva), além dos também escritores Luís Joly e Fernando Thuler. Depois de um ano, aí vai a íntegra das declarações.

Nelson Machado


Nelson nos estúdios da Uniarthe, durante a dublagem da série "Ah que Kiko"

           Dublador do Quico, Nelson no ato enfatizou, pelas perguntas realizadas, de que existem "lendas e mal-entendidos no assunto Chaves".

Mestre Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande audiência?
Nelson Machado - Acredito que seja o caráter universal dos personagens e das situações da série. Todos nós conhecemos ou fomos um deles. Há uma identificação muito grande com aquelas crianças e com aqueles vizinhos, seja em que parte do mundo for.

Mestre Maciel - Nos primeiros tempos de dublagem das séries Chaves e Chapolin, você imaginava que as mesmas fariam o sucesso estrondoso que dura até hoje?
Nelson Machado - Ninguém imaginava. Hoje se diz muita coisa sobre "previsões" e "certezas" de dirigentes da TVS na época, mas a verdade é que ninguém imaginava nada disso.

Mestre Maciel - Além de dublar os personagens de Carlos Villagrán, você também desempenhou a função de diretor de dublagem e tradutor dos textos nos anos 80? Verdade que você fazia sua parte sozinho, sem juntar elenco no estúdio?
Nelson Machado - Claro que sim. Eu dublava sem os outros no estúdio. Pelo simples fato de que era assim que se dublava. É assim que se dubla ainda hoje... Um de cada vez. Eu dublava sozinho e todos os outros também.

Mestre Maciel - O que você pode falar sobre seu colega Marcelo Gastaldi, a saudosa voz de Chaves e Chapolin?
Nelson Machado - Muito pouco. Essa é mais uma das visões estranhas que as pessoas têm desse trabalho. A maioria acha que éramos um grupo igual aos personagens que dublávamos, que vivíamos juntos, alguns até imaginam a gente morando na mesma rua e convivendo o dia inteiro. O Gastaldi era um ótimo dublador, um bom diretor, o dono da Maga e não tenho muito mais a dizer. Nós só trabalhávamos juntos. Eu só o via nas horas de trabalho. É mais ou menos como achar que você é íntimo de todos que estudam na sua faculdade, já que vocês estão no mesmo lugar todos os dias.

Mestre Maciel - Na sua opinião, por que só agora que o SBT está exibindo episódios inéditos do Chapolin?
Nelson Machado - Não tenho uma opinião formada sobre isso porque não tenho idéia de haver episódios inéditos. Afinal, todos os episódios foram dublados há mais de vinte anos e não acredito que alguém mande dublar um episódio, gaste dinheiro com isso, pra depois escondê-lo por vinte anos. Pra mim isso é uma daquelas lendas que envolvem a série.

Mestre Maciel - Como é a sensação de voltar a dublar o personagem Quico para os boxes de DVD's no estúdio Gábia? Qual a diferença da dublagem dos seriados hoje para os anos 80 e 90 nos estúdios MAGA e mais tarde na Marshmallow?
Nelson Machado - Voltar a fazer o Quico é muito bom. Bem divertido. Eu nunca dublei Chaves nos anos 90 e não sei de onde surgiu essa notícia. Muita gente me pergunta isso, mas não tenho idéia desse trabalho. Pode ter acontecido de terem dublado alguns episódios onde não entrasse o Quico e, por isso, eu nem fiquei sabendo. Na Marshmellow, eu dublei a série do Quico, uma produção feita na Venezuela. E outro engano é quanto aos tais "estúdios" Maga. Nunca existiram "estúdios" Maga. A Maga e a Elenco eram empresas que prestavam serviços para a TVS e gravavam os trabalhos em estúdios da própria TVS que pertenciam ao Sílvio Santos.

Carlos Seidl


Seidl encarnando Seu Madruga em pleno estúdio Gábia

           Dublador do Seu Madruga, Seidl respondeu em cima da hora aos questionamentos, quando a matéria estava quase fechada. O atraso se deu por conta de um tempo em que passou fora, e torceu para que não tivesse respondido tarde demais. Mas foi bem na hora, pois uma declaração sua foi publicada na reportagem.

Mestre Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande audiência?
Carlos Seidl - O tipo de humor direto e ingênuo, como o dos clássicos como Chaplin, O Gordo e o Magro... etc.

Mestre Maciel - Nos primeiros tempos de dublagem das séries Chaves e Chapolin, você imaginava que as mesmas fariam o sucesso estrondoso que dura até hoje?
Carlos Seidl - Ninguem podia imaginar. Não existe uma fórmula mágica para o sucesso, se existisse, não haveria fracasso.

Mestre Maciel - O que você pode falar sobre seu colega Marcelo Gastaldi, a saudosa voz de Chaves e Chapolin?
Carlos Seidl - Um grande ator, um empreendedor e principalmente uma pessoa criativa em todos os sentidos. Era meu amigo e colega a muitos anos quando iniciamos os traballhos do Chaves e ele deu as diretrizes da série e escalou brilhantemente o elenco.

Mestre Maciel - Na sua opinião, por que o SBT levou tanto tempo para exibir episódios inéditos do Chapolin, além de outros perdidos de Chaves?
Carlos Seidl - A programação do SBT é imprevisível Acho que nem eles mesmos sabem porque.

Mestre Maciel - Como é a sensação de voltar a dublar o personagem Seu Madruga para os boxes de DVD's no estúdio Gábia? Qual a diferença da dublagem dos seriados hoje para os anos 80 e 90 nos estúdios MAGA e mais tarde na Marshmallow?
Carlos Seidl - Foi muito bom por varios motivos: além de rever os amigos e revisitar um antigo trabalho, demos um avanço na normatização de gravações para as novas mídias, limitando o prazo de validade do trabalho, que tem que ser renegociado quando vencer o contrato. É um pequeno passo para evitar que um trabalho seja usado anos a fio com um faturamento alto, sem remunerar os autores da obra. O desenvolvimento tecnico veio facilitar bastante nosso trabalho.

Gustavo Berriel


Berry em um de seus tantos ofícios

           Presidente do Fã-Clube Chespirito-Brasil, dublador do Nhonho no desenho animado e nos DVD's da Amazonas, além de dublar também Jaiminho e os personagens de Raul Padilla nos discos, produtor dos grandes eventos CH realizados no Rio e em São Paulo, cérebro do Fã-Clube nas adaptações dos textos dos DVD's para a dublagem, futuro escritor de um livro sobre os seriados, ator de teatro e, acima de tudo, meu grande amigo!

Mestre Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande audiência?
Gustavo Berriel - Não existe um só segredo. Acredito numa união de vários fatores. Um deles é sua "simplicidade rica". Chaves & Chapolin conseguem fazer rir sem apelar. Existe ali uma mistura de humor clássico, pastelão, com um texto inteligentíssimo que valoriza a linguagem. E o ingrediente final para tudo isso dar tão certo é o talento de cada ator ali presente. São artistas excepcionais, todos, sem exceção. Esses programas são atemporais, ou seja, fazem sucesso em qualquer época. E são apreciados por todas as faixas etárias. A gente ri da mesma piada, que nunca se desgasta. Outro grande acerto, no caso do sucesso desses programas no Brasil, é a sua dublagem, magnífica, feita com os profissionais certos. Vejo dezenas de programas de TV com tempos de vida média cada vez mais curtos. Isso acontece porque esses programas "querem ser" muita coisa e acabam não sendo nada. Eles querem ser muito engraçados. Querem ser educativos e ao mesmo tempo fazer rir. Querem ser originais e querem ser inteligentes. E se tornam forçados, grotescos, apelativos. Já o 'Chaves' não pretende ser nada. Ele é aquilo ali. Engraçado e pronto. E é por isso que encanta tanto.

Mestre Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Gustavo Berriel - Nada. Eu assisto sem motivação. Assisto por assistir, sem causa, motivo, razão nem circunstância. E adoro! Da mesma forma que o riso também vem sem motivação. É engraçado por ser. Esse é o tipo de humor que dá certo. É aquele que não é feito PARA você rir, pois não é forçado. Mas você acaba rindo porque é bom, é impressionantemente bom, e é ao mesmo tempo saudável. É um programa que simplesmente te faz bem. Se existe um motivo, é só esse: eu sou feliz ao assistir. E isso basta.

Mestre Maciel - Na sua opinião, por que só agora reapareceram tantos episódios inéditos do Chapolin (além dos perdidos do Chaves)? Qual o melhor deles no seu ponto de vista?
Gustavo Berriel - Não elaboro uma única opinião sobre essas "surpresas" do SBT. Prefiro ficar sem entender a procurar essas respostas. Até porque o nosso Fã-Clube não se preocupa mais com Chaves & Chapolin "no SBT", isso pra gente é só um detalhe. Nós nos preocupamos com CH no Brasil, de modo geral, e com o que está ao nosso real alcance, como os eventos e o cuidado e a preservação da memória de Chespirito e seu universo. Nesta emissora tudo é muito imprevisível e tudo pode acontecer. Episódio inédito do Chapolin com a dublagem Maga (feita há 20 anos) em pleno ano de 2006 é loucura total! Não há nenhuma chamada, prova de que eles não têm a menor noção de que esse material é inédito. É mais uma prova de desorganização vergonhosa. Maaas... Que venham mais inéditos! Meu preferido desses foi o do presente de casamento.

Mestre Maciel - Como surgiu o projeto dos DVD's do Chaves, do Chapolin e de Chespirito?. Como ocorrem as negociações com a Televisa, com os dubladores e com o estúdio Gábia?
Gustavo Berriel - Surgiu a partir de um pedido dos próprios fãs. O fã Bruno Sampaio escreveu uma carta para várias empresas pedindo esses DVDs. Eu assinei essa carta representando o Fã-Clube. A Amazonas Filmes foi a única empresa que se interessou. E o empresário Paulo Duarte arregaçou as mangas e colocou o projeto em prática. Entrou em contato comigo pedindo a ajuda e o aval do Fã-Clube. Na época, outra empresa já havia lançado um DVD de 'Chaves', que fracassou porque cometeram o crime de usar a mesma dublagem feita para TV sem pagar um centavo aos dubladores. Resultado: processos! A Televisa largou aquela empresa e entrou em acordos com a Amazonas Filmes, com a premissa de que houvesse uma nova dublagem. O Fã-Clube indicou os nomes dos mesmos dubladores da versão Maga, do SBT. E todos foram contactados e contratados especialmente para realizar este trabalho. Quanto à escolha do estúdio Gabia, eu não já não sei te explicar quais foram os critérios usados. A Televisa vende cada episódio da obra de Chespirito a preços altíssimos, e esse valor aumenta a cada ano. Os DVDs saem caríssimos para uma empresa de pequeno porte como a Amazonas Filmes. Por isso, afirmo que este é um dos projetos mais ousados da história do país em lançamentos Home Video. O investimento na dublagem também foi enorme. Houve acordo individual com cada dublador. No início, esse processo foi difícil, mas a negociação foi bem sucedida, assim como a relação com a Televisa, que virou um verdadeiro romance. Nosso Fã-Clube também ganhou reconhecimento da própria Televisa.

Mestre Maciel - Como ocorreu o trabalho de adaptação dos scripts dos episódios por parte do Fã-Clube Chespirito-Brasil? Como o Fã-Clube adquiriu essa oportunidade de mexer no texto original e também de conferir a dublagem ao vivo?
Gustavo Berriel - Tudo começa no estúdio de dublagem. Primeiramente, é feita a tradução no estúdio, por profissionais que são pagos para traduzir. Feito isso, o estúdio manda os textos traduzidos para mim. Eu conto com uma equipe de "adaptadores", que eu mesmo escolhi, para o processo de colaboração. Cada membro dessa equipe dá sugestões ao texto, sem mudar a tradução original, para eu saber exatamente o que cada um alterou. Finalmente, mandam de volta para mim. Eu faço a minha adaptação e revisão final de tudo e decido o que entra e o que não entra do que foi sugerido. Assim, nós damos vida ao texto e o deixamos bem próximo do estilo seguido pela dublagem original (versão Maga), que passa no SBT. O texto simplesmente traduzido chega para o FC completamente "vazio" e todo "ao pé da letra", bem diferente do texto de Chaves que os fãs conhecem. Os bordões, por exemplo, vêm trocados, diferentes do que assistimos na TV. Nós cuidamos para manter bordões e expressões antigos já conhecidos. E é um trabalho muito difícil, porque esse texto precisa se encaixar na sincronia da dublagem. E também temos o fator personalidade. Vira e mexe inserimos no texto alguma referência nossa, que tenha, claro, ligação com o universo de Chespirito e dos fãs brasileiros, mas que também seja algo novo, diferente. Afinal, não estamos perdendo tempo à toa com esse trabalho simplesmente para imitar uma dublagem antiga. Nós recriamos tudo baseado na dublagem antiga, mas com personalidade. Afinal, a própria dublagem Maga contém muitos erros e equívocos graves. A gente procura consertar isso. Estamos tendo a oportunidade de redublar Chaves em 2006, então temos de valorizar isso ao máximo, para fazer história. O Paulo Duarte, dono desse projeto dos DVDs e, aliás, também fã de Chaves, percebeu que precisaria de ajuda na adaptação dos textos, senão a tradução poderia pôr tudo a perder, pois resultaria num texto novo, moderno, que jamais combinaria com o espírito de Chaves (como o desastre que aconteceu com a série 'Clube do Chaves', no SBT). E pediu o apoio do Fã-Clube CHESPIRITO-Brasil, que ainda foi convidado para assistir às dublagens ao vivo no estúdio. Acompanhamos tudo. Dentro do estúdio, nossa presença se assemelha a uma espécie de dicionário que o dublador e a direção de dublagem consultam quando se deparam com alguma dúvida sobre determinada palavra ou expressão "chavística". Eu me orgulho muito de participar tão ativamente desse projeto. E é preciso dizer que não seria possível um bom trabalho sem a colaboração dos seguintes camaradas: Felipe Araujo, Eduardo Gouvêa, Mauricio Melo, Tiago Frazão, Flavio Michelin (que também são diretores do Fã-Clube!), Gustavo Melo, Bruno Sampaio, Marco Maciel, Thomas Henrique, Eduardo Rodrigues, Luiz "el Chavo" e Pedrinho Castro. Cada um desses citados é peça fundamental de alguma etapa do projeto.

Mestre Maciel - Como você se tornou dublador do Nhonho e do Jaiminho? Qual é o peso da responsabilidade em substituir os saudosos Mário Vilella e Older Cazarré? Descreva a emoção em emprestar sua voz para esses dois personagens tão famosos.
Gustavo Berriel - Eu sempre brinquei com a voz fazendo vários personagens no teatro. Sou ator profissional e já tinha feito curso de dublagem no Rio de Janeiro com o mestre Hamilton Ricardo. Eu já sonhava em dublar. Só não imaginava que meu primeiro trabalho seria justo com 'Chaves'. Bem, eu sei imitar muito bem as conhecidas vozes do Nhonho e do Jaiminho. Os dubladores da versão Maga desses personagens, os queridos Older Cazarré e Mario Villela, morreram. E acho que foi um presente que me deixaram. Não conheci o Older, mas sempre admirei seus trabalhos. Ele e seu irmão, Olney, eram grandes atores do cinema nacional. Também atuavam em novelas e dublavam de maneira brilhante. O Older teve uma morte muito trágica. Foi atingido por uma bala perdida em seu próprio apartamento, no bairro de Copacabana. Isso foi em 1992. Meu objetivo inicial era dublar apenas o Jaiminho e os demais personagens do ator Raúl "Chato" Padilla. Conheci Mario Villela e, apesar da nossa diferença de idade, eu digo que ele foi meu amigo. Nas épocas dos eventos no Rio de Janeiro, eu conversava muito com ele por telefone, implorando sua presença, mas ele era obrigado a recusar por conta da saúde debilitada. No Festival da Boa Vizinhança, em São Paulo, ele ficou arrasado por não poder participar e me disse que não estava bem. Ele sofria de diabetes, uma doença terrível, que destrói a pessoa aos poucos. Na ocasião da fase inicial do projeto dos DVDs, portanto no final de 2005, fiz questão de incluir o nome de Mario Villela na lista dos dubladores que deveriam ser convocados para dar continuidade ao trabalho começado 20 anos atrás. Villela já tinha ficado de fora do programa Chespirito, na CNT, em 1997 (dublado na BKS / Parisi) e do Clube do Chaves, 2000, dublado na Gota Mágica. Nosso fã-clube não podia aceitar que essa atitude sem caráter se repetisse e exigiu Villela para a voz do Seu Barriga e Nhonho. Eu mesmo dei a notícia a ele, que vibrou... Nessa parte, eu me emociono muito ao me lembrar dos fatos. Algumas pessoas já tinham lamentavelmente impedido o Villela de dublar. Dessa vez, parecia estar tudo bem. Mas foi a vez de a doença o impedir. Ele ainda chegou a começar o trabalho. Eu acompanhei isso. No primeiro dia em que chegou ao estúdio, ele estava eufórico. Conversamos muito, ele estava muito feliz e agradecido aos fãs pela força. Mas estava visivelmente debilitado, sem forças, abatido... Segurei suas mãos bem forte para ajudá-lo a subir as escadas. Já no estúdio, ele não conseguia dublar. Foi muito sofrimento. É duro lembrar. Mario Villela foi mais que um modelo de dublador para mim, ele foi um exemplo de vida e de força. Em seus últimos dias, ele fazia piadas e ria da própria situação. Era uma daquelas raras pessoas que vão firmes até o fim... Dublar o Nhonho para mim simboliza imortalizar o Mario Villela. Cada vez que faço aquela vozinha fina e rouca, posso sentir sua presença. É emocionante demais. Não sei te descrever o que eu sinto ao dublar esses personagens. Dublar para mim já era um sonho profissional. Dublar 'Chaves' foi realizar um sonho louco, daqueles de criança. Tecnicamente, estou substituindo Older Cazarré e Mario Villela. Mas esses homens são insubstituíveis. Perto deles, sou um mero dubladorzinho novato. Mas o amor que sinto por eles unido à minha autocrítica e cobrança como fã de 'Chaves' me dá forças para fazer um bom trabalho!

Mestre Maciel - Comente sobre a série de livros CH, formada pelos dois da dupla Joly-Thuler mais o "O Diário do Chaves"?
Gustavo Berriel - Sinceramente, eu acho os livros desses jornalistas um equívoco total. Eles fizeram um trabalho precário, repleto de erros. Uma péssima pesquisa. Parece que eles simplesmente navegaram pelos sites da internet e buscaram informações aqui e ali, tudo já muito manjado e batido. Eu li e perdi meu tempo. Mas preciso reconhecer que eles tiveram uma boa idéia. É claro que não comprei! Li o que o Lippe recebeu em casa. E não recomendo para ninguém! Economizem para poder comprar o livro que eu ainda vou publicar (risos). Já o Diário do Chaves é genial, como tudo ou quase tudo o que o Bolaños faz. Adorei e já li três vezes. O forte de Chespirito é o texto (que inclui os roteiros para TV), portanto o livro do Chaves não poderia decepcionar

Mestre Maciel - Sobre os eventos CH, com certeza dá muito trabalho, além de empenho, para organizá-los?
Gustavo Berriel - Dá muito trabalho sim. Tanto que já pensei em desistir. Mas quando eu vejo o sucesso todo, ganho forças para continuar e fazer novos eventos. O evento de São Paulo foi surpreendente demais. Eu esperava no máximo 3 mil pessoas. Foi o dobro disso, nem estávamos preparados para receber tanta gente! O sentimento não dá pra descrever. O de São Paulo foi diferente porque contou com uma equipe muito maior também. E mais trabalhadora.

Eduardo Rodrigues


O dia em que E.R tomou o lugar de William Bonner

           Talvez o mais incansável e versátil colaborador dos sites CH, atuando para inúmeras páginas (incluindo o Turma CH) fornecendo fotos, textos, vídeos, entre outros materiais. É o maior inimigo da dupla Tatá e Totó (Tatá Guarnieri por sua atuação dublando Chaves - embora goste de seu trabalho nos outros personagens -; e Totó, o melhor amigo de Kiko na série "Ah que Kiko!").

Mestre Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande audiência?
Eduardo Rodrigues - No caso do Chapolin, é o fato de uma série de fãs que gostavam muito do CHAVES quando crianças, passarem a apreciar o trabalho dos atores em outros papéis. No caso do CHAVES, é porque a série tem bons atores, personagens carismáticos, situações engraçadas e por não ter um conteúdo violento, ao contrário da maioria dos programas da TV aberta. Além disso, as séries tem piadas que fazem rir tanto crianças, quanto adultos; tanto intelectuais, quanto não-intelectuais. É um humor simples. Mesmo assim, principalmente pelo fato do SBT repetir muito os mesmos episódios do CHAVES e pelo programa ser mexicano, ainda sobre muito preconceito da elite acadêmica em todo o país, e da elite em geral (especialmente fora de São Paulo).

Mestre Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Eduardo Rodrigues - No caso do CHAPOLIN, para ver os episódios inéditos e gravar os comuns para a minha coleção. No caso do CHAVES, para gravar os episódios com uma melhor qualidade de imagem e som para a minha coleção. Os episódios que eu já tenho ou que são exibidos com cortes, eu não gravo. Também me motivam a assistir o programa os atores, principalmente Carlos Villagrán e Ramón Valdez, que são geniais.

Mestre Maciel - Na sua opinião, por que só agora que o SBT está exibindo episódios inéditos do Chapolin? Qual o melhor deles no seu ponto de vista?
Eduardo Rodrigues - Eu acho que o SBT, em 2003, fez uma "recopiação" dos episódios, como me disse um amigo meu de Jundiaí. Eles pegaram as fitas dos episódios e passaram para um outro formato de mídia, mais moderno e compatível com a tecnologia digital. E assim, voltaram uns 7 ou 8 episódios perdidos do Chaves e também esses episódios inéditos do Chapolin, creio que já exibiram mais de 10 inéditos, além da volta de 4 episódios perdidos do Chapolin. Os episódios mais legais são : "O Ladrão do Museu de Cera" e "Fotos no museu, não !".

Mestre Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por quase toda a equipe original de dubladores? O que você acha do trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
Eduardo Rodrigues - Os BOXes da Amazonas são excelentes ! Especialmente porque a empresa valoriza o trabalho dos dubladores, pagando um bom salário pra eles. Mas é claro que, como todo o fã, eu gostaria que tivesse um jeito de usar o áudio da MAGA em todos os episódios comuns e perdidos, pagando a família do Gastaldi e também a todos os dubladores, pelo uso das vozes. Era o que a Imagem Filmes deveria ter feito e não fez(e agora estão tendo problemas judiciais). Eu acho que o Tatá dubla bem o Chapolin, o Chompiras e o Chaparron. A dublagem dele para o Chaves é desastrosa, sinceramente, não acho um pingo de graça na voz que ele faz para o personagem. Pra mim, a voz do Chaves deveria ser, pelo menos, parecida com a voz que o Marcelo Gastaldi fez para o personagem, e isso o Tatá não fez.

Mestre Maciel - Comente sobre a série de livros CH, formada pelos dois da dupla Joly-Thuler mais o "O Diário do Chaves"? Comprou os três? O que achou de cada um?
Eduardo Rodrigues - Eu não comprei nenhum dos 3 livros. Eu li o "Diário do Chaves" na casa do meu pai, porque o meu irmão(de 11 anos) comprou. Eu não gostei não, porque inclusive no livro falam que um dos personagens da série faleceu, além de que o Chaves fala que foi abandonado em um orfanato, onde apanhava. Eu não gostei de ler isso, sinceramente. Pra mim, apesar do Chaves ter um lado meio melancólico, pela pobreza que enfrenta, a série sempre me faz lembrar de coisas boas e engraçadas, por isso tudo que eu não gostei do livro. Quanto ao livro do Joly e do Thuler, eu não li, porque, pelo que me disseram, a maioria das informações dos livros já tem nos sites sobre Chaves e Chapolin, e aliás, nenhum site CH é citado como fonte de consulta dos autores. Então, eu não fiz questão de ler, porque eu acho que quando você faz um livro e consulta alguma fonte, você deve citá-las. Ah! E também me falaram que o livro tem uma série de erros, por exemplo, chegam a falar que a personagem da Louca da Escada foi criada antes da Dona Clotilde, o que não é verdade. A Dona Clotilde surgiu em 1971 e a Louca da Escada foi criada em 1973.

Felipe Araújo


Lippe (de preto) ao lado do seu grande amigo Gustavo Berriel

           Nosso popular Lippe é colunista do Turma CH (embora tenha escrito apenas uma até agora para o site), vice-presidente do Fã-Clube Chespirito Brasil, advogado e grava para sempre as horas em que passou conversando com Edgar Vivar durante a visita do intérprete do Senhor Barriga ao Brasil em 2003.

Mestre Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande audiência?
Felipe Araújo - Eu creio que Chespirito, por não almejar um formato televisivo apelativo, pra agradar a uma modinha ou tendência atual, tenha feito os seriados à sua maneira, usando seu dom. Por sorte, ele é um gênio, e conseguiu desenvolver um humor atemporal, inofensivo (mas crítico), inteligente e torpe ao mesmo tempo. Assistir Chaves e Chapolin por 20 anos, portanto, não é ver a mesma coisa de novo, mas descobrir universos diferentes a cada momento, e perceber que é adequado tanto aos anos 70, como aos dias de hoje.

Mestre Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Felipe Araújo - Quando estou triste, feliz, eufórico, deprimido, angustiado, calmo, com fome, farto de comer...EU PRECISO VER CHAVES E CHAPOLIN! É mais que um vício, uma necessidade, é como se fosse meu oxigênio, meu combustível. Sinto-me feliz quando assisto, não penso em mais nada, volto a ser criança e não ter qualquer problema. Sinceramente...eu não sei o que seria de mim sem Chespirito.

Mestre Maciel - Na sua opinião, por que só agora que o SBT está exibindo episódios inéditos do Chapolin? Qual o melhor deles no seu ponto de vista?
Felipe Araújo - Por total incompetência! Como pode eles terem comprado esse lote de episódios pra exibir no começo dos anos 90 e só agora eles virem à tona? O SBT é uma verdadeira espelunca, nada funciona adequadamente. É horrível constatar tamanha inoperância numa empresa q já ousou se autodenominar "a segunda maior TV do Brasil"...claro q todos estamos felizes com os novos episódios, apesar de muitos já os conheciam pela repretel. Mas eu digo que preferia ter tido contato com eles na época da compra, pois assim eu já saberia todas as falas decor! hehehe Desses que passaram creio que o melhor seja do Museu dos Malfeitores. É simplesmente maravilhoso!

Mestre Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por quase toda a equipe original de dubladores? O que você acha do trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
Felipe Araújo - Apesar de me sentir órfão pela ausência do Gastaldi e do Mario Villela, estou achando maravilhoso este trabalho. Além de chamarem os dubladores originais, também estão tendo respeito aos fãs colocando a opção de vermos os episódios com áudio original, além das legendas. Trabalho de muito bom gosto, apesar do estúdio Gábia ser meia boca. Quanto ao Tatá, ainda é duro engolir o Chaves...mas ele está melhorando gradativamente. Se você observar DVD por DVD, verá uma melhora singela na qualidade. Contudo, Chapolin, Chompiras, Chaparron, Chapatin estão ÓTIMOS!! O Tatá é um excelente dublador, acho que não existe ninguém mais gabaritado que ele pra assumir este papel.

Mestre Maciel - Como ocorre o trabalho de adaptação dos scripts dos episódios por parte do Fã-Clube Chespirito-Brasil? Como é a sensação de assistir ao vivo à dublagem dos seriados no Gábia?
Felipe Araújo - Geralmente nós dividimos o trabalho. Eu, pessoalmente, escolhi adaptar o Chapolin, pq além de s etratar do meu seriado favorito, tenho mais facilidade com os textos. Nós recebemos uma 1ª tradução, geralmente de péssima qualidade. Dessa forma, nosso trabalho, que seria a princípio apenas adaptar, torna-se tbm o trabalho de traduzir. claro que fazemos com muito prazer, mas a quantidade de texto é enorme...a cada DVD, para cada seriado, são 150 páginas de texto pra ser adaptado. Junto com os textos, nós recebemos também VHS com os episódios, pra nos ajudar a fazer uma adaptação boa, vendo se nossas idéias são possíveis ou não de serem encaixadas. Após isso, mandamos os textos pro estúdio. E acompanhamos os dubladores durante o trabalho...as dúvidas que surgem quanto ao texto nós respondemos ao diretor de dublagem que estiver trabalhando.

Mestre Maciel - Comente sobre a série de livros CH, formada pelos dois da dupla Joly-Thuler mais o "O Diário do Chaves"? Comprou os três? O que achou de cada um?
Felipe Araújo - O "Diário do Chaves" é simplesmente exuberante! Uma leitura deliciosa e emocionante, apesar de ser um pouco estranho pelos fatos que ocorrem. Esse eu já tinha lido em espanhol, não cheguei a comprar o em português lançado recentemente. Quanto aos outros 2, valeu mais pela intenção. A minha sensação é de que o "sem querer querendo" foi um apanhado de notícias em sites sobre CH, e que não houve um trabalho de pesquisa realmente aprofundado. Uma série de erros foi publicada e, o que é pior, esses erros foram reiterados nas edições posteriores. Contudo, ver que um livro sobre Chaves disputou com o Código da Vinci o 1° lugar nas vendas é sensacional. Acredito que o segundo livro já veio na onda do sucesso do 1°, apesar de ser mais uma ótima sacada dos autores, pois o que mais faz sucesso nos sites sobre CH são os "quiz". O "sem querer querendo" eu ganhei da editora, quando eles pediram ao fã clube que organizasse um mini-evento CH pra ser também uma tarde de autógrafos. O livro do quiz eu não comprei não, e nem pretendo.

Fernando Thuler


Thuler provavelmente ensaiando "Quero Ver Outra Vez"

           Um dos autores dos livros "Chaves - Foi Sem Querer Querendo?" e "Chaves & Chapolin - Sigam-me os Bons".

Mestre Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande audiência?
Fernando Thuler - São vários os motivos. O principal que eu apontaria é o texto e a direção feita por Bolaños. Ele conseguiu criar piadas e situações engraçadas que não têm data de validade. Eram engraçadas nos anos 70, 80, 90 e até hoje. Criou um humor atemporal.

Mestre Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Fernando Thuler - Hoje em dia, por conta do trabalho, é difícil eu conseguir assistir. Mas, quando posso, assisto para lembrar dos tempos de infância e dar risada. Considero Chaves e Chapolin os melhores humorísticos da TV.

Mestre Maciel - Como surgiu a idéia do lançamento do livro "Chaves - Foi Sem Querer Querendo?". Esperava a grande vendagem obtida?
Fernando Thuler - O livro foi o trabalho de conclusão de concurso meu, do Luís e do Paulo Franco. Nos formamos em Jornalismo. Conseguimos nota 10 e, com isso, fomos atrás de uma editora para publicá-lo. Um ano e meio depois, o livro estava nas lojas. Esperávamos um bom retorno, por conta dos inúmeros fãs das séries que existe no Brasil, mas o sucesso nos surpreendeu.

Mestre Maciel - Quem motivou você e o Joly a escreverem um segundo livro: "Chaves & Chapolin - Sigam-me os Bons"? Como está a vendagem deste?
Fernando Thuler - Tínhamos muito material guardado que não entrou no primeiro livro e, com o sucesso das vendas, já imaginávamos poder utilizá-lo. Somamos isso ao pedido dos fãs, que queriam mais novidades e curiosidades e o interesse da editora por um novo volume. As vendas estão bem, mas não superam as do primeiro, já que é um livro mais voltado para os fãs.

Mestre Maciel - Na sua opinião, por que, após tanto tempo, o SBT exibiu episódios inéditos do Chapolin, além de outros perdidos do Chaves? Qual o melhor deles no seu ponto de vista?
Fernando Thuler - O SBT não dá a atenção necessária ao seriado e a sequência em que é exibido. Não da pra saber porque são exibidos só agora. Não tenho tido oportunidade de ver esses episódios, infelizmente. Mas, o meu favorito do Chapolin, é um que era considerado "perdido", a Peruca de Sansão.

Mestre Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por quase toda a equipe original de dubladores? Se você viu os DVD's, o que você acha do trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
Fernando Thuler - Acho muito importante, é mais uma maneira de ajudar a imortalizar as séries de Bolaños. Não vi os DVD´s, mas já ouvi a voz do Tatá. É a que mais se aproxima do Gastaldi, mas ainda se nota muita diferença.

Mauricio Trilha (Kagiva)


Kagiva cheio de estilo, como sempre...

           O showman dos chavesmaníacos: é estudante, meu futuro colega no Jornalismo, imitador oficial do locutor Pedro Ernesto Denardin (o mesmo que disse que o Inter rasgou a camisa do São Paulo e pisou em cima dela), vocalista de banda de rock, sócio do jornal Zero Hora (com direito a uma aparição por semana dando pitacos em tudo), garoto-propaganda da bola Kagiva, meu grande amigo e, para encerrar, modelo fotográfico da minha reportagem (cuja pose pode ser vista no fim da página).

Mestre Maciel - O que você imagina que seja o segredo do sucesso dos seriados Chaves e Chapolin, a ponto de, mesmo há 22 anos no ar com os mesmos episódios, sempre conquistar uma grande audiência?
Kagiva - Chespirito criou uma vila, onde cada pessoa pode se ver dentro dela, ele conseguiu representar um pouco de cada massa populacional dentro de um cortiço, e fez isso brilhantemente com piadas inocentes, sem poluição, sem adesão ao sexo, sem as chulices que os programas de humor atualmente usam para fazer sucesso.

Mestre Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Kagiva - Simplesmente não sei, desde pequeno eu vejo Chaves, quando eu era bebê só tinha um jeito de me fazer parar de chorar, ver Chaves. É uma coisa mágica, que muitos tentaram explicar, mas nenhum conseguiu. Chaves é a maior obra da televisão mundial, e ao mesmo tempo em que é tão nobre, é tão inexplicável.

Mestre Maciel - Na sua opinião, por que, após tanto tempo, o SBT exibiu episódios inéditos do Chapolin, além de outros perdidos do Chaves? Qual o melhor deles no seu ponto de vista?
Kagiva - O próprio SBT admitiu que não tem conhecimento do que exibe, pega qualquer fita, edita e prepara para ir ao ar, de repente esses inéditos estavam perdidos em alguma gaveta do SBT, alguém achou, e eles decidiram exibir. O melhor deles sem dúvida é “O Louco da Cabana” com sua imortal frase: “Essa porta não ta muito boa!” (risos).

Mestre Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por quase toda a equipe original de dubladores? O que você acha do trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
Kagiva - Tatá Guarnieri foi uma tentativa arriscada que infelizmente não deu certo, sua voz como Chaves e Chapolin não combinaram nem um pouco, assim como os novos dubladores do Edgar Vivár, ficaram muito fora do original. E tratando-se de um clássico da dublagem brasileira, mudar tão bruscamente é um desrespeito total aos fãs! Os DVD’s foram uma idéia ótima, fico feliz pelo seu lançamento, apesar da série de problemas e adaptações e do alto custo inimaginável ao bolso dos fãs, para se ter uma idéia, o BOX de “Friends” (série mais famosa da TV americana) com 6 DVD’s custa a metade do que custa o BOX do Chaves com apenas 3 DVD’s.

Mestre Maciel - Comente sobre a série de livros CH, formada pelos dois da dupla Joly-Thuler mais o "O Diário do Chaves"? Comprou os três? O que achou de cada um?
Kagiva - Luis Joly e Fernando Thuler fizeram o que qualquer pessoa poderia ter feito; reuniram uma série de informações dos sites brasileiros, juntaram e colocaram em um livro. Como sabemos, a Internet possuí muitos erros, e infelizmente pela tremenda falta de conhecimento dos dois autores, esses erros saíram no livro, que para surpresa de todos foi Best-Seller em todo o Brasil. Comprei o primeiro, me decepcionei, afinal quem é fã não pode escrever o nome do criador do Chaves errado (como os autores fizeram durante todo o livro), por esta razão não comprarei o segundo. Já o “Diário do Chaves” recomendo, é uma boa leitura, muito legal para quem tem curiosidade de saber como foi criada a série “Chaves”.

Luís Joly


Joly na lista dos mais vendidos

           Um dos autores dos livros "Chaves - Foi Sem Querer Querendo?" e "Chaves & Chapolin - Sigam-me os Bons". Há uma mescla entre as perguntas de 2006 e outras realizadas um ano antes, a fim de outro trabalho para a faculdade (sobre Chaves, é claro).

Mestre Maciel - Como surgiu a idéia do lançamento do livro "Chaves - Foi Sem Querer Querendo?". Esperava a grande vendagem obtida?
Luís Joly - A idéia surgiu a partir do grande desejo que Fernando Thuler e eu tínhamos de ser escritores. Soma-se a isso o fato de sempre gostarmos de Chaves, desde a infância. Unimos o útil ao agradável e vimos que não havia no Brasil nenhuma obra sobre o tema. Esperávamos um relativo sucesso, mas não da maneira avassaladora como foi.

Mestre Maciel - Da monografia na faculdade surgiu a idéia de escrever o livro. Você o considera um projeto ousado? Quanto tempo o livro levou para ser escrito?
Luís Joly - Sim, considero um projeto inovador, já que não havia um livro no Brasil que explicasse como o seriado começou por aqui e as causa do sucesso. No total, o livro consumiu dois anos de pesquisa.

Mestre Maciel - Como é o privilégio de você mais o Paulo Franco e o Fernando Thuler serem os primeiros brasileiros entre milhares de fãs na terra tupiniquim a publicarem um livro sobre os seriados CH?
Luís Joly - É gratificante. Somos fãs do seriado também, e como todos, sempre quisemos saber mais sobre Chaves e Chapolin. O carinho vindo dos fãs é especial, pois sabemos como eles são exigentes e detalhistas!

Mestre Maciel - Como foi, em função do livro, sua participação nos programas Pânico, da Jovem Pan, e em Mulheres, da TV Gazeta? Além destes, você deu entrevistas para outros veículos de imprensa?
Luís Joly - Já demos entrevistas para os mais diversos veículos de comunicação. Além dos citados acima, estivemos na Rádio Gaúcha, SBT, Rádio Carioca, Rádio Inconfidência, Eldorado AM, Estadão, Folha, Agora, JT, O Globo, Pânico, etc...Em breve estaremos na Rádio Transamérica, Rede Gospel e GameTV.

Mestre Maciel - Como você avalia a fase atual dos seriados, através dos lançamentos dos DVD's, do livro e da boa audiência?
Luís Joly - Mais um motivo para felicidade. De certa forma, nosso livro está ajudando a trazer Chaves de volta à moda. E com isso, os programas ganham mais espaço na TV e mais destaque. A questão da audiência já não impressiona mais, pois independe de livro ou DVD. Chaves e Chapolin sempre serão um sucesso pela qualidade do programa. Não precisa de terceiros para provar nada.

Mestre Maciel - Qual o segredo do sucesso dos seriados CH para que, mesmo com tantas reprises, a audiência continue alta?
Luís Joly - São vários os segredos. Mas podemos destacar, sem dúvida, a qualidade do texto criado pelo Bolaños, que utiliza um humor atemporal, que pôde ser entendido na época, e terá o mesmo efeito daqui a 20 anos. Além disso, o SBT, sem querer querendo, acabou contribuindo para aumentar o sucesso no Brasil. As reprises acabam fixando o programa no imaginário de todo brasileiro que assiste televisão regularmente, e também, o fato da terceira geração assistir ao programa permite que ele seja temas de discussão entre pessoas de distintas faixas etárias, diferente de outros programas "de época".

Mestre Maciel - O que lhe motiva a assistir aos seriados?
Luís Joly - Chaves e Chapolin são seriados que vencem justamente por não prender a atenção do telespectador. Toda pessoa que assiste às séries os faz por pura descontração e bem-estar. Justamente por "soltar" o seu receptor, as séries acabam atraindo mais ainda.

Mestre Maciel - Quem motivou você e o Thuler a escreverem um segundo livro: "Chaves & Chapolin - Sigam-me os Bons"? Como está a vendagem deste?
Luís Joly - A idéia do segundo livro já existia desde a produção do primeiro. Tínhamos em mente fazer algo mais voltado ao fã, afinal, também o somos. Por ser uma obra muito mais restrita, o número de vendas não alcançou o mesmo da primeira obra - algo que já era esperado por nós. Porém, estamos muito satisfeitos com o resultado, acima das expectativas de todos.

Mestre Maciel - Na sua opinião, por que só agora o SBT exibiu episódios inéditos do Chapolin? Qual o melhor deles no seu ponto de vista?
Luís Joly - O SBT sempre exibiu Chapolin com menos frequência do que Chaves. Acho um pouco razoável, portanto, que eles ainda tenham alguns inéditos. Bom para os fãs, que ainda podem vê-los com a dublagem "original". Escolher o melhor episódio de Chapolin é difícil, mas eu apontaria a sequência da história do cinema, em que os atores dão um show de interpretação vivendo alguns dos mais célebres nomes do cinema mundial.

Mestre Maciel - Como você vê o lançamento dessa série de boxes de DVD's dos seriados, com episódios inéditos e redublados por quase toda a equipe original de dubladores? Se você viu os DVD's, o que você acha do trabalho de Tatá Guarnieri, o novo dublador de Chespirito?
Luís Joly - Os DVDs são a realização de um antigo sonho de todo fã de Chaves, creio eu. O sonho, porém, não é completo, pois eu, pelo menos, preferia os episódios reprisados na dublagem que conhecemos. Quanto à voz de Tatá, ele se esforça, mas infelizmente jamais será como Gastaldi. Nos resta tentar se acostumar com a voz dele.

Paulo Duarte


Como não há foto do Paulo, vai uma com as obras que está ajudando a lançar

           Produtor executivo da Amazonas Filmes, mentor dos lançamentos dos boxes das séries e autor da idéia da consultoria do Fã-Clube Chespirito-Brasil para a dublagem e a adaptação dos textos traduzidos, dando carta branca para seus membros escolherem os dubladores e executarem as modificações adequadas aos diálogos dos episódios dos DVDs. "Um fã de Chaves e também fã dos fãs de Chaves", segundo suas palavras.

Mestre Maciel - Como a Amazonas Filmes passou a ter interesse pelo projeto da distribuição dos boxes de DVDs dos seriados de Chespirito? Verdade que foi por incentivo de uma carta de um fã das séries?
Paulo Duarte - Sim, é verdade. Certa ocasião recebi um e-mail com esta sugestão, e respondi como faço com todos os e-mails que recebo, o que me chamou atenção foi que no campo (com cópia para) havia o nome de todas as distribuidoras do Brasil, das maiores às menores. Após alguns dias mandei um e-mail perguntando quem havia respondido e eles me disseram, que só eu. A partir daquele momentos, me senti oficialmente engajado para trazer o Chaves em DVD para o Brasil.

Mestre Maciel - De onde partiu a idéia da colaboração do Fã-Clube Chespirito-Brasil na adaptação dos textos dos episódios?
Paulo Duarte - Da amizade que nasceu entre eu e os presidentes do fã-clube o Gustavo eo Felipe. Sou fã do Bolaños, e acabei me tornando um fã dos fãs do Bolaños.

Mestre Maciel - Como ocorrem as negociações com a Televisa, com a Xenon Pictures (distribuidora dos DVDs de Chaves no México), com os dubladores e com o estúdio Gábia?
Paulo Duarte - A Xenon, não tem os direitos para o resto do mundo. Só a Televisa. Foram negociações bastante extensas, demoraram meses. Muitos detalhes. E todos os detalhes tinham que obter a aprovação (até hoje tem) do Sr. Roberto Gómez Bolaños em pessoa.

Mestre Maciel - Foi anunciado que o número de boxes a serem lançados aumentou de oito pra dez. Como estão as vendas dos boxes de DVDs do Chaves?
Paulo Duarte - Na verdade nós adquirimos os direitos sobre um pacote, que ainda não estavam prontos na época, mesmo lá fora, ainda não haviam sido lançados. E só depois de prontos foi que fizemos o cálculo correto de quantos DVDs seriam.

Mestre Maciel - Fale sobre a Amazonas Filmes e os projetos feitos pela empresa.
Paulo Duarte - A Amazonas é de um grupo que já atua no mercado há 18 anos,e que tem vários produtos, entre os quais posso destacar o selo de home-video Cinemagia responsável pelo resgate das obras de artistas brasileiros como Mazzaropi e José Mojica Marins, O "Zé do Caixão"; E o lançamento de filmes nacionais como : "Soluços e Soluções" e "Zagati" de Edu Felistoque e Nereu Cerdeira e "Eclipse" com Matheus Nachtergaele.

           A partir destas declarações, nasceu a seguinte reportagem, reproduzida abaixo (com pose do nosso "modelo" Mauricio Trilha):