TINHA QUE SER O IGOR!

ELE ESTÁ DE OLHO EM VOCÊ

 

            Que alívio, né, caro internauta? Após dois meses de "férias" forçadas, o ChaPapo está de volta com uma entrevista que talvez seja a mais esperada de todos os tempos. O protagonista é ele mesmo: Igor C. Barros, o popular e carismático webmaster do site considerado por muitos o melhor sobre Chaves de todos, o Tinha que ser o Chaves!.

            Numa biografia presente em seu site, é definido como neto de europeus, portugueses por parte de pai e eslavos por parte de mãe, porém com seus cabelos negros e olhos castanhos. O próprio Igor se auto-define uma "salada", já que seu apelido na escola era Japonês.

            Igor não é só fã de carteirinha dos personagens de Chespirito como também é apaixonado por desenhos, animações, vídeos e seu sonho é produzir um desenho animado de primeira linha. Seus desenhos, personagens e caricaturas podem ser acompanhados em seu outro site, o Igor C. Barros Cartoons, onde também estão presentes inúmeras paródias de músicas e séries de TV feitas pelo nosso gênio também apelidado carinhosamente de "Seu Barriga" por motivos evidentes (desculpa, Igor).
           
Antes de começarem a ler esse desabafo do Igor, que, entre tantas histórias, esclarece o porquê de tanto tempo sumido da internet sem atualizar o T!, quero dizer que, com esta entrevista, realizo um dos meus sonhos de entrevistar esse relevante e competentíssimo webmaster, que com o T!, fez eu aprender coisas que sequer imaginava sobre Chespirito e sua trupe, antes mesmo de eu ter internet na minha casa.
           
Com vocês: Igor C. Barros. Bom divertimento!

Mestre Maciel - Qual o seu nome completo?
Igor C. Barros - Igor Carastan de Barros.

MM - Cite a sua cidade natal e a sua data de nascimento.
IB - Nasci na cidade em que ninguém nasce: São Paulo, em 19 de novembro de 1976.

MM - Dê o seu peso, altura, cor do cabelo e dos olhos (só para ter uma idéia de como você é).
IB - Xiii... Mais ou menos 120 quilos, 1,72 de altura, cabelo preto e olhos castanhos. Não uso barba, como aparece na imagem...

MM - Onde você mora atualmente?
IB - Na zona sul da cidade de São Paulo.

MM - Qual a sua escolaridade? Onde estuda atualmente?
IB - Superior incompleto... Até 1999 eu fazia Comunicação Social na Universidade Ibirapuera, mas eu saí do curso no começo do segundo ano porque eu não estava entendendo mais nada do que me ensinavam, e fiz um curso no Senac em 2000 para editor e diretor de TV. Editor é um sujeito privilegiado: vê cara de testemunha jurada de morte, de menor de idade, vê oceanos de sangue (irk!), vê gente ser atropelada, etc, etc... Diretor de TV idem: vê apresentador enfiando o dedo no nariz, Sílvio Santos falando palavrão, etc... Completei o curso, consegui o DRT e agora estou na luta, companheiros... Gostaria de trabalhar no SBT, quem sabe eu viraria tipo um agente avançado do meio C&CH.

"Já fiz uma HQ na qual Cebolinha, Cascão e Bart Simpson sabotavam um show das Tartarugas Ninja!" 

MM - Seus pais gostam de Chaves e Chapolin?
IB - Meu pai não gostava de nada vindo do SBT, muito menos do México. Mas teve algo em comum com Marcelo Gastaldi (dublador do Chaves): morreu em 1995, aos 50 anos!... Minha mãe assiste, quanto tem tempo.

MM - Tem irmãos? Se tiver, eles gostam de Chaves e Chapolin?
IB - Tenho dois irmãos que gostam, claro.

MM - Tem namorada? Se tiver, dê seu nome e idade.
IB - Isso eu num tenho não...

MM - Qual é o seu time de coração?
IB - Seleção Brasileira F.C. Mas não consigo ver direito, eu fico aflito... A única coisa que eu vi do começo ao fim foram os pênaltis da final da copa de 94!

MM - Quais os seus hobbys?
IB - Vários... O mais antigo é fazer histórias em quadrinhos em cadernos escolares e com caneta Bic. Já fiz uma HQ na qual Cebolinha, Cascão e Bart Simpson sabotavam um show das Tartarugas Ninja! Também gravo fitas VHS e K7 com uma programação sempre voltada para o humor, além de fazer músicas (originais e paródias). As HQs agora tem os meus personagens originais, que pretendo em breve, mostrar no "Igor C. Barros Cartoons".

 

MM - Qual é o seu gosto musical? Quais seus cantores e bandas favoritas? Cite a música de sua vida.
IB - Tem gente que vai querer me matar!!! Primeiro, porque eu não curto rock pesado, nem música clássica, muito menos tecno! Entendeu? Nem eu! As bandas mais faladas pela mídia (Limp Bizkit, White Stripes, etc.) são ilustres desconhecidas para mim (pra mim também, Igor. Limp e White, muito prazer! Mestre Maciel). Eu sou um tanto antiquado, gosto de músicas com baixo e bateria fortes, como era nos anos 70 até o começo dos anos 90 (lembre-se do Abba, por exemplo), mas infelizmente a galera prefere outras coisas. Por conta disso, desde que tenho gravador de CD eu fiz uma coletânea que já está com 18 CDs, de músicas que eu não tinha conseguido gravar do rádio nem comprar os CDs originais, tudo puxado de Napster, AudioGalaxy, Morpheus e KaZaA. Isso fora outras que eu descobri por acaso, como "Woodpeckers from space", de Video Kids, "Why tell me why", de Anita Meyer e "Tell me lies", do Fleetwood Mac. Posso ouvir os internautas gritando: "Em que planeta você vive?!" Artistas favoritos é complicado porque eu gosto mais de certas músicas do que os artistas em si, mas vamos tentar: Ottawan, Billy Ocean, Pholhas, Irene Cara, Juán Luiz Guerra, Duran Duran, Alphaville, Abba, Spandau Ballet, Co'Ro, KC & The Sunshine Band, Bread, Dissidenten, Dollar, Phil Collins, Kim Wilde, Rick Astley, INXS, Paula Abdul, Debbie Gibson, Lionel Richie, Daryl Hall & John Oates, Boney M, Enya, Air Supply, Supertramp, The Police, Dire Straits, Miquel Brown e os inacreditáveis Richard Clayderman e Paul Mauriat! Lembrando que eu não gosto de exatamente 100% das músicas que esses artistas gravaram! Por exemplo, detesto "Eternal Flame", da Debbie Gibson, mas gosto de "Foolish Beat". Sentiu o drama? Ah, fora aberturas de seriados, como Changeman e Flashman! Essas eu amo de paixão a produção musical delas. Um artista que eu descobri só via internet foi Weird Al Yankovic, um que grava paródias de músicas ("Fat", "Like a Surgeon", "Amish Paradise", etc.) Nacionais, o caso é mais complicado ainda. Se eu for falar aqui, só o pessoal que tem banda larga vai ler a entrevista... A música da minha vida... "One more night", de Phil Collins. Depois dessa, o pessoal vai me olhar com outros olhos e teclar com outros dedos...

MM - Você se acha com um gosto musical gozado? Imagina eu, que escuto sambas de enredo do Rio vinte e quatro horas por dia. Não tem coisa melhor. E sequer sei o ritmo e tampouco a letra da música nova da Kelly Keys (no plural mesmo para traduzir Chaves em seu nome artístico) que se chama Molestar, Moletá, Adolatrá, Adoletá (ah, é esse o nome e se não me engano sem acento).

 

"O que contribuiu mesmo para esse período de vacas magras, ausente da net e do site durante um tempo, foram os comentários de um novo integrante do fórum do Cleotais, comentários estranhíssimos: de que deveríamos ser gratos ao SBT pela saída do Chapolin, pois a emissora não era uma vídeolocadora pra passar o que a gente quisesse. Isso me tirou do sério, assim como todos os outros internautas (apesar de ele agora ser colunista em um site C&CH com uma cabeça um pouco mais aberta do que a minha)."

MM - Cite uma mulher bonita (ou mais, se quiser).
IB - Eu não entendo muito dessa área, mas há uma em especial que se ela aparecesse mais, iria fazer muito mais sucesso: Mônica Paulo.

MM - Há quanto tempo você tem internet?
IB - Desde 1996, nosso primeiro provedor foi o STI, pioneiraço na comunicação de computadores via telefone, eles eram uma BBS nos anos 80. 

MM - Desde quando você acompanha a séries? Quando você começou a gostar de fato delas?
IB - Vamos ao que interessa (mas eu adorei a primeira parte). Tudo começou em 1985, quando eu via o programa do Bozo, e na edição da tarde, a roleta da Sessão Sorteio tinha uma foto, ao lado dos desenhos. Eu achei que era mais uma série em película, como "Os Batutinhas" (em P&B, dos anos 30), que eles passavam na parte da manhã. Mas quando sortearam, eu vi que era em vídeo (sempre diferenciei cinema de vídeo, antes mesmo de entender o que era uma coisa e o que era outra). E o primeiro episódio de Chaves que eu vi era um que tinha a famosa placa de "Nesta vila são proibidos animais e crianças pequenas". Gostei logo de cara, achei interessante... Mas só em 1986 eu iria conhecer o Chapolin: minha prima, Débora P. Rodrigues, que hoje mora em Curitiba, me perguntou se eu conhecia o Chapolin. Que diacho seria isso? Liguei a televisão no horário que ela disse e... Supimpa! Mais uma série em vídeo. Demorei alguns dias para notar que o elenco era o mesmo de "Chaves" - inclusive o Quico, sem bochechas. Mas desde que eu vi gostei delas, por causa das piadas ("Por que vocês não procuram essas pedras na pedreira de Pirapora?", "Ésse bebê agá caca! Ésse bebê agá caca!" - falas da primeira versão de "O Planeta Vênus", episódio perdido - e por aí vai...).

MM - Qual o primeiro site CH que você conheceu?
IB - Foi o "Aí vem Eles, Chapolin e Chaves", do Cleotais. Me deu várias "aulas" de Chaves e Chapolin, porque eu fiz o "T!" colocando tudo o que eu sabia, inclusive de outras coisas que complementassem o negócio, como aquela história dos vendedores de sanduíche de presunto, mas algumas coisas eu não sabia direito em matéria de datas, etc.

MM - Qual outro site, não sendo de Chaves, que você recomenda?
IB - Aí vareia... Fora o "Igor C. Barros Cartoons" (http://www.igorcbarroscartoons.kit.net), o site do Murad Ismailov (http://victorian.fortunecity.com/stoker/204/), que faz desenhos de personagens que todo mundo conhece, mas um pouco diferentes... Além do site do Café com Bobagem (http://www.uol.com.br/cafecombobagem) e o dos Desequilibrados (http://www.desequilibrados.hpg.ig.com.br/index.htm).

OS BEST-SELLERS BY IGOR

"A Praça é Nossa" chegou a ser chamada por um crítico da revista Visão, nos anos 80, de "A cama é nossa", pois só se falava de sexo"

 

MM - Desde quando freqüentas os fóruns e chats chavesmaniacos?
IB - Fórum, desde o fórum do "Aí vem Eles", por volta de 2001. Chat eu não posso, por motivos particulares e que, quando expostos, as pessoas não entendem... 

MM - Fora o seu, qual o melhor site CH na sua opinião?
IB - Não ando acompanhando muito os sites CH ultimamente, mas continuo gostando do "Aí vem Eles".

 

MM - Como surgiu a idéia de fundar um site, um dos pioneiros em relação a Chaves: o Tinha que ser o Chaves? De onde você tirou as informações tão completas e detalhadas que estão presentes em seu site?
IB - Surgiu em 1999, quando eu estava vendo um site que falava sobre os Simpsons dizer que o Homem-Abelha fora baseado no Chapolin, do comediante Roberto GOMES BOLANO. O Webmaster daquele site dizia que gostava da série, e que só achava uma pena que o "Seu Barriga" tivesse morrido (boato que se espalhou muito nos anos 80). Ora, como eu sabia o nome correto do Chespirito, e que quem havia falecido era o Ramón Valdez graças a uma reportagem que o Estadão fez em 1995, quando o programa Chespirito acabou no México, e eu informei isso ao Webmaster daquele site, que agradeceu a informação, mas corrigiu metade do nome (Roberto Gomes Bolaños) e manteve o suspense em torno da morte do Seu Barriga !!! (A reportagem do Estadão não era completa, também haviam falecido Raul Padilla e Angelines Fernandez.) Eu não gostei disso, e como tinha um site desde 1997, pensei: por que não fazer um site sobre o Chaves? Acabei fazendo um site pequeno, com tudo o que eu sabia sobre a série, e batizei-o com um dos bordões da série. Assim nasceu o "Tinha que ser o Chaves". O chato é que a Internet acordou tarde para Chaves, já que o primeiro site sobre o tema nasceu só em 1998, e eu nunca achava nada sobre isso nos browsers. O "T!" acabou sendo o terceiro site sobre o tema a surgir na Internet. Só dois meses depois que eu conheci o segundo, o "Aí vem Eles: Chapolin e Chaves".

MM - Qual será que foi o primeiro?

 

MM - Por que o T! ficou tanto tempo sem ser atualizado? A que se deve sua longa ausência no mundo CH, já que só de uns tempos pra cá você voltou, se registrando no FUCH?
Isso ninguém sabe ainda. Foi um período de desânimo que se abateu sobre a minha vida. Na primeira vez que Chapolin saiu do ar, um desânimo tomou conta de mim. Já estava desanimado por conta de alguns acontecimentos, como o 11 de setembro, que quebrou vários conceitos que eu tinha sobre os EUA, de uma hora pra outra eles viraram uns chatos de galocha. Mas o que contribuiu mesmo para esse período de vacas magras, durante um tempo, foram os comentários de um novo integrante do fórum do Cleotais, comentários estranhíssimos: de que deveríamos ser gratos ao SBT e que o SBT não era uma vídeolocadora pra passar o que a gente quisesse. Isso me tirou do sério, assim como todos os outros internautas (apesar de ele agora ser colunista em um site C&CH com uma cabeça um pouco mais aberta do que a minha). Mas o desânimo acontecia em outras áreas também: costumava ver os desenhos, na Internet, de um artista chamado Herbie "BearClaw" Hamill ( http://herbietoons.com ), que sabia tudo e mais um pouco de animação (ele fez um GIF animado de uma raposa toon andando, direitinho, inacreditável). O cara, além disso, esculpe personagens que ele e os amigos inventam, faz fantasias desses personagens (daquelas que as pessoas vestem, como os mascotes de times esportivos dos EUA), enfim, eu fiquei fascinado, pensando: "Se esse cara investisse uns 10 mil dólares, ele abria uma produtora e podia ser um sério rival para a Disney!!!" (Você que estranhou o porquê de um desejo tão estranho de minha parte, não perca a penúltima pergunta desta entrevista). Pesquisando, mais tarde, vi que ele até tinha uma legião de fãs nos EUA. Eu até disse pra ele, em um E-Mail: "Te cuida, Disney!". A primeira vez ele até me respondeu, e disse que tinha gostado dos meus personagens! (e em 2000 eu era uma porcaria de cartunista, só melhorei depois de ver os desenhos dele e tentar fazer alguma coisa parecida). Mas qual. O cara na verdade se chama Lon Smart, e trabalha adivinha aonde?... NA DISNEY! Por isso que ele desenhava tão bem! Ele participou da produção de "Pocahontas", "Mulan", e mais recentemente, de "Lilo & Stitch", segundo o que eu vi na Internet, em 2002. Mas foi assim, uma porrada federal em todos os meus sonhos! Daqui pra frente, acho que toda e qualquer decepção que eu tiver na minha vida vai ser menor do que isso. Fora o fato de que o cara é um chato, parece que ele acha que os brasileiros como seres inferiores, e eu aqui, abusando de gírias expressões idiomáticas em inglês nos meus E-Mails pra ele. O cara faz desenhos tão, mas tão bem (retratos, inclusive, de pessoas de verdade, e inclusive DELE PRÒPRIO, coisas que eu jamais consegui fazer), que me despertou nada mais do que ódio e inveja, ao invés de admiração. E nunca mais fui no site dele. Só não "cuspi no prato em que comi" porque ninguém tirou vantagem nenhuma disso. Ódio e inveja não são valores cristãos. Já o perdoei, mas quero distância daquele traço firme, estavel e legível que eu vou precisar de muito jejum e oração para ter. Aquele traço que eu digo em uma música que eu gravei: "Desenhar um tigre que só de olhar faz uma criança se iluminar e dizer: 'Compra, mãe' ". Resolvi me voltar para outras coisas. Acabei participando da edição de 3 vídeos institucionais de um projeto da igreja evangélica da qual faço parte, o CREIA - Cruzada Evangelística de Impacto e Ação (http://www.creia.org.br), o que me reanimou bastante. Esses vídeos são feitos em equipamento profissional, no Mackenzie, e neles, eu sou responsável pela diagramação visual. Trabalhei pra burro legendando um desses vídeos em inglês (não traduzi nada, só coloquei as legendas), mas valeu a pena e os americanos que assistiram gostaram. Isso ajudou a arejar um pouco a minha cabeça. Acabei voltando só depois que o Chapolin voltou... E graças a Deus, não parei mais. Nesse tempo, o site só não foi atualizado, não "fechei" o site. E o FUCH foi um vento de esperança, de que finalmente vamos ter aquele velho clima amistoso de volta, sem pessoas colando o código-fonte da página no campo da mensagem, ou escrevendo 123,456,789 mensagens dizendo que querem chupar partes remotas da anatomia de alguém, etc, etc. Aí me cadastrei no FUCH, e inclusive fiquei lisonjeado de ver que os organizadores "incluíram" no FUCH o meu site, que estava quase fora do ar.

MM - Claro, Igor! O teu site poderia ficar dez anos sem ser atualizado que, ainda assim, continuaria sendo um dos melhores e mais completos do ramo. Por conta disso, admito ser teu puxa-saco, pois o que sei da história das séries aprendi contigo.

MM - Fale um pouco sobre o seu amplo conhecimento por câmeras de vídeo e desenhos gráficos, já que você é editor de imagens profissional.
IB - Na verdade, não considero tão amplo assim... foi só uma curiosidade que eu tive. O fascínio começou em 1987, quando meu pai conseguiu uma câmera VHS modelo NV-M5, da Panasonic. Até aquela época, os que apareciam do outro lado da tela da TV pertenciam a "outro mundo" inacessível a nós, mortais. A M5 hoje é uma velharia caquética, mas naquela época era o que havia de mais moderno, sobretudo no Brasil daquela época. O meu pai fez um consórcio e foi o último contemplado... O que eu estranhei naquela câmera é que, quando filmava alguma coisa luminosa, como lâmpadas, por exemplo, não tinha aquele "fio" cor-de-rosa ou verde que eu via na televisão, se eu mexesse a câmera. A M5 já tinha CCD ao invés de tubo. Aí foi no Senac, em 2000, que eu fiquei entendendo direito o que era uma coisa e o que era outra. Desenhos gráficos eu não entendi muito bem, será que você quis dizer design? (Tem razão, é design. Eu mi inquivoquei-me). É, uma parte do humor que eu faço, tanto em vídeo quanto na Internet é design, parodiar logotipos e criar outros, isso eu faço também, só que de forma intuitiva, nem sempre dá certo. Sou frequentador assíduo de sites de fontes TrueType. Uma minoria só presta pra arguma coisa, mas o CD de fontes que eu tenho desde 1995 ajuda também. Isso aí vem de longe... Não gostava da minha letra de criança: queria escrever como os adultos, com Helvetica e Times New Roman! (Até os nomes de alguns tipos de letras eu descobri, pelo catálogo de uma gráfica, bem antes do Windows popularizar esses conceitos).

"A tradução do Clube do Chaves perdeu muito menos piadas que a da CNT (que só faltou traduzir "sin embargo" como "sem embargo")"

MM - Fale um pouco sobre a página Igor C. Barros Cartoons, página composta por caricaturas e paródias feitas por você. Quando a página foi fundada? De onde você tira idéias tão bacanas?
IB - Na verdade, eu considero o primeiro site que eu tive na Internet. Começou em inglês, na Geocities, em 1997, e já passou por várias fases em servidores diferentes, já esteve fechado (sem fazer a menor falta, ao contrário do T!), e agora está na Kit.Net, o que me convém, já que faz tempo que eu queria fazer um site só para o Brasil. Era difícil fazer o site, porque só agora, em 2003, eu consegui ter um scanner. Os desenhos eram digitalizados com uma câmera de vídeo ou feitos com mouse!!! Só agora está sendo possível fazer algumas coisas, incluindo um sonho antigo, de colocar as coisas de áudio que eu faço na Internet, que são músicas e quadros de humor. Não sou um bom imitador, tampouco bom cantor, mas o pessoal pelo menos vai sorrir. Através das músicas que eu faço, você aí, que ficou horrorizado com aquela história do tópico "minhas músicas preferidas", vai ter uma idéia do que eu gosto. De onde eu tiro idéias? Sei lá, acho que tudo vem do fato de eu ser duro de admirar, venerar, idolatrar pessoas (só Jesus Cristo de Nazaré mesmo), eu não, eu sempre quero fazer as coisas eu mesmo e do meu jeito. Assim nasceram vários dos meus personagens, que são, na verdade, alguns estereótipos de cinema e televisão, não tanto de HQ, ao contrário. Aquela moça tão bonita, que aparece só pra provocar ciúmes na namorada do protagonista; aquele sujeito forte que mete medo no herói; aquele "aspone" que só está lá para contar as piadas; tudo isso aparece de outra forma bem diferente nas minhas histórias em quadrinhos. Isso fora a parte visual. Os personagens são furries, um conceito pouco difundido mas muito simples, eles são animais de pêlo, porém com um comportamento 100% humano, sem deixar de lado as necessidades deles enquanto animais de pêlo. É algo que lembra um pouco os Looney Tunes. Esses meus personagens só estão fora do ar porque eles precisam ser registrados, assim que eles forem fazer companhia à Turma da Mônica na Biblioteca Nacional eu mostro pra vocês no ICBCAR. Por enquanto o site se vira com algumas paródias, como os Nampsons, uma versão dos Simpsons meio que ao contrário.

 

OS NAMPSONS! QUALQUER SEMELHANÇA COM A FAMÍLIA DE SPRINGFIELD É MERA COINCIDÊNCIA!

MM - Fale um pouco sobre a sua participação no programa do Rafinha na ALLTV, dia 21 de junho de 2003. Como surgiu o convite para participar do programa? E que tal a comparação que fizeram de você com o Seu Barriga?
IB - Pois é, o Rafael Hocsman achou a T!, e me mandou E-Mail me convidando. Não pude ir no dia por causa  do CREIA, que eu acompanho as filmagens, eu estive no ginásio do CECAP, em Guarulhos. Mas devido à insistência, fui no sábado seguinte. E não me arrependi. Agora, a história do Seu Barriga até hoje eu fico encucado. Será que eu enxergo as coisas tão diferente assim? Não me acho parecido com o Seu Barriga, nem me acho parecido com a minha mãe (ao contrário do que todos dizem)... Mas em uma gincana da escola onde eu estudei, em 1992, teve uma prova na qual a nossa equipe imitou o Chaves. Eu fiz o "Seu Barriga" sem óculos, acabei emprestando o óculos para a "Chiquinha" (usava uns óculos bem de nerd mesmo nesses tempos).

MM - No programa você não teve a oportunidade de falar tudo que queria devido à falta de tempo, fazendo com que sua entrevista não repercutisse tanto assim no meio CH. Mesmo assim, você considerou a experiência válida?
IB - Eu acho que valeu. Dos usuários que estavam no chat ao vivo que acompanha todos os programas da ALLTV, só dois ou três eram conhecidos por mim, de repente eu apresentei o universo C&CH pra um monte de gente nova, o pessoal que assiste habitualmente o programa dele.

"Quando eu era criança, eu ficava só olhando os outros alunos da escola na hora do recreio comendo coisas tudo industrializadas e eu só comendo uma pipoca fria e sem sal. Eu entendo a fome que Chaves sente. Imagina então os outros, que não estudaram em escola particular."

MM - Você tem outros ídolos fora Chespirito?
IB - É difícil... Mas eu gosto muito do pessoal do Café com Bobagem e dos saudosos Sobrinhos do Ataíde. São dois nomes que eu sempre digito no KaZaA. 

MM - Qual o seu episódio favorito do Chaves?
IB - O das lagartixas. Aquela dublagem não tem paralelo até hoje. Eu sempre detestei o som abafado e rachado das dublagens de outras séries e desenhos animados. 

MM - Qual o seu episódio favorito do Chapolin?
IB - Do primeiro lote, o dos astronautas em Vênus, e do segundo lote, o do Abominável Homem das Neves. 

MM - Qual o episódio mais chato do Chaves?
IB - "As crianças vão à aula, mas é domingo".

 

MM- Qual o episódio mais chato do Chapolin?
IB - "Há hotéis tão limpos que limpam até carteiras".

MM - Opinião surpreendente, pois o episódio referido foi o quarto colocado entre todos os 105 do Chapolin na enquete O MELHOR DE TODOS! 

MM - Qual o seu personagem favorito do Chaves?
IB - Seu Madruga. 

MM - Qual o personagem que você menos gosta no Chaves?
IB - Dona Florinda e Professor Girafales, às vezes um, às vezes outro, mas eles melhoram muito com o passar do tempo, e no Clube do Chaves já são bem melhores. 

MM - Qual o melhor vilão do Chapolin?
IB - Na minha opinião é o Chinesinho (Carlos Villagrán), aquele com uma cicatriz. Aquela risada que o Nelson Machado (dublador do Quico) faz é sensacional.

 

"CARICATURINDO" COM IGOR "JAPONÊS"

MM - Qual o melhor ator/atriz das séries?
IB - Todos são muito bons, não tem nenhum "canastra", mas os que mais me chamam a atenção são Carlos Villagrán e Ramón Valdéz, eles em outros papéis fazem você se esquecer do Quico e do Seu Madruga. O Ramón como aquele mergulhador no episódio dos marcianos do Chapolin eu acho sensacional. 

MM - Qual o seu bordão favorito?
IB - "Ah, bom, então assim, sim!". Eu gosto muito desses momentos do Quico quando ele fala com a câmera.

 

MM - Cite uma cena inesquecível de Chaves ou Chapolin (pode ser a cena mais engraçada ou a mais emocionante).
IB - Eu tenho saudade da luta de Chapolin contra Simpato Yamasaki (Edgar Vivar), na primeira versão, eu ria muito com aquilo.

MM -  Então você deve se recordar bem do golpe "Chifre Destruidor", com o qual Chapolin derrota o Sympatho gordo na primeira versão.

 

"Chaves nos toca muito mais do que aquelas séries e desenhos de famílias que moram em casas feitas de ripas de madeira, que tem um carro na garagem e um cachorro"

 

MM - Qual o programa que você mais gosta na televisão, fora as séries de Chespirito?
IB - Gosto de humorísticos como "A Praça é Nossa" (o pessoal fala mal, mas o humor subiu de nível muito desde 2001. Um crítico da revista Visão, nos anos 80, chamou o programa de "A cama é nossa", só se falava de sexo) e o Casseta & Planeta Urgente. Mas como eu sou eu, eu edito os melhores momentos e gravo em outra fita, tirando os quadros dos quais eu não gostei. Agora são eles é que vão me matar... Assisto também o Canal Aberto (o "bálsamo das cinco") e o Eu Vi na TV.

MM -  Opa! Que o que o que o que, rapá!

 

MM - Já assistiu a algum episódio perdido? Se assistiu, qual o seu favorito? Comprou de quem?
IB - Pois é, eu ganhei três fitas do Leandro Morena e acabei assistindo a vários perdidos do Chaves, como "O Fantasma do Seu Barriga", "O Jogo de Futebol (Radinho do Quico)", "A Chirimóia", etc. Infelizmente as fitas ficaram irremediavelmente mofadas 2 meses depois, a ponto de detonar o vídeo com Sapphire Tape Cleaner que eu tenho. As vezes eu fico pensando se há alguma coisa de espiritual por trás desses episódios... O que eu mais gostei foi o da aula de aritmética e geometria, engraçadíssimo, não sei por que tiraram do ar.

MM -  Quer um conselho? Peça episódios perdidos também para o outro Leandro primo do Morena, o Lima. Aquele cara esbanja qualidade em seus episódios. Até hoje o Leandro Lima guarda duas fitas que encomendei com ele no início do ano, porém me falta dinheiro e depois meus dois vídeos estragaram e não sei quando os terei a disposição de novo. Mas não é por isso que você vai deixar de guarda-las, não é, Leandrão?  

 

MM - Na sua opinião, o que aconteceu com os episódios perdidos que há muito tempo não são exibidos pelo SBT, mas que em compensação cenas dos mesmos aparecem em comerciais e no programa Falando Francamente, de Sônia Abrão?
IB - Eu acho que o SBT, fora o erro de ter assinado contratos de exibição curtos demais (de 1988 a 1990), tentou corrigir algumas variações no estilo de humor do Chespirito, selecionando alguns episódios e fazendo que "Chaves" tivesse uma cara só. Só que o problema é que, apesar de alguns episódios que saíram do ar serem chatos (como "As Panquecas da Dona Clotilde"), outros eram muito engraçados...
O que eu gostaria, no entanto, de verdade, era ver episódios "inéditos", isto é, não comprados em nenhum dos lotes anteriores. Calculo que mais da metade dos episódios o Brasil ainda não viu, entre os cancelados e os que passam até hoje.

MM - Num levantamento feito em seu próprio site, pouco mais de 55% dos episódios feitos por Chespirito foram vistos no Brasil se não estou enganado.

MM - O que você achou do Clube do Chaves? Qual foi o quadro que você mais gostou?
Muitos falaram mal dos atores, mas eu não tive grandes surpresas porque eu acompanhei bastante o
IB - IB - "Chespirito" da CNT. O que me surpreendeu foi o Chapolin, que eu achei que estava engavetado. O chato foi o excesso de versões para as mesmas histórias. Parece que o SBT só da azar nesse ponto, das poucas histórias inéditas, uma delas foi considerada o episódio mais fraco do Clube do Chaves (aquela em que Chapolin está às voltas com balas de canhão). O quadro que eu mais gostei, fora o Chaves na escola, com algumas coisas novas, foi o Pancada. A tradução perdeu muito menos piadas que a da CNT (que só faltou traduzir "sin embargo" como "sem embargo"), enfim, foi o quadro que eu mais gostei da fase mais recente.

MM - Qual a música e clipe preferido das séries?
IB - "Os astronautas", do Chapolin.

MM - Surpreende-te o fato de Chaves manter uma excelente audiência mesmo há 18 anos e meio no ar com os mesmos episódios? Qual será a receita para tanto sucesso?
IB - Eu acho que é a simplicidade e a opção de Bolaños por um humor de alto nível, fora a identificação dos personagens da série com cada um de nós. Quando eu era criança, eu ficava só olhando os outros alunos da escola na hora do recreio comendo coisas tudo industrializadas e eu só comendo uma pipoca fria e sem sal. Eu entendo a fome que Chaves sente. Imagina então os outros, que não estudaram em escola particular. Chaves nos toca muito mais do que aquelas séries e desenhos de famílias que moram em casas feitas de ripas de madeira, que tem um carro na garagem e um cachorro, etc.

 

MM - O que você achou do SBT ter mantido Chapolin fora do ar por tanto tempo? Você acha que o Vermelhinho permanecerá fixo na programação por muito tempo?
IB - Eu não sei... Eu acho que falta um pouco mais de divulgação para o Chapolin. Não sei se alguns que assistiam o Chapolin migraram para o Debate Bola, sei lá...

MM - A pergunta foi enviada ao Igor antes do Chapolin sair do ar.

MM - Qual o usuário dos fóruns ou webmasters de sites CH com quem você mais se simpatiza?
IB - Atualmente eu estou meio boiando, mas um com quem eu gostei de ter falado foi o Hamilton Kuniochi, o cara também fazia quadrinhos, etc., etc. E também o Gustavo Berriel, que também faz uns negócios de áudio.

MM - Qual o usuário dos fóruns ou webmasters de sites CH que você menos se simpatiza? Por quê? (É importante responder e justificar, pois é um jeito de corrigí-lo e que ele não repita mais os mesmos erros).
IB - Eu não me lembro de nenhum nome, mas tem um ou dois usuários do FUCH com assinaturas enormes, repletas de fotos grandes e de temas fora do universo C&CH (apesar de isso não ser exatamente o problema, e que ocupam espaço dos tópicos com respostas desnecessárias, do tipo: USUÁRIOTAL - Alguém aew sabe quem q descobriu o Brasil? ASSINATURAGRD - sei la GRANDEAVATAR41 - faço idéia...) tudo isso com assinaturas e/ou avatares enormes, e quando eu assino falando do Igor C. Barros Cartoons o pessoal não gosta!!!! Até mensagens minhas que eu fiz parodiando algumas dessas assinaturas foram sumariamente apagadas. É só isso que eu não entendo. Além de outro desconhecido, que, não bastando zoar o antigo guestbook do Cleotais, foi zoar o guestbook da Igor C. Barros Cartoons e eu tive que simplesmente acabar com o Guestbook. O cara deve estar dando risada até hoje.

MM - Com o Fórum Único de Chespirito (FUCH), contando com a união de vários sites CH, você acha que a paz entre os sites finalmente foi selada?
IB - Eu espero que sim. Ainda há algumas lutas, mas é só a parte queixante se conscientizar de que uma seção de links para outros sites de C&CH não faz mal a ninguém... 

MM - Na sua cidade, você conhece outras pessoas fãs de Chaves como você?
IB - Pessoalmente, sem ser da minha família, eu não conheço. Mas o dia que tiver um congresso de fãs de C&CH, eu vou!

MM - Qual é o sonho de sua vida?
IB - O sonho da minha vida é fazer a segunda ou terceira série regular de desenho animado da TV brasileira. Os personagens, graças a Deus, eu já tenho. O chato é que até agora, a primeira ainda não apareceu... Como sempre, o Canadá já saiu na frente há alguns anos, nesse aspecto.

MM - Para encerrar: cite uma frase esclarecendo por que você gosta das séries de Chespirito.
"Chespirito conseguiu provar que a televisão pode ser tão boa quanto o cinema. Eu, assistindo os programas dele, fico pensando: talvez a única a diferença entre Chespirito e Chaplin é que o Chaplin não se dedicou à televisão. Se Chaplin tivesse feito TV, talvez faria programas muito parecidos com o Chaves." 

IB - End of file!

 

 

Igor C. Barros

 

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